Olho para o relógio em meu pulso. Faltam 5 minutos para as 7h. Respiro fundo e me esforço para manter a concentração em todas as etapas do nosso plano. Avalio o movimento na rua deserta, não há nem uma alma penada perambulando por aí a essa hora.— Onde estão as chaves? — pergunto a Natasha, ao me movimentar desconfortavelmente no banco do carro velho da minha família. Mais uma vez peguei o automóvel sem eles saberem, e mais uma vez ninguém percebeu. Pelo menos até agora.
Ela tira um chaveiro do bolso contendo duas chaves e me entrega.
— A que horas, mesmo, o faxineiro vai chegar para abrir logo esse portão, ein?— ela questiona e logo depois boceja.
— Agora mesmo. Olha ele ali. — aponto — falei que ele era pontual.
— Ótimo. Pelo menos facilita nossa vida.
Atentas observamos o homem baixinho de nariz avantajado e uma careca brilhante na casa dos 50 anos abrir uns dos portões da instituição escolar.
Na segunda parte do nosso plano, arquitetamos entrar no lugar discretamente antes de todos chegarem e no exato momento em que o faxineiro aparecesse para abrir as portas. De acordo com nossas apurações com alguns funcionários do colégio, apesar da escola ser aberta tão cedo, as pessoas só começariam a chegar por volta das 7h30min, isto é, na melhor das hipóteses teríamos meia hora para pegar todos os materiais necessários a nossa produção ilegal de Ecstasy. No entanto, decidimos que faríamos o furto, por uma margem de segurança, em até no máximo 20 minutos, no caso de acontecer algum imprevisto.
— Não vai acontecer nada. Vai dar tudo certo. — minha amiga, sentada no banco do passageiro, assegura quando me vê roendo as unhas de nervosismo.
— Você pode ver o futuro por acaso? Não. Então não fique tão segura assim.
— Ta legal. Olha lá, o carinha ja entrou já faz uns três minutos tá na hora da gente ir também.
Assinto com a cabeça para mostrar que ela tem razão. Mas acho que fiz isso mais para mim mesma do que para ela.
— Vamos nessa.
Saímos do carro.
Olhando em todas as direções, constato que ninguém se aproxima, portanto o momento é ideal para por o plano em ação.
Cada uma de nós carrega uma mochila, embora só eu vá entrar no laboratório enquanto Natasha me dará cobertura. Achei melhor levar mais uma por precaução.
— Repassando o plano, então: vou entrar lá dentro do laboratório enquanto você fica na cola do homem pra ver se ele não me pega. Mas lembre-se de ser discreta. — sussuro.
— E se alguma coisa der errado eu te ligo. — ela adiciona.
Encaro-a e franzo as sobrancelhas impaciente.
— Claro que não. Se alguma coisa der errado a gente corre. E se uma for pega, não entrega a outra. Mas Você vai ligar pra mim antes disso acontecer pra me avisar que ele tá vindo. Entendeu?
Ela balança a cabeça afirmativamente.
Sem demora, me dirijo ao laboratório e abro a porta com a chave clonada. Na intenção de afastar a ansiedade mentalizo o sucesso que tivemos na execução do primeiro esquema.
Depois de ter ido para a sala do diretor por pichação, Natasha levou três dias de suspensão.
— Até que foi uma pena leve — comento após o fim da aula naquele dia em que executamos o plano um.
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Diverso
Fiksi RemajaElize é uma garota comum, com uma vida comum, que vive em um lugar comum. Contudo certas escolhas que ela faz mudam sua vida de cabeça para baixo, fazendo desmoronar tudo aquilo que ela construiu e no que ela acredita. Por isso, nunca subestime uma...