Capítulo 39

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Eduardo Crusciani

Eu estava quase enlouquecendo com a falta de notícias de Lia. Estava viajando com o Atlético de Milão, competindo para o campeonato europeu. Não tive mais notícias dela, desde o dia em que viajei para o primeiro jogo, mas tinha certeza que algo ruim estava acontecendo. Por um momento, cheguei a imaginar que Lia tivesse fugido mais uma vez, mas não tinha nenhum sentido naquilo. Estávamos realizando o sonho de estarmos juntos e tínhamos muitos planos para o futuro, assim que a situação dela se resolvesse. Não teria sentido fugir! Por isso, tive certeza que era algo relacionado ao seu marido.

Depois de alguns dias, o time voltou a capital, pois os jogos da final, que seriam disputados nos estádios da cidade. Retornei a Milão com os nervos à flor da pele. Minha vontade era largar tudo e ir atrás de Lia, onde quer que estivesse.

Fui direto para o apartamento de Enrico, quando cheguei de viagem. Eu precisava dele para me ajudar a ver os acontecimentos com maior clareza.

- Oi, Edu. Fez boa viagem? - Enrico me cumprimentou, mas não queria perder tempo, por isso fui direto ao assunto.

- Descobriu alguma coisa sobre Lia? - Passei por ele como um foguete, entrando rápido em seu apartamento.

- Só que foi vista saindo do apartamento dela acompanhada por dois homens. O porteiro não reconheceu nenhum dos dois. Fui a escola da filha dela, mas a menina já não frequenta a dias.

- Só isso? - Questionei irritado. Queria que ele tivesse revirado a cidade atrás dela.

- Liguei para hospitais e delegacias, Edu, e nada, nenhuma notícia. Sinto muito. O que você acha que pode ter acontecido?

- Acho que esses homens que foram vistos com Lia saindo do apartamento podem ser a mando do Heitor, ou ele mesmo veio busca-la. Só não entendo como conseguiu encontra-la justo agora.

- Sinto dizer, mas apesar de todo o cuidado que estavam tendo, vazou uma foto de vocês juntos.

- Foto? - Tentava imaginar que foto seria essa já que eu e Lia não saíamos juntos.

- Saindo do hospital naquela madrugada que a menina tinha sido hospitalizada. Sabe como são as coisas... te reconheceram e fotografaram.

- Porra! Não acredito nisso! Provavelmente tinha gente atrás do paradeiro dela e viram a foto. Já tentei ligar para o pai dela, mas não consegui. Vou tentar mais uma vez, eu preciso ter certeza de que Lia está no Brasil.

Saquei meu aparelho de telefone do bolso e disquei o número do tio Miguel. Chamou várias vezes e nada. Liguei mais algumas vezes e quando já estava a ponto de desistir, a ligação foi atendida.

- Alô. – Era ele, pude reconhecer sua voz.

- Alô, tio Miguel, é Edu... Eduardo Crusciani. – Houve um silêncio do outro lado da linha. – Tio Miguel, por favor, não desligue! Eu preciso saber de Lia. Ela retornou ao Brasil? Está com o senhor? - Perguntei aflito.

- Ela retornou, mas não está comigo. Está com o marido.

- Ela foi obrigada a voltar! Como ela está? Ele fez alguma coisa ruim com ela? Por favor, o senhor me diga.

- Ela está bem, Eduardo, não se preocupe. – Ele disse com a voz insegura. – Heitor é marido dela, jamais a faria mal.

- Não me preocupar? Nós estávamos juntos, tínhamos planos. Se voltou ao Brasil dessa maneira, foi coagida, forçada. Como não vou me preocupar?

- Fique calmo! Estive com ela nesta tarde e me contou tudo sobre o reencontro de vocês. Mas ele é o marido dela, Eduardo, ele tem direitos. Ela não pode simplesmente sair fugida com a filha dele e achar que está tudo bem, você entende? É melhor deixa-la de uma vez. É o melhor para ela, Eduardo. Eles vão se acertar.

Não era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora