Os policiais não haviam ligado a sirene, o que causou um silêncio infernal dentro daquele carro. Calliope não soltou minha mão nem por um segundo. Sofia olhou a nevasca da janela o tempo inteiro, e mesmo estando em meu colo, ela parecia nem estar ali. Eu queria abraça-la. Perguntar como estava se sentindo. Mas ela parecia tão distante, tão séria, que eu não consegui me mover para tirá-la de sua bolha.
Quando nós chegamos, um policial veio abrir a porta. Ele ajudou Sofia a descer e estendeu a mão para mim. Fiquei um pouco receosa em aceitar a gentileza, principalmente pelo aperto que Callie deu em minha outra mão. Mas de qualquer forma, aceitei. Era só uma gentileza.
- Tome cuidado lá dentro, e cuide da criança - Ele disse, sério. Callie parou ao meu lado e segurou minha cintura com força. Que mulher possessiva. Mas o policial a olhou da mesma forma, séria, mas gentil - Mark é perigoso apenas pelo fato de ser totalmente maluco. Ele vai tentar manipular vocês e principalmente a menina. Mantenham-se firmes.Vocês sabem o que querem.
Eu não sabia como agradecer. Naquele momento, qualquer informação era um presente.
- Obrigada, Sr. Vamos lembrar disso - Agradeci. Olhei para minha namorada, que estava abaixada arrumando o casaco de Sofia para protegê-la do frio. Me permiti sorrir por um minuto com a cena - Precisamos ir. Está frio. Nos deseje sorte.
- Boa sorte. Vocês formam uma família linda - O policial sorriu, e eu retribui. E então nós nos afastamos.
Se aquele lugar era assustador por fora, eu não sabia o que era a parte de dentro. A iluminação era pouca, e as paredes eram escuras. Todos tinham uma expressão fechada, e eu estava considerando a opção daquele policial lá fora não ter sido real. Calliope me puxou para perto pela mão.
-Tudo bem? - Sussurrou.
- Preocupada, olha pra ela, nem parece nossa Sofi - Apontei para Sofia que ia na frente. Eu queria abraça-la e esconder daquelas pessoas, mas quem parecia precisar disso era eu.
- Ela é mais sábia do que parece, Arizona. Confio nela. Mas também estou com medo. Apesar de ser esperta, Sofia é doce demais. Se Mark fizer o joguinho emocional do bom pai que foi preso injustamente...não sei. Só não podemos deixá-la com ele, de jeito nenhum.
- Não vamos, Call. Ela é nossa filha.
Um sorriso orgulhoso surgiu nos lábios da morena, e eu senti o mesmo por ela. Nós éramos mães? Um policial alto e sério parou em nossa frente. Sofia recuou, as costas batendo em minhas pernas. Fiz um carinho em seus ombros e a senti relaxar.
- Ele pediu para falar a sós com a filha. Está algemado. Não há perigo. Vocês duas podem esperar.
- Sem elas eu não vou - Sofia soou curta, grossa e fria.
Soou como uma adulta, e eu deveria ter odiado aquilo, mas me senti feliz. O policial fez uma careta, depois balançou a cabeça e se virou de costas para nós, praticamente acertando um murro na porta para que ela abrisse.
A sala era diferente do resto. Era um pouco mais iluminada e tinha paredes de vidro que nos permitiam ver as outras salas ao lado. No centro, uma mesa com duas cadeirasdos dois lados. E no lado oposto, ele. Era musculoso e pálido. O cabelo liso em um tom grisalho e estava totalmente bagunçado. Suas mãos tremiam, balançando as algemas nos pulsos.Ele levantou os olhos, e eu vi os olhos azuis, com um brilho doentio e perverso. O sorriso que cresceu em seus lábios me deu nojo.
- Minha princesinha - A voz arranhada ecoou na sala, e ele se levantou, vindo até perto de Sofia - Papai sentiu sua falta, sabia?
Não consegui identificar a emoção da garotinha. Ela olhava fixamente para o homem em sua frente, como se estivesse hipnotizada.
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The Restart
Romance"Como uma pessoa pode causar o mesmo efeito em outra depois de anos? Depois de decepções, de lágrimas, de gritos e términos, depois de seguir em frente e quase acreditar na ilusão de ter superado Calliope Torres ainda me deixava nervosa como uma men...