Contando que estejamos Juntas

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Callie nunca havia voltado estressada para casa antes.

Quando ela passou como um furacão por mim e não respondeu as meninas, senti meu coração pesar.

- Mama... - Sofia sussurrou, mordendo a ponta do lápis que usava para pintar. Amina passou um braço sobre os ombros da irmã de forma protetiva e me lançou um olhar comprensivo, e eu entendi que devia ir resolver isso.

- Hm...Call?

Abri a porta do quarto devagar, encontrando minha noiva de costas, segurando o celular no ouvido com o ombro e tentando equilibrar o notebook na perna direita.

- Exatamente, Sr. Webber. Amanhã mesmo estaremos resolvendo isso. Claro. Sim. Boa noite, Sr. AH, VÁ SE FODER.

O celular foi atirado na cama, e ela colocou o notebook na mesinha, antes de pegar uma agenda e riscar alguma coisa.

- Callie... - Sussurrei. A morena tirou os olhos da agenda por um segundo, e eu suspirei. Ela tinha que saber o que me causava, não era possível. Ver Callie Torres com os óculos na ponta do nariz, o cabelo longo caindo pelas costas, o decote na blusa social azul, ah, não era nada fácil. E ainda mais quando ela me olhava daquele jeito, imponente e firme. Fechei a porta atrás de mim quando ela girou em seus saltos, ficando de frente para mim. Céus, seu olhar, aquele olhar firme sobre mim, aquelas pedras castanhas queimando. Me concentrei nelas e não percebi que a morena se aproximava.

Só quando ela me empurrou contra a porta, segurando meus pulsos. Arfei, olhando em seus olhos, queimando neles.

- Qual é o seu maldito problema, Torres? - Suspirei.

- Você. Eu nunca trabalhei tanto como hoje, porque você é uma puta escritora - Meu estômago revirou.

Meu (nosso) livro havia sido terminado há um mês atrás e a editora trabalhara nele de forma magnífica. E no dia anterior, finalmente tinha sido espalhado pelas prateleiras de várias livrarias, das menores às maiores. Nervosismo nem era mais a palavra certa para o que eu sentia.

- O que houve?

- Como assim "o que houve"? Da noite para o dia, o estoque de livros acabou em sete livrarias. Nós colocamos um monte de livros nessas livrarias, teus fãs são loucos, e eu estou ficando.

- Posso saber o que diabos isso tem a ver com o aperto nos meus pulsos?

Ela pareceu se tocar daquilo, olhando para as próprias mãos. Seu olhar foi de susto á malícia, e eu entendi que, naquele momento, ela estava percebendo que era minha noiva, e não minha chefe.

- Oi, Ari.

- Oi, louca - Ri. Callie sorriu e olhou bem para meus lábios, não disfarçando o que queria - Acho que gostei de você daquele jeito.

- Gostou? - Ela segurou minha cintura e eu segurei em seus ombros, sendo levada para mais longe da porta. Quando assenti, Callie já estava a centímetros do meu rosto, tentando me puxar para um beijo. Uma das mãos que estavam em minha cintura subiram até meu queixo e ela me puxou para perto até que eu não pudesse mais resistir. O beijo era lento e carinhoso,como se Callie parasse para prestar atenção em cada detalhe da minha boca, parando e reconhecendo cada cantinho. Sorri entre seus lábios, e enfiei meus dedos entre aquele cabelo negro maravilhoso. Céus, como eu a amava, amava cada detalhe sobre ela.

- Hmm, se você não parar, eu não vou parar, e isso não vai dar muito certo. Aliás, você assustou as meninas. Vá já pedir desculpas.

- Seja respeitosa, Robbins. Eu sou sua chefe.

- Aqui não, Torres - Lancei meu melhor olhar firme para ela, que pareceu se encolher. Bingo. Ri vendo a mulher se arrastar para fora, para falar com as meninas. Fui atrás, não perderia aquilo por nada.

The RestartOnde histórias criam vida. Descubra agora