Capítulo 57

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Lia Marques

Dois dias depois do acidente, Júlia teve alta. Ela já estava impaciente de ficar naquele quarto de hospital e estava ficando difícil distraí-la.

- Você vai ter que ficar quietinha, fazendo repouso, está bem, querida?

- Não posso brincar, mamãe? - Ela perguntou fazendo biquinho.

- Pode sim, querida, mas sem muita bagunça, combinado?

- Tá legal. – Disse animada, se jogando na cama e agarrando sua boneca preferida.

Fiquei observando-a. Nem parecia que havia sofrido um acidente tão grave. Com certeza, Deus protegia as crianças.

- Mamãe? E cadê o papai? - Ela disse se referindo a Heitor.

- Está no hospital, querida. Ele se machucou um pouco e o médico está cuidando dele, mas vai ficar bom.

- Ah! Ele estava muito irritado, mamãe. – Seus olhinhos pareciam confusos.

- É, meu bem? O que ele disse?

- Falou que não queria o tio Edu perto de mim.

- Mas o tio Edu não é bom com você? Isso é besteira do papai, ele só está com ciúmes.

- O tio Edu é muito legal. Eu falei para o papai, mas ele não gostou, mamãe.

- Heitor sempre será seu pai, minha filha, mais o tio Edu é que vai cuidar de você junto comigo, daqui para frente. Ele será o marido da mamãe e te ama muito.

Nesse momento, Edu entrou no quarto e Júlia ficou observando-o atentamente.

- O que minhas lindinhas estão conversando? - Ele perguntou olhando-nos com amor.

- Estava explicando a Júlia que Heitor é o pai dela, mas que você vai cuidar dela como se fosse um pai também.

Júlia e Edu ficaram se olhando por alguns instantes. Ele se sentou de frente para ela.

- Eu não sou seu papai, você sabe disso, não é Julinha? - Ela assentiu com a cabecinha. Segurava a boneca no colo, mas estava atenta as palavras dele. – Mas eu queria muito que você me aceitasse como seu segundo papai. Sabe por que, querida?

Júlia negou com a cabeça. Seus olhos estavam atentos. Aquela conversa era séria, mas ele falava carinhosamente e acho que minha filha estava entendendo.

- Por que sempre sonhei em ser seu papai. Desde antes de você nascer, eu já sonhava com você, do jeitinho que você é, com esse rostinho lindo. Eu amo sua mamãe e amo muito você também. – Ele olhava ansioso para ela.

- Mas e o papai? - Ela perguntou preocupada.

- Ele vai continuar sendo seu papai, Júlia. – Expliquei. - Mas o tio Edu também quer cuidar de você como se fosse seu papai. Você não acha legal?

- Eu quero que seja minha filha do coração, Julinha. Por que aqui dentro... – Ele pegou sua mãozinha e colocou no seu peito. – Você é minha filhinha amada. – Edu parou respirou fundo e continuou. Senti que estava emocionado. – Eu tenho uma coisa para você. Vou lá no quarto buscar. Eu encomendei para te dar no dia do casamento com a sua mamãe, mas acho que esse momento é melhor.

Edu saiu do quarto, mas logo retornou. Então, se ajoelhou diante de minha filha e fez algo que me surpreendeu demais. Não achava que seria possível amar mais aquele homem do que eu já amava, mais ele conseguiu me fazer explodir de tanto amor.

Não era para ser assimOnde histórias criam vida. Descubra agora