Capítulo 28

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Lia Marques

Saí daquele jardim pisando firme, mesmo me sentindo completamente desestabilizada, depois do beijo que Edu me deu. Achei que o mundo tivesse acabado naquele momento, pois eu só conseguia pensar nele e no quanto me fez falta. Foi um beijo quente, como os que dávamos quando namorávamos. Nosso desejo era muito forte, mas éramos muito inexperientes, duas crianças apaixonadas. Agora, era muito diferente: era um homem e uma mulher que se desejavam intensamente. Será que Edu sentia ainda o mesmo que eu? Ou será que era só orgulho ferido pelo fato de eu ter me casado com outro homem? Assim como eu, ele seguiu com a vida. Venceu! Tinha uma namorada linda! O que queria comigo? Esfregar na minha cara sua vida bem-sucedida? Dei graças à Deus, quando Pietro me informou que não poderíamos ficar juntos naquela noite, ele ainda tinha uma reunião de negócios depois do evento. Foi um alívio pois não tinha cabeça para estar com mais ninguém. Eu só queria ir para casa, abraçar minha filhinha. Ela era a única coisa boa na minha vida, a única que valia verdadeiramente à pena.

Entrei no carro de Pietro e seu motorista me deixou na agência, como era costume de todos os clientes. De lá, eu seria levada para casa pelo motorista da própria agência, pois o Sr. Gian, fazia questão de zelar pela segurança das meninas. Durante todo o trajeto até a agência, só conseguia pensar no beijo que demos e em tudo que me fazia sentir. Meu coração ainda estava descompassado, meus lábios pareciam ter sido marcados por ele. Seu gosto ainda estava na minha boca, na minha língua e seu cheiro estava impregnado em mim. Eu me sentia uma verdadeira idiota naquele momento, sonhando com o impossível. Nossa história tinha ficado no passado e estar perto dele, para mim, era um grande risco. Precisava me manter muito longe dele e dos fotógrafos que estavam sempre ao seu redor. Eu precisava parar de sair com Pietro, pois como dirigente do Atlético de Milão, me faria encontrar outras vezes com Edu, e eu precisava desesperadamente, evita-lo.

Me despedi do motorista de Pietro, agradecendo-lhe a carona. Desci do carro e respirei fundo para subir e pedir ao motorista da agência que me levasse em casa. Olhei para o céu por um instante enquanto o carro de Pietro se afastava. Eu me sentia desanimada e muito abalada com aquela noite. Quando me virei para entrar no prédio a minha frente, um carro prata parou abruptamente ao meu lado, me fazendo levar um susto enorme.

- Lia, eu preciso falar com você. Entre no carro. – Era Edu. O que ele estava fazendo ali? Tinha me seguido? Minha cabeça estava muito confusa. – Entre no carro! - Ele insistiu alterando a voz.

- Edu? O que está fazendo aqui? Você me assustou!

- Entre no carro, Lia. Temos que terminar nossa conversa. – Nós nos falávamos pela janela do carro.

- Não temos mais nada para dizer! Pelo amor de Deus! Siga com a sua vida, com a sua carreira e me deixe em paz! - Sai caminhando em direção ao prédio da agência.

Foi quando percebi que ele saia do carro vindo em minha direção. Haviam poucas pessoas na rua naquela hora, e não nos deram muita atenção. Ele parou na minha frente me impedindo de seguir.

- Venha comigo. – Ele disse com voz firme como se desse uma ordem.

- Não vou com você a lugar nenhum! - Disse gritando. Eu precisava me manter distante dele.

- Você vai vir comigo sim, Lia. Eu não vou deixar você vivendo essa vida que escolheu. Isso não está certo! - Ele estava visivelmente alterado.

- Ah, então quer dizer que veio atrás de mim por pena! Para o seu governo, estou muito bem!

- Não está não, e não vim por pena, vim para esclarecermos tudo o que está mal explicado. Entre agora, senão vamos chamar atenção das pessoas. – Foi quando me segurou com força pelo braço, abriu a porta do carona e me colocou sentada lá. Fiquei meio paralisada, pois na verdade, estar mais um tempo com ele, era tudo o que eu queria, mesmo que minha cabeça dissesse não, que seria perigoso.

Não era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora