Capítulo 46

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Lia Marques

- Não é necessário que Joana nos acompanhe, Heitor. – Eu tentava convencê-lo de que não era necessário levar a babá. – Você não quer passar a impressão de família feliz? Júlia ficará conosco o tempo todo. – Eu estava com medo de que no momento propício de escapar da festa, minha filha não estivesse comigo, por isso, Joana só me atrapalharia.

- Joana vai sim. A praça estará muito cheia e podemos precisar dela, até porque, quero minha esposa ao meu lado. – Heitor já tinha acabado de se arrumar e estava na sala dando algumas ordens a Jeremias e mais três seguranças que nos acompanhariam.

- Mas não é necessário e... – Tentei insistir mas ele estava irredutível e parecia um pouco impaciente.

- Já está decidido, Lia, não discuta! Joana vai, assim como os seguranças.

Eu tentava a muito custo disfarçar meu nervosismo. Temia por Eduardo, por mim, por nossa vida. Se Heitor soubesse que ele estava na cidade poderia mandar fazer algum mal a ele. Tinha muito medo de fugir novamente, ele poderia colocar a polícia atrás de mim. Pensei em desistir de tudo e aceitar minha vida ao lado de Heitor, talvez fosse melhor para todos: não correria o risco de ir presa e ficar sem minha filha e não arriscaria a vida do meu amor. Era isso que eu ia fazer: desistir de tudo.

Saímos da fazenda em dois carros, com os seguranças nos seguindo. Eu mal conseguia respirar. A única coisa que consegui fazer foi elevar meus pensamentos aos céus e fazer uma prece silenciosa pedindo a proteção divina para mim e Eduardo. A viagem foi silenciosa, com exceção de Júlia que parecia muito animada. A todo o instante perguntava o que ia ter para brincar e comer, sua única preocupação era se divertir.

- Chegamos. Temos uma mesa nos aguardando próximo ao palanque. Não quero que se afaste sem me avisar, entendeu Lia? - Heitor quebrou o silêncio da viagem se virando para o banco de trás onde eu estava com Júlia, antes de sairmos do carro.

- Entendi, Heitor. – Respondi com raiva, me sentindo uma prisioneira. Eu não aguentava mais viver daquela forma. – Mas não posso nem levar Júlia para ver as barraquinhas? Deve ter brincadeiras, ela vai querer se divertir um pouco!

- É claro que poderá. Só não saia sem avisar, os seguranças a acompanharão ou eu mesmo farei. Hoje, é provável que precise fazer contatos com parceiros políticos e estarei envolvido nisso, por isso os seguranças estarão com você.

- Tudo bem. – Assenti, tentando não criar problemas e alertar a curiosidade do meu marido. Eu devia aproveitar que estava preocupado com seus contatos políticos, mas já tinha resolvido desistir de tudo.

Saímos do carro e nos dirigimos para a área das mesas que estavam reservadas para as pessoas importantes da cidade, era como uma área vip. Meu coração estava disparado, tamanho o nervosismo que sentia. A festa já estava cheia e animada, com som alto, pessoas passeando, visitando as diversas barraquinhas ao redor da praça. A Igreja estava toda iluminada como eu nunca havia visto. Enquanto caminhávamos até as mesas, meus olhos percorriam ao redor buscando algum sinal de Edu. Não vi nada, o que me deixou ainda mais nervosa. Eu sentia tanto a sua falta que só a perspectiva de vê-lo mesmo que de longe, já me deixava com o coração disparado.

Nos sentamos e Heitor logo me pegava pela mão para que me levantasse novamente.

- O que foi? - Perguntei tentando entender o que ele queria.

- Venha, vamos circular pelas mesas. Preciso cumprimentar algumas pessoas, quero minha adorável esposa ao meu lado. – Me pegou pela mão, levando-me com ele.

Não era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora