Capítulo 17

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Eduardo Crusciani

- O que você acha dessas propostas, Edu? Alguma te chamou mais atenção? - Enrico me questionou analisando mais uma vez as cópias das propostas.

- Não sei, mas acho que o Atlético de Milão está fazendo uma proposta bem interessante e está num bom momento. Sempre quis jogar no futebol europeu. – Respondi avaliando as cópias em minhas mãos.

- Sim, tem razão. Vou verificar com os advogados sobre a proposta e depois nos reunimos novamente para tomarmos uma decisão definitiva.

- Tudo bem. Eu estava pensando em passar uns dias no Brasil, quando o contrato com o Chels Club acabar. Até assinarmos com outro time, ganho pelo menos uma semana.

- Eu entendo que esteja com saudades dos seus pais, Edu, mas esse é um momento crucial. Você acabou de ganhar o título. Esse é um excelente momento de autopromoção.

- Eu sei, mas estou precisando de uma pausa. Prometo parar por pouco tempo. Vou ficar no sítio dos meus pais e retorno para reassumir todos os compromissos. Só não exagere nos comerciais, ok! Nada de propagandas de supermercados ou creme dental. Definitivamente, não tenho talento para isso. Olhei para Enrico de cara feia para que não houvesse dúvidas sobre o que eu dizia.

- Nem se a proposta for muito boa?

- Nem assim, Enrico. Só propagandas ligadas a esporte, por favor!

- Tudo bem, mas você sabe que deixamos de ganhar uma fábula com propagandas. Ainda mais agora, que seu passe valorizou horrores. Devíamos aproveitar melhor o momento.

- Sou jogador de futebol, não garoto propaganda. Não dá!

- Ok! É você que manda. Vou continuar as negociações e assim que possível, tomamos uma decisão. Quando terminar com o Chels Club, tire seu tempo de descanso no Brasil, vá ver seus pais, descansar e matar a saudade, mas só uma semana, Edu.

- Vou avisar ao meu velho que vou passar uns dias com eles. Minha mãe não vai acreditar.

- Que bom, fico feliz! Você merece mesmo, Edu. Você sempre trabalhou duro. Esse prêmio e o descanso são muito merecidos.

Naquele mesmo dia, liguei para meu pai e avisei que em algumas semanas eu estaria com eles. Meu velho ficou feliz da vida. Combinei de ligar depois dizendo o dia certo de minha chegada.

Fiquei animado em rever meus pais, mas voltar ao Brasil, me trazia angústias e memórias dolorosas que não sei se estava preparado para viver, mas não podia fugir mais. Não podia negar que eu tinha muita vontade de rever Lia. Depois que parti, só a vi uma vez em uma foto na internet, estava com o marido, quase dois anos depois que fui embora. Mas depois disso, nada. Nenhuma notícia ou foto. Voltar ao Brasil, me trazia uma ansiedade meio infantil com a possibilidade de poder revê-la. Era difícil admitir, mas eu queria muito vê-la uma única vez mais.

Semanas depois...

- Anne não vai mesmo com você? Não queria se acertar mais seriamente com ela? Seria uma ótima oportunidade. – Enrico diz enquanto pego meu passaporte e guardo em minha mochila.

- Ela está viajando. A vida de modelo é bem complicada. E já nem sei mais se Anne é a mulher certa para ficar comigo. Eu queria mesmo é formar uma família, filhos, essas coisas. Anne trabalha demais, está muito focada na carreira, acho que não vai dar certo. E até acho bom Anne não ir comigo, não sei se essa relação tem mesmo futuro. Ela vai precisar abrir mão de muita coisa para estar comigo. Não sei se é justo.

- Está certo. Está tudo pronto? Não esqueceu nada?

- Não, está tudo aqui. – Disse puxando minha mala e segurando minha mochila nas costas.

Não era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora