— Não acredito que vamos fazer isso mesmo. — digo sentindo falta de ar.— Não reclama, tá? Não é você que vai levar suspensão. — Natasha retruca visivelmente mal-humorada.
— Esse plano que você teve do banheiro é simplesmente ridículo.
—Ah, é? Você tem alguma plano melhor por acaso? — murmura .
Não respondo. Claro que não tenho. Ou é isso ou nada.
Mais uma vez sinto dificuldade em respirar. O que eu e Natasha estamos prestes a fazer é bem arriscado, se alguma coisa sair errada estaremos bem encrencadas.
— Fica de boa aí, entendeu? A parte mais difícil nem é essa. — ela olha em volta avaliando o movimento ao mascar seu chiclete despreocupadamente — até porque já fui pega fazendo coisas piores. — ela pisca.
Olho para o relógio e vejo que essa é a minha deixa.
— Vou indo agora. A coordenadora deve estar quase chegando aqui.
— Ok. Vamos começar a festa. — ela me lança um sorriso lupino e tira a caneta preta permanente do bolso. Antes de ir, vejo-a começar a rabiscar no quadro em que a imagem do diretor está pomposamente retratada.
Criativamente ela desenha um par de óculos em seu rosto e adiciona um bigode cômico sobre os lábios murchos do homem.
Ouço passadas vindo pelo corredor e apresso em me esconder. Dobro na entrada do banheiro feminino e fico na beirada da porta ouvindo os passos pesados da coordenadora que está prestes a dar início a primeira etapa do nosso plano para conseguir as chaves do laboratório.
Natasha e eu passamos uma tarde inteira discutindo como faríamos para obtermos as chaves de algumas portas da instituição e de como iriamos pegar os matérias necessários para darmos início a nossa produção ilegal de ecstasy.
No final das contas, acabamos bolando um plano razoavelmente decente que não envolvia arrombamentos ou vítimas fatais.
— Temos que fazer com que você entre na sala do diretor.— explico a ela enquanto desenvolvíamos nossas estratégias de furto no covil secreto do Malcon. — ele é um homem muito ocupado, não vai ser fácil entrar lá.
— A gente podia entrar sem que ele visse. — a garota sugere.
— A sala fica trancada e ele passa o dia todo lá dentro.
— Eu poderia responder algum professor ou algo do tipo e aí eu seria mandada pra lá.
— Responder um professor não é algo tão sério assim que mereça a atenção do diretor. Você seria mandada pra detenção e não pra sala dele.
Ela xinga e comenta:
— Então vai ser algo, tipo, muito sério pra eu entrar lá. Estou até ficando com medo agora. Será que vou ter que apagar alguém pra conseguir aquelas malditas chaves?
— Matar alguém não, mas.... já sei! Ele não gosta de vândalos. Ano passado uns garotos tiveram que pintar as paredes da escola depois de terem sido pegos pichando. E levaram uma suspensão de uma semana depois do diretor ter uma conversa séria com os pais deles.
— opa, opa. Pra começar não quero ser expulsa da escola e segundo, eu nem tenho pais pra virem bater um papinho com o chefão do colégio.— resmungou desconfiada.
— Pichar uma parede não seria uma boa ideia. Também não é pra tanto, mas
poderíamos fazer algo similar e mais simbólico de modo que ele fique muito irritado só que não a ponto de te complicar.
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Diverso
Fiksi RemajaElize é uma garota comum, com uma vida comum, que vive em um lugar comum. Contudo certas escolhas que ela faz mudam sua vida de cabeça para baixo, fazendo desmoronar tudo aquilo que ela construiu e no que ela acredita. Por isso, nunca subestime uma...