Capítulo 7

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Heitor Muniz

- Patrão, não acho Dona Lia em lugar nenhum! Já procurei na fazenda toda, patrão e nada! - Disse, Jeremias, meu homem de confiança.

- Ligue para meu sogro e veja se ela está lá. – Resmungou Heitor muito irritado. – Ela sabe que tem que me pedir para sair. Que mulher teimosa! Mais dessa vez, vai se arrepender!

Eu andava de um lado para o outro, irritado com a postura de Lia. Ela era sempre muito rebelde, uma mulher difícil de domar. Já estávamos casados há alguns anos, mas mesmo assim, continuava desobediente.

- Seu Miguel disse que ela não está lá, patrão. Será que aconteceu alguma coisa? - Jeremias falava com preocupação.

- Vá a cidade, Jeremias, e dê uma busca por lá. Leve mais algum homem para te ajudar, mas antes me chame Marcos aqui. Ele é que deveria saber da minha mulher.

- Ele está procurando pela fazenda, patrão.

- Me chame ele, agora! - Gritei bastante irritado.

- Sim, senhor. – Jeremias saiu em busca do segurança de Lia.

Eu estava nervoso e contrariado. Já estava imaginando o castigo que daria a Lia por tamanha desobediência. Eu tinha dado ordens a ela, de só sair com meu consentimento, acompanhada por seu segurança, com seu celular ligado e para onde eu permitisse. Essa era uma das razões de muitas brigas entre nós dois. Mas não abria mão disso, era uma exigência minha. Confesso que sempre fui um homem muito possessivo, mas com Lia, era muito pior. Eu não gostava de ser contrariado e ela sabia muito bem disso. Já estava pensando em deixá-la trancada no quarto por uma semana, para que aprendesse. Castigo que ela detestava, e que eu já tinha utilizado algumas vezes, na tentativa de domá-la.

Desde o começo da nossa convivência, Lia se mostrava arredia, e quanto mais se comportava assim, mais eu a queria. Ela era uma mulher linda e um desafio para mim. Era disso que eu gostava.

Quando começamos a nos relacionar, Lia era muito jovem, tinha apenas dezoito anos. Era uma menina inexperiente, mas cheia de opinião e demorou um pouco, para que cedesse. Passei a ir com frequência a fazenda, para que se acostumasse comigo, se afeiçoasse. Mas ela não dava trégua, não me deixava tocá-la, e eu quase enlouqueci de desejo. Logo eu, um homem tão experiente, que já tinha tido todas as mulheres que desejei, agora, estava de quatro por uma menina que saíra há pouco da adolescência.

Na verdade, me encantei por ela na primeira vez que a vi. Era apenas uma criança na época, devia ter uns doze ou treze anos, mas alguma coisa nela, já me tirava do eixo, me deixava inquieto. Deixei o tempo passar, mas de longe, a vi crescer e se tornar uma jovem mulher e decidi que seria minha e eu sempre tenho tudo que quero. E foi assim que aconteceu. De repente, me vi relembrando momentos que tive com Lia.


Nosso casamento já estava acertado e aguardávamos a data. Ela não quis festa, mas fiz questão de reunir os amigos, principalmente, os que eu tinha negócios importantes. Toda vez que ia vê-la, eu tentava me aproximar, demonstrar meu afeto por ela, mas fazia a linha durona. Eu sabia que ainda pensava no namoradinho que tinha ido embora, mas tinha certeza que quando a pegasse de jeito, ela esqueceria o infeliz. Me lembro do primeiro beijo que consegui daquela boca teimosa. Foi num dos dias que fui a fazenda vê-la. Fomos dar uma volta a meu pedido. Miguel sempre nos deixava a sós, parecia querer aquele casamento mais que todo mundo.

- Por que parou? Não quer mais caminhar? - Perguntou Lia, me olhando com curiosidade e um pouco de irritação.

- Não, não quero. – Passei meus olhos por todo seu corpo e vi que a deixava tensa. Ela parecia temerosa. Acho que a nossa diferença de idade a intimidava.

Não era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora