Senti meu corpo doer quando me virei na cama, e de alguma forma, isso me fez sorrir. A autora das dores e de todas as marcas parecia estar inconsciente, uma perna jogada em meu quadril, uma mão por baixo do meu moletom.
Era justo que ela estivesse cansada assim. Na noite anterior, tinha esgotado todas as suas energias me mostrando a outra Callie. A Callie autoritária e firme. A Callie que trocou os beijos lentos e carinhosos por beijos intensos; preferiu segurar meus pulsos acima da cabeça á entrelaçar nossos dedos, puxar meu cabelo com força ao invés de acariciar. As coisas foram intensas porque não poderiam ser de outro jeito. Não quando ela se inclinava e dizia que era minha chefe, e que me demitiria se eu não fizesse direitinho. Aquela mulher queria me matar.
Mas antes de dormir, ela usou suas últimas energias para me vestir com um moletom, alegando que eu podia pegar uma pneumonia, me beijar e olhar em meus olhos, com aquele olhar carinhoso que fazia meu coração acelerar, aquele olhar que dizia "você é tudo pra mim, e eu te amo". E como se fosse possível, eu me apaixonei mais uma vez.
Respirei fundo. Aquele cheiro forte e feminino misturado com o cheiro de suor era tão... incrivelmente bom. Eu só queria sentir mais daquilo.
Colei meu corpo ao da morena e aspirei seu pescoço. Como ela ainda cheirava tão maravilhosamente bem depois daquela maratona? Aquilo era um mistério. Continuei ali enquanto deslizava os dedos por sua clavícula, seus ombros, descendo por seus braços para encontrar suas mãos, que entrelacei com as minhas. Deitei por cima dela e beijei suas bochechas e seu nariz, sentindo-a respirar fundo embaixo de mim, antes de me atirar para o lado, e voltar a se agarrar em mim. Ri baixinho quando ela ronronou, indicando que ainda estava com sono. Então eu fiquei ali, vendo-a dormir, fazendo cafuné, me apaixonando.
- Sabe como eu sei que te amo? - Ela sussurrou, a voz rouca falhando pelo sono.
Não respondi, só esperei aquela voz de novo.
- Eu não estou brava por você ter me feito perder o sono. Porra, que sono.
- Não é nada profissional falar palavrões assim, Sra. Torres. Como eu vou ser uma boa funcionária se minha chefe não dá exemplo?
- Não fale assim...não quero ter que te deixar mais marcada - Ela me puxou pela cintura e me virou de bruços, e então deslizou as mãos por minhas costas - Uau. Eu fui bem severa com você...sua pele fica linda marcada.
- Cinquenta Tons de Torres, hm?
- Nem me fale - Ela riu, rouca.
Virei o rosto e olhei em seus belos olhos em um tom quase branco com traços castanhos, de tão claro. Ela acariciou meu rosto e sorriu. - Eu amo seus olhos.
- Eu amo você.
Rimos como apaixonadas. Ela me puxou para o seu colo e me aninhou, e nós ficamos ali juntas, trocando carinhos, conversando, brincando. Callie falou sobre seu emprego, eu falei sobre o livro, sobre Sofia.
- Hmm, Ari? Eu estava pensando que agora que nós...uh...nós... - Ela começou, gaguejando. A olhei bem nos olhos, interessada. E seu nervosismo piorou. Até que o meu celular tocou.
- Um minuto - Pedi, pegando meu celular no criado mudo. April.
April estava com Sofia. Deus!
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The Restart
Romance"Como uma pessoa pode causar o mesmo efeito em outra depois de anos? Depois de decepções, de lágrimas, de gritos e términos, depois de seguir em frente e quase acreditar na ilusão de ter superado Calliope Torres ainda me deixava nervosa como uma men...