Brown

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  Na minha cabeça, tudo daria errado, começando por um acidente de carro, já que Callie dirigia desesperadamente rápido. Tentei falar com ela, mas não consegui. Sua mente parecia estar muito distante dali, o suficiente para não me escutar. 

Quando paramos em frente ao hospital, ela destrancou as portas e abriu a sua, mas antes que pudesse sair, puxei sua mão. 

- Não temos tempo. - Ela ofegava. Olhei em seus olhos por segundos que pareciam infinitos, e vi que ela ficou mais calma aos poucos. Entrelacei nossas mãos.

 - Sei que é preocupante pra caralho, Call. Mas eu estou aqui com você. Está vendo? - Ela olhou para nossas mãos e sorriu de canto, e então beijou as costas da minha mão. Assenti e ela depositou um selinho demorado em meus lábios, então saímos do carro. 

O corredor parecia ficar mais longo quando tínhamos pressa. Amelia estava no fim dele, andando de um lado para o outro, batendo o estetoscópio levemente na testa.Quando chegamos perto, ela nos encarou por segundos, pálida, depois se aproximou. 

- Nós precisaríamos esperar a autorização de vocês, mas eu mesma autorizei. Ela precisava da cirurgia urgentemente. Me perdoem. 

- Não se desculpe, nós agradecemos. 

- Oh, os movimentos dela. A pequena acha que é um novo truque que aprendeu,esse de não mexer o resto do corpo, mas é o maldito câncer. Vamos fazer o que pudermos para retirar o tumor, mas não temos certeza alguma sobre os movimentos. 

Callie colocou a mão sobre a cabeça, e olhou para o teto. Eu sabia que ela estava tentando não chorar. 

- Fisioterapia? - Sugeriu, sua voz falha mostrava o quanto ela estava falhando em evitar o choro. 

- Vamos tentar todas as opções, mas as vezes nós não somos o suficiente - Era perceptível na voz trêmula de Amelia o quanto ela queria passar calma para nós duas enquanto não estava calma. - O câncer é uma doença horrível. Apesar de termos tudo para vencê-lo, as vezes ele só escapa do nosso controle. Estamos torcendo para que isso não aconteça, e se tudo for como está previsto, ela logo ficará bem. Mas infelizmente, eu preciso dar esse aviso. 

A doutora suspirou. Lancei um olhar amigável, e ela retribuiu. E então sorriu levemente e se endireitou. 

- Bom, a cirurgia deve demorar. Infelizmente, não é possível que vocês entrem lá, e eu preciso checar minha paciente. Mas algumas moças estão aí para vê-las, tem porta de vidroem frente a recepção. Boa tarde, meninas. 

Assim que ela desapareceu na sala de cirurgia, eu e Callie fomos até o local que ela indicara. Parecia uma lanchonete, dentro do hospital. Várias mesinhas estavam organizadas em duas fileiras. Algumas tinham 2 cadeiras por perto, algumas 3 e até 5. Eem uma das últimas mesinhas, com 5 cadeiras, estavam Penny, Eliza e April. E April foi aúnica que nos viu, porque Penny e Elisa estavam aos beijos do lado dela. Olhei para Callie,surpresa. Eu não chamara nenhuma delas, e ali estavam. Era tão bom vê-las. 

- Sabia que você ia gostar - Falou baixo, tentando conter um sorriso. 

- Estou feliz que chegaram, como estou - April exclamou quando nós  aproximamos, se referindo a Penny e Eliza. Abracei minha melhor amiga com força - Ei, Ari. Você está bem? 

Olhei em seus olhos, tentando demonstrar o que sentia, e fiquei feliz por ver quetinha entendido. Ela acariciou meu rosto e sorriu gentilmente. 

- Eu sei o quanto está sendo horrível. Há algum tempo atrás eu estava no seu lugar - Ela suspirou, provavelmente lembrando da pequena Catherine. 

- Eu não sei o que fazer ou como ficar ao lado dela, April. 

- Lembra do dia que você foi nos visitar e a casa estava sendo pintada?

The RestartOnde histórias criam vida. Descubra agora