Algumas pessoas acordam sozinhas. Algumas acordam com despertadores. Mas naquela manhã, eu acordei com um opeso e o calor do corpo de Callir sobre mim. Sorri ao receber uma mordida carinhosa no ombro e sorri mais ainda ao perceber que ela ainda estava nua, me lembrando da noite anterior.- Que cheiro bom — Ela ronronou. Mordi o lábio quando seus lábios se encostaram levemente em minha pele
- Seucheiro... misturado com cheiro de sexo.
- O que é cheiro de sexo, Torres? —Ri baixinho. Ela afastou meu cabelo e beijou minha nuca.
- Você realmente quer que eu acredite que você é inocente? Depois de ontem? Depois de você ter...
- Cale a porra da boca — Empurrei seu corpo com as costas fazendo-a cair deitada na cama. Callie ainda tentou me pegar,mas eu levantei, me afastando dela. — Some da minha frente. Não quero mais nada com você — Resmunguei, agarrando um vestido estampado com flores e indo até o banheiro devagar, sentindo meu corpo doer pelos esforços da noite anterior.
- Você quer que eu leve essa carinha de bebê emburrado a sério? — Minha noiva gargalhou, a voz parecendo estar mais próxima, indicando que ela se aproximava. Sorri inevitavelmente quando ela abraçou minha cintura e beijou meu ombro,observando nosso reflexo no espelho. Expressões sonolentas mas ainda apaixonadas — Toma banho comigo — Pediu, baixo.
-Você é louca? Temos que acordar Sofia e fazer o café da manhã!
- Ei. Hoje é sábado. E além do mais, não é como se eu fosse abusar de você no banho... é?
Sorri, não conseguindo mais resistir aos seus encantos. Callie Torres só podia usar algum feitiço para derrubar minhas defesas daquele jeito. Não era justo. Tomamos um banho carinhoso e divertido juntas, e então saímos. Callie vestiu um short desfiado e uma blusa desgastada do Batman, e ainda me lançou um olhar irritado quando eu disse que "não sabia se ela parecia uma garota de 15 anos ou uma mendiga". Saí do quarto rindo do seu comentário sobre eu estar parecendo uma house wife. Mas parei assim que vi Sofia ainda usando pijamas, de pé, apoiada na parede, passando os dedinhos da mão esquerda pelo desenho feito pela pequena Catherine, há um tempo atrás.
- Sofi? — Chamei cuidadosamente. Duas semanas haviam se passado voando desde o aniversário de seis anos da pequena, e nós estávamos nos adaptando...devagar. Sua fala havia evoluído um pouco, apesar de ainda estar lenta e travada quando ficava nervosa sobre algo, e ela já conseguia engatinhar até algum lugar firme para se apoiar. Callie havia voltado ao seu trabalho, e eu ao meu. Fisioterapia, fonoaudiologia, visitas a escola... tudo estava acontecendo rápido demais, e nós só podíamos torcer para que Sofia conseguisse acompanhar tudo aquilo. E é por isso que precisei chamar cuidadosamente. Eu temia que ela não estivesse acompanhando. Nos dias anteriores, eu sentia como se ela não estivesse mais lá. Não respondia algumas das vezes que eu chamava, dormia mais cedo do que o normal, fazia desenhos aleatórios, todos com a cor cinza, e os colocava de forma organizada na cama, em cima dos coloridos. Eu não entendia seus sinais, e isso nos tornava mais distantes. E distante dela era algo que eu nunca gostaria de estar. — Você está bem, pequena? — Perguntei. Callie apertou minha mão com força quando Sofia virou e nos olhou, os olhos mais claros do que nunca e vermelhos em volta, as bochechas vermelhas, as lágrimas escorrendo sem parar. Droga, Arizona.
Ela obviamente não estava.
- O que há de errado, sunshine? Você sabe que pode falar sobre qualquer coisa... — Callie ajudou. Sofi apenas balançoua cabeça antes de soltar a parede, ficando em pé em suas pernas trêmulas, e eu juro que estaria gritando e saltitando, se meu coração não estivesse se partindo ao meio.
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The Restart
Romance"Como uma pessoa pode causar o mesmo efeito em outra depois de anos? Depois de decepções, de lágrimas, de gritos e términos, depois de seguir em frente e quase acreditar na ilusão de ter superado Calliope Torres ainda me deixava nervosa como uma men...