**Oito anos antes** :
— Mamãe, tem gente nova morando na casa da frente. — informo curiosa, enquanto espio pela janela do meu quarto os novos moradores do bairro se movimentarem pela rua.
— São nossos novos vizinhos, querida. — minha mãe apanha os brinquedos espalhados pelo chão. Ela solta um uff quando vê minha Barbie sem a cabeça jogada ao pé da cama. — ouvi falar que o casal tem um filho da sua idade. Vocês podiam ser amigos.
— Não preciso de um novo amigo. Eu já tenho a Bessie.
— Eu sei. Mas a Bessie está morando em outra cidade agora.
— Por causa desse novo garoto que tá morando na casa dela.— faço uma careta. Bessie e eu costumávamos ser boas amigas e quase todas as tardes íamos tomar sorvete na casa dela. Minha vizinha tinha uma enorme coleção de bonecas, e mesmo sendo mais velha que eu 3 anos ela brincava comigo, apesar de ser um pouco mandona e não me deixar brincar com as bonecas mais bonitas.
— Não é verdade, meu bem. Os pais da Bessie precisaram se mudar por conta da avó dela que está doente. Eu acho que você deveria dar uma chance ao novo vizinho, ele pode ser muito legal.
— Mas, mãe! Ele é um menino! Meninas não brincam com meninos. Eles não gostam de bonecas.— rebato, fazendo um beicinho.
— Não tem problema nenhum em ele ser um menino. Vocês podem brincar de outras formas além das bonecas. Não julgue as pessoas antes de conhecê-las, Liz.
Penso no que ela diz quando vejo um rapazinho de pernas compridas e muito magricelo sair no carro estacionado em frente à casa de Bessie. Ele segura uma bola de basquete e parece admirado com a beleza da nova vizinhança. Seus pais carregam de um lado para outro imensas caixas, abarrotadas de tralhas enquanto ele quica, despreocupado, a bola no chão da calçada. Decido que ele pode ser bom no final das contas. Posso dar uma chance a ele mesmo que ele não seja a Bessie e tenha lindas bonecas para emprestar.
Saio do meu quarto, desço as escadas apressada e abro a porta da sala a fim de dar as boas vindas ao novo vizinho.
Me aproximo um pouco receosa da antiga casa dos Watson, observo o garoto entretido jogando sozinho na calçada até que sua bola escapa para a rua, vindo em minha direção. Pego a bola, confiante. É a minha chance.
— Oi! Meu nome é Elize Reynolds, mas pode me chamar só de Liz. Minha mãe me chama assim na maior parte do tempo. Menos quando ela fica com raiva porque eu fiz alguma coisa errada, aí ela me chama de Elize.— exibo um sorriso amarelo.
— Oi. — ele saúda, tímido.— sou Antony e também tenho um apelido: Tony. Mas pode me chamar como quiser.
— Essa é a sua bola? Você gosta de jogar basquete?
— Sim! Meu pai me deu no meu aniversário. Quero ser um jogador profissional de basquete quando crescer, igual ao Michael Jordan. — seus olhinhos miúdos e escuros brilham de felicidade com a menção ao nome.
— Quem é esse? — jogo a bola para ele. — nunca conheci um jogador de basquete, mas sei que eles são muito altos. Mais altos que o meu papai. — estico os braços acima da cabeça até o máximo que consigo alcançar.
— Michael Jordan? Você não sabe quem é Michael Jordan?! — ele parece incrédulo com minha santa ignorância.— ele é simplesmente o melhor jogador do mundo, mais rápido e mais esperto de todos eles! Ninguém segura o Jordan! — Antony quica a bola, passando-a de mão em mão até dar um giro engraçado, entrelaçar suas pernas de gazela e desabar no chão.
Rio copiosamente da cena e ele também.
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Diverso
Teen FictionElize é uma garota comum, com uma vida comum, que vive em um lugar comum. Contudo certas escolhas que ela faz mudam sua vida de cabeça para baixo, fazendo desmoronar tudo aquilo que ela construiu e no que ela acredita. Por isso, nunca subestime uma...