Insistimos para que ela recebesse alta a tarde, quando acordasse do sono provocado pelos últimos remédios. Então Amelia finalmente cedeu.Apesar do medo, e dos cuidados que precisaríamos tomar para que sua cabeça não sofresse impacto algum,queríamos levá-la para passar o aniversário em casa. Enquanto Callie trocava suas roupas no quarto, Amelia receitou alguns remédios caso ela tivesse dores de cabeça, me indicou fonoaudiólogos e fisioterapeutas, além de recomendar uma escola que oferecesse apoio especial. Observei todos os nomes no papel, minha mente me levando para bem longe dali.
- Você está assustada? — Ela perguntou, anotando alguma coisa em um papel.
- Honestamente, muito. Eu não sei se vou ser tão boa nisso. Vou ter que lidar com uma nova Sofia.
- Bem, você pode começar conhecendo ela. Aprendendo quem é a nova Sofia, fazendo amizade com ela. De umac oisa você já sabe: ela é sua filha.
Sorri agradecida, e guardei os papéis na bolsa. Amy terminou de escrever o que estava escrevendo, e me entregou afolha, com um sorriso. Abaixei os olhos para ler.
"Atesto para devidos fins que tudo ficará bem. Conte comigo. Obrigada por tudo.
Amo vocês. :)
Ps.: Sua proposta de me colocar em sua obra é perigosa demais. Eu gosto disso. Tente apenas me deixar legal."
Sorri assim que terminei e pulei em cima de Amelia, abraçando-a com força.
- Obrigada, obrigada, obrigada. Você é incrível.
Ela riu e me abraçou de volta, bagunçando meu cabelo
- Ah, esse livro vai ser um sucesso!
Eu havia conversado com ela há algum tempo e ela me prometeu pensar no assunto. E ali estava minha resposta. Eu estava saltitando de empolgação.
- Maaaa... — Ouvi a doce voz infantil atrás de mim. Me afastei um pouco de Amelia para encontrar Sofia no colo de Callie, usando uma blusa preta com algumas margaridas desenhadas e calça branca, pequenos coturnos pretos nos seus pés.
Sorri, encantada. Pelas duas. Pela forma que Callie olhava para Sofia, como se ela fosse a coisa mais importante do mundo. E talvez fosse.
- Oi, meu amor. Você está bem? — Perguntei me aproximando devagar. Sofi assentiu, e sorriu quando beijei sua bochecha rosada.
- Então, meninas. Odeio despedidas, mas preciso ir para casa dormir até o mundo acabar.
Olhamos para Amelia com um sorriso de canto. Um sorriso agradecido. Amelia sorriu de volta, mesmo cansada. Seu cabelo estava uma bagunça e ela tinha olheiras enormes, mostrando o quanto havia se esforçado. E ali estava nossa garotinha, viva,graças ao esforço, o sono perdido, a dedicação daquela médica.
- Obrigada, Amy — Callie disse, sinceramente.
- Obrigada, Amy — Repeti, tentanto segurar uma lágrima. Eu tinha mesmo que ser tão emotiva?
- Gada, tia Amy — Sofia falou depois de nós, distraída enrolando os dedos no cabelo de Callie, e nós explodimos em sons nasais como "owwwwn". Amelia pediu para levar Sofia até o lado de fora, e assim que a pegou nos braços, saiu da sala quase correndo, arrancando risadas da garotinha.
- Sabe o que é incrível? — Callie perguntou, me abraçando por trás e me guiando até a porta da sala —Viemos parar aqui em um relacionamento indefinido, e agora vamos casar.
Abri um sorriso de orelha a orelha, me lembrando de tudo com amor, e não mais com dor. Encontramos Sofia e Amelia do lado de fora, observando como a primavera se aproximava lentamente, tentando vencer o inverno. O céu tinha um belo tom deal azul e a temperatura era agradável. O inverno não tinha mais chance contra a felicidade e as cores das novas flores crescendo no chão.
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The Restart
Romance"Como uma pessoa pode causar o mesmo efeito em outra depois de anos? Depois de decepções, de lágrimas, de gritos e términos, depois de seguir em frente e quase acreditar na ilusão de ter superado Calliope Torres ainda me deixava nervosa como uma men...