A decisão foi totalmente inesperada. Estavamos começando a considerar a opção de ter Eve como segunda filha, Kensy, agarotinha alegre, e até Lana, que havia nos ignorado quase o tempo inteiro, apesar de exibir um sorriso amigável. Mas de todas elas, Sofia escolheu Anima.
Quando a menina virou novamente, olhando nos olhos de Sofia diretamente, eu soube que elas tinham algo, que Sofi não a havia escolhido apenas por escolher. Uma espécie de conexão que era mais especial do que a que era criada com a convivência. A conexão imediata, quando você apenas sente que vai se dar bem com alguém. Pareceu ser exatamente isso o que estava acontecendo.
Sofia olhou como se não pudesse acreditar, recebendo olhares exatamente iguais em troca, das outras crianças.
- Ela? - Eve perguntou, quase engasgando. Eu não entendia o olhar maldoso de algumas crianças para Amina enquanto ela estava lutando para segurar lágrimas.
- Ela. Ela, Amina - Anna segurou minha mão e apontou, como quem aponta o brinquedo desejado - Ela tem pele bonita. E...e coração bonito.
A menina a nossa frente abaixou a cabeça, e andou até nós, parecendo envergonhada ou assustada. Só levantou os olhos quando teve certeza de que encontraria os de Sofia.
- Você...você quer me adotar?
- Simmmmm! - Sofi riu, e se atirou contra a menina, envolvendo os braços em volta do seu pescoço em um abraço.
Amina não retribuiu, apenas fechou os olhos como se quisesse memorizar aquilo. Abriu os olhos marejados apenas para nos olhar. Nós sorrimos, ela não retribuiu. Seria uma criança problemática? Uma criança traumatizada? Sofia havia começado a falar das coisas que fazíamos em casa e de como era ter duas mães, e eu a agradeci mentalmente. Teria tempo de conversar com minha noiva, que parecia tão preocupada quanto eu.
- Por que você acha que Sofi a escolheu?
- Eu não sei... Estou tão surpresa. Você sabe o quanto Sofi gosta de abraços e sorrisos e ela nem reage a eles... Não sei se devo ignorar sua decisão por ser apenas uma criança ou aceitar exatamente por isso.
- Vamos falar com Izzie sobre ela. Talvez ajude. Só...você não acha que ela tem algo incrível por trás disso tudo?
- Sim... tem alguma coisa nos olhos dela... como se sua esperança tivesse sido apagada há muito tempo, e ela esperasse desesperadamente que nós a acendessemos - Callie suspirou, me puxando para um abraço.
- Eu aceito ela. Aceito qualquer coisa se estiver com você.
- Não me diga essas coisas. E se eu derreter nos seus braços?
- Vai ser nojento, por favor, não.
Ri e segurei seu queixo, sorrindo mais ainda quando seu olhar alcançou meus lábios. Era como se nossos olhos soltassem faíscas ao se encontrar. Mordi o lábio com um pouco de força quando ela se aproximou para me beijar, mas, claro, fomos interrompidas.
- MAMA! - O grito ecoou em minha cabeça, me fazendo fechar os olhos. Quando abri, Sofia olhava para Amina de forma travessa - Elas fazem isso o tempo todo. Beijo. Mwah! Beijo - Ela riu e puxou o rosto da outra, dando um beijo estalado nos lábios.
- Sofia, amor, não - Callie se agachou para ficar na altura da filha - Se você quiser beijar meninas quando for mais velha, está tudo bem, mas agora não, ok?
- Por que não? É divertido - Sofi estava visivelmente aborrecida. Seus lábios formando aquele biquinho adorável.
- Porque se você beijar agora, não vai ter tempo para desenhar, nem para brincar, nem dar abraços quentinhos. Essas coisas são bem mais divertidas, não são?
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The Restart
Romance"Como uma pessoa pode causar o mesmo efeito em outra depois de anos? Depois de decepções, de lágrimas, de gritos e términos, depois de seguir em frente e quase acreditar na ilusão de ter superado Calliope Torres ainda me deixava nervosa como uma men...