Cap 10 - O que aconteceu

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P.O.V Marco

Quando a porta se abriu revelando a silhueta do outro lado, senti todas minhas forças retornarem à mim.

Minha cabeça latejava, meus olhos ardiam, me sentia como se tivesse sido atropelado por um tanque de guerra, com cada músculo do meu corpo dolorido, mas só então notei... eu tinha músculos, eu tinha um corpo outra vez. Saltei,ou melhor, caí da cama dando de cara no chão e logo ouvi uma sonora gargalhada proveniente do intruso que ainda estava na porta. Ele riu por alguns minutos até finalmente se dar conta de que eu não me levantaria sozinho e veio ao meu encontro parando em minha frente. Fui levantando meu olhar devagar passando por seus tênis surrados até finalmente encontrar uma mão estendida em minha direção. Agarrei firme e o encarei, ao que ele respondeu com um meio sorriso de lado para logo puxar-me para cima.

- Como vai, Diaz? - ele disse com o mesmo sorriso

- Melhor agora. Aliás, obrigado... Tom. - respondi com um tom agradecido na voz - A que devo a honra? - agora nós dois sorriamos travessos encarando um ao outro com um olhar divertido

- Nada demais. Apenas resolvi visitar meu súdito. - ele fez uma pose de nobre

Alguns instantes de silêncio e logo nós dois caímos em gargalhadas.

- Com fome? - perguntei já me encaminhando para a saída.

E foi então que percebi que eu estivera todo o tempo apoiado nele, e quando dei o primeiro passo sozinho perdi toda a firmeza do corpo, senti como se alguém tivesse apagado o chão debaixo de meus pés e minhas pernas bambearam não conseguindo mais me sustentar. Uma tontura repentina me atingiu em cheio e eu senti o mundo rodopiar a minha volta até me sentir totalmente zonzo e minha visão se tornar turva, cambaleei para trás agarrando minha cabeça e fechando os olhos com força tentando amenizar a dor e a sensação de que a qualquer momento ela explodiria.

Eu iria de encontro ao chão pela segunda vez consecutiva, então apenas esperei o impacto, mas ele não veio. Ao invés do chão duro e frio, eu sentia algo macio e quentinho me apanhando. Sacudi a cabeça e a medida que minha visão voltava eu me vi sentado em minha cama novamente e ao meu lado, também sentado na cama, Tom mantinha os olhos sobre mim, provavelmente esperando alguma resposta. Não sabia se o semblante dele era sério, preocupado ou confuso, talvez uma mistura de todos eles. Eu vi ele se levantar e sair e tive a impressão de ter escutado algo como "já volto" ou "não saía daí", e eu simplesmente esperei, encarando um ponto qualquer no quarto.

Acho que acabei ficando tempo de mais olhando pra parede, já que eu apenas notei a presença de Tom novamente quando ele me chamou

- Marco. - depois que o encarei ele continuou - O que aconteceu?

O que aconteceu. Essa era a pergunta que eu tinha rondando em minha mente. Eu não me lembrava de nada do que tinha acontecido. Me concentrei ainda mais tentando recordar algo, qualquer mísero detalhe, mas nada me vinha à mente. Então eu pensei, pensei e pensei, e quando já ia desistir de tentar cenas vieram como num estalo, como se fosse um daqueles flashbacks que vemos nos filmes. O celular atirado, o abraço no sofá, as caras e bocas que ela fazia, o som dos risos, o livro, o ritual, o feitiço, a oferenda, a explosão e... a Star deitada junto à parede.

- Star! Tom, onde ela está?! Ela está bem?! Eu..., eu... - adentrei os dedos em meu cabelo bagunçado, eu estava em pânico, e quando estava prestes a sair correndo em busca dela senti uma mão em meu braço

A Little Shine StarOnde histórias criam vida. Descubra agora