Capítulo Oito - quem realmente importa ?

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Estava sentada na cama do meu quarto fazendo o dever de casa de inglês e esperando Natasha chegar e tocar a campainha para fazermos o trabalho de biologia que seria entregue no dia seguinte. Redijo a resposta de uma extensa questão sobre interpretação de texto quando o ouço o toque do meu celular avisando que tenho uma nova mensagem. Leio o nome de quem a mandou. Antony.

'Oi, baby. Td bem com vc? Ei, estive pensando sobre nossa briga e queria me desculpar por ter falado aquilo. Não foi legal.'

'Não foi legal mesmo. Fiquei muito chateada.' Respondo.

'Sinto muito, não vou mais ser assim com você. Eu estava estressado por causa do grande jogo que se aproxima. Vc sabe. :( ' .

Meu coração da um salto e sinto minhas esperança se renovarem. Ele me pediu desculpas!

'Eu sei. Tudo bem eu perdoo você :) '. Envio.

' =D Q bom! A gente deveria sair qualquer dias desse pra comemorar '. Ele digita

' Rsrsrsrs Deveríamos mesmo. Não tem graça ir comer pizza na lanchonete do Bocão sem vc '

As doces recordações dos dias em que saíamos para comer pizza invadem minha memória. Não importava quantas vezes saíssemos para comer pizza, sempre pedíamos os mesmos sabores : calabresa e portuguesa. Nunca enjoávamos e eram nossos preferidos.

' Mas é claro! Rsrsrs Ei, só mais uma coisa, preciso te pedir um favor'

Com essa mensagem, a euforia que acelerava meu coração logo se vai tão rapidamente quanto veio.

' Fala :)'. Escrevo, apreensiva.

' Tô sem tempo de fazer aquele trabalho de biologia que o professor passou. Você pode fazer ele pra mim? O treinador faz a gente treinar tanto pra esse jogo que não sobra tempo pra estudar'

De repente o mundo parece parar de girar. Interesseiro. Eu devia ter percebido logo de cara. Mas ele parecia ser tão sincero, só eu sei o quanto era difícil que o antigo Antony reconhecesse seus erros e se desculpasse por isso. Talvez, ele realmente esteja sem tempo, talvez ele realmente esteja arrependido. Pondero seu pedido e antes que eu perceba, minhas mãos já enviaram a resposta.

' Ok'

' Valeu, pego amanhã com vc, Bj. =* '

' xoxo'

*****

Ouço a campainha tocando e desço as escadas para atender a porta. Quando a abro, vejo uma figura peculiar esperando impaciente, que hoje veste uma saia de couro preta com uma meia calça intencionalmente rasgada da mesma cor, uma blusa de mangas longas listradas de preto e branco e uma trança lateral casualmente jogada sobre o ombro.

— Oi, Natasha. Entra. — a garota sorri, mostrando seus dentes, e se move.

— Casa maneira. — comenta. — seus pais estão em casa?

— Minha mãe não... ela tá de plantão, mas meu pai tá trancado no escritório. Não se preocupe, ele agora praticamente mora la então podemos botar fogo na casa que ele não vai saber. — murmuro sem esconder um certo tom amargo na voz. Desde que o restaurante de nossa família fechou, meu pai não consegue arranjar mais emprego e noite e dia vive trancado na saleta abarrotada de papéis e livros. Nas poucas vezes que o vejo ele parece desgostoso e desolado. De certa forma, noto em sua postura acuada, a dor da culpa e do fracasso.

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