Capítulo Dezesseis - O Plano Perfeito: O Retorno.

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Olho para o relógio em meu pulso. Faltam 5 minutos para as 7h. Respiro fundo e me esforço para manter a concentração em todas as etapas do nosso plano. Avalio o movimento na rua deserta, não há nem uma alma penada perambulando por aí a essa hora.

    — Onde estão as chaves? — pergunto a Natasha, ao me movimentar desconfortavelmente no banco do carro velho da minha família. Mais uma vez peguei o automóvel sem eles saberem, e mais uma vez ninguém percebeu. Pelo menos até agora.

    Ela tira um chaveiro do bolso contendo duas chaves e me entrega.

    — A que horas, mesmo, o faxineiro vai chegar para abrir logo esse portão, ein?— ela questiona e logo depois boceja.

    — Agora mesmo. Olha ele ali. — aponto — falei que ele era pontual.

    — Ótimo. Pelo menos facilita nossa vida.

    Atentas observamos o homem baixinho de nariz avantajado e uma careca brilhante na casa dos 50 anos abrir uns dos portões da instituição escolar.

Na segunda parte do nosso plano, arquitetamos entrar no lugar discretamente antes de todos chegarem e no exato momento em que o faxineiro aparecesse para abrir as portas. De acordo com nossas apurações com alguns funcionários do colégio, apesar da escola ser aberta tão cedo, as pessoas só começariam a chegar por volta das 7h30min, isto é, na melhor das hipóteses teríamos meia hora para pegar todos os materiais necessários a nossa produção ilegal de Ecstasy. No entanto, decidimos que faríamos o furto, por uma margem de segurança, em até no máximo 20 minutos, no caso de acontecer algum imprevisto.

    — Não vai acontecer nada. Vai dar tudo certo. — minha amiga, sentada no banco do passageiro, assegura quando me vê roendo as unhas de nervosismo.

    — Você pode ver o futuro por acaso? Não. Então não fique tão segura assim.

    — Ta legal. Olha lá, o carinha ja entrou já faz uns três minutos tá na hora da gente ir também.

    Assinto com a cabeça para mostrar que ela tem razão. Mas acho que fiz isso mais para mim mesma do que para ela.

    — Vamos nessa.

    Saímos do carro.

    Olhando em todas as direções, constato que ninguém se aproxima, portanto o momento é ideal para por o plano em ação.

Cada uma de nós carrega uma mochila, embora só eu vá entrar no laboratório enquanto Natasha me dará cobertura. Achei melhor levar mais uma por precaução.

    — Repassando o plano, então: vou entrar lá dentro do laboratório enquanto você fica na cola do homem pra ver se ele não me pega. Mas lembre-se de ser discreta. — sussuro.

    — E se alguma coisa der errado eu te ligo. — ela adiciona.

    Encaro-a e franzo as sobrancelhas impaciente.

    — Claro que não. Se alguma coisa der errado a gente corre. E se uma for pega, não entrega a outra. Mas Você vai ligar pra mim antes disso acontecer pra me avisar que ele tá vindo. Entendeu?

    Ela balança a cabeça afirmativamente.

    Sem demora, me dirijo ao laboratório e abro a porta com a chave clonada. Na intenção de afastar a ansiedade mentalizo o sucesso que tivemos na execução do primeiro esquema.

    Depois de ter ido para a sala do diretor por pichação, Natasha levou três dias de suspensão.

    — Até que foi uma pena leve — comento após o fim da aula naquele dia em que executamos o plano um.

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