― Explica mais uma vez como você deixou uma suspeita fugir da cena do crime?
Charlotte estava histérica no andar debaixo. A protetora tomava notas rapidamente de tudo o que podia parecer suspeito, antes que os outros protetores chegassem e dominassem a cena do crime.
Ela já havia feito essa pergunta duas vezes e se enfurecia mais a cada vez que o rapaz contava a sua história. Will estava encostado na janela, olhando para os telhados coloniais das casas da vizinhança, quase esperando ver uma sombra esgueirando-se entre eles para que pudesse persegui-la.
― Não era uma garota qualquer e ela não é suspeita, Charlotte. ― Will corrigiu. ― Estamos aqui para resgatá-la, lembra?
― Ah, então, está explicado! ― Charlotte revirou os olhos para Will. ― O seu fraco por mulheres indefesas deve ter afetado o seu bom-senso, Will.
― Não seja ciumenta, Charlotte. Achei que você já tivesse me superado ― Zombou Will ― E eu poderia descrevê-la com muitos adjetivos menos indefesa. ― Will disse quase que para si mesmo.
Charlotte ignorou a provocação, afinal todos já estavam acostumados com as suas brincadeiras de mal gosto. Não era o bastante para não se chatear com elas, mas não lhe daria esse gostinho.
― Você não percebe o que está em jogo aqui, Will? ― Charlotte tentou apelar para a sua consciência. ― Uma mulher morreu e havia uma protetora sem treinamento no local, que desapareceu sem deixar rastro.
― Me poupe, Charlotte. ― Will se voltou para a janela novamente. ― Eu li os arquivos do caso.
― Finalmente tem feito seu trabalho de casa. ― Charlotte zombou.
― Acho que quem tem de começar a fazer alguma coisa é você. ― Will retrucou. ― A garota está se distanciando, enquanto estamos discutindo formalidades.
Charlotte bufou.
― Senhores! ― Ivan bufou, irritado. ― Vocês dois foram admitidos nessa missão como aprendizes. Estão sob as minhas ordens e isso aqui não é uma batalha de egos, estamos entendidos? Existe uma garota confusa lá fora, sozinha, que precisamos encontrar!
― Até que enfim! Chegamos ao meu ponto, precisamos encontrá-la! ― Disse Will determinado. ― Mas, não sabemos nada ao seu respeito. ― Will colocou uma das mãos no bolso, tocou no medalhão, ainda não tinha contado aos outros sobre ele e não pretendia fazê-lo.
Charlotte reprimiu o impulso de esganá-lo e olhou em súplica para Ivan, que bufou, impaciente.
― Não será preciso muito, pois eu conheço seus pais.
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As Raças Irmãs
FantasyNo país insular de Árcade, sob a égide dos Protetores, criaturas fantásticas convivem numa falsa paz. Após dezoito anos de uma guerra que culminou no exílio de todos os Invocadores, não há quem ouse desafiar a soberania dos Protetores e suas regras...