Sofia entrou em nosso quarto ás seis da manhã, usando a saia azul bebê do uniforme e segurando a camisa branca de mangas longas, também do uniforme.
- Eu...eu não... não consigo - Suspirou. Balancei a cabeça negativamente, ajudando a pequena a colocar os braçinhos nas mangas, sentindo-a tremer com o nervosismo - Não quero ir, Mama. Meninos maus vão rir. Eu sou...diferente.
- Ei. Filha. Não, você é incrível - Senti meu coração partindo ao meio ao ver aquela expressão triste e amedrontada. O pior é que eu havia visto mais vezes do que gostaria. Uma semana se passou em cima da promessa de que Bailey me ligaria terça-feira. Nós costumávamos visitar Amina, mas não era o suficiente. Definitivamente não era. Sofia precisava cada vez mais da proteção que a outra garotinha oferecia. Eu me sentia um tanto impotente, apenas por não poder ficar lá, oferecendo toda aproteção que ela precisasse.
- Quero a Mina - Choramingou, se esforçando para sentar em meu colo. Ela ficou olhando para baixo enquanto eu abotoava cada pequeno botão da camisa, e só levantou o olhar quando eu levantei, olhando em meus olhos.
- Vou ligar para a Bailey, ok? Nós vamos trazer sua irmãzinha para casa. Eu prometo - Toquei seu queixo quando ela olhou para baixo - E ei. Você já enfrentou muito mais do que garotos maus. Sabe o que você é?
- Uma princesa guerreira -Sorriu, segurando em meus ombros quando me levantei, com um pouco mais de dificuldade. Ela estava crescendo - Eu vou. Mas se eles forem maus, eu vou gritar, e explodir o ouvido deles. BOOM!
Qlcançamos a cozinha quando Callie estava terminando de arrumar a pequena mochila. Ou começando. Em cima da mesa,três lenços, uma vasilha transparente com a tampa azul guardando dois sanduíches, uma garrafinha de suco e uma de água,trocas de roupa, toalhinhas de rosto...
- Amor, é só o primeiro dia de aula. Ela não vai viajar - Eu disse me aproximando. Sofia se balançou para pular no colo de Calli.
- Eu não sei o que se coloca nessa merda, meu primeiro dia de aula foi na década passada. Me ajude, Arizona - A morena segurou a garotinha e jogou no ar, arrancando risadas.
- Lanche, lanche - Sofi cantarolou.
- Eu fiz sanduíches de Nutella pra você, pequena. Você adora, não é?
- Sim, sim e sim!
- E aqui - tirou um saquinho de presente do bolso, e colocou a garotinha que observava com curiosidade enquanto a embalagem era aberta, sentada na mesa - Para os novos fios de cabelo da minha princessa guerreira.
A presilha enfeitada com um pequeno laço azul bebê se encaixou perfeitamente nos novos fios. Depois do primeiro,visitamos um dermatologista, e ele receitou algumas vitaminas e outros produtos. Desde então, o cabelo da pequena começara acrescer de forma assustadoramente rápida, e agora já chegava acima das orelhas. Ela sempre dizia que parecia um menino, e nessa fase, nós apenas ensinamos que cabelos não tem um gênero.
- YAY! Gada, Mam'Call. Agora eu pareço comigo! - Comemorou, quando viu a própria imagem na camera frontal do celular - Zero, seis, três, zero horas. É tarde! Vamos dormir!
- Caralho, seis e meia. Estamos atrasadas - Minha noiva começou a colocar algumas coisas dentro da mochila.
- Ca-ra-lh... - Sofia tentou pronunciar. Consegui colocar o indicador na frente dos seus lábios antes.
- Não siga o exemplo da sua mãe perdida.
Como eu estava errada em querer provocá-la.
Torres colocou a pequena mochila em Sofi, e pegou a criança no colo. Eu já iria me virar, me livrar do que eu sabia que viria a seguir com aquele olhar intenso em mim, mas ela me puxou pela cintura.
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The Restart
Romance"Como uma pessoa pode causar o mesmo efeito em outra depois de anos? Depois de decepções, de lágrimas, de gritos e términos, depois de seguir em frente e quase acreditar na ilusão de ter superado Calliope Torres ainda me deixava nervosa como uma men...