O Banco Central de Brascard não era como Helena imaginava. A estrutura era pequena e não passava de um sobrado pintado com tinta preta e sem janelas. Ela franziu a testa para a estrutura precária, mas não perguntou nada.
Voght foi à frente e cumprimento com um aceno de cabeça o homenzinho parado ao lado da porta, com orelha pontudas, nariz grande e um terno lustroso. Era um duende. Voght conversou com ele por alguns segundos, até que o duende deu passagem e eles entraram.
O interior do sobrado era feito de pisos de mármore e iluminado por uma única luz ao topo. Por dentro era como se tivesse completamente oco. Se não fosse o elevador que os esperava no final daquele corredor.
A caixa metálica ficou pequena demais para o grupo. Helena se espremeu entre William e Charlotte, enquanto outro duende mal-humorado esperava pelas instruções.
― U-hum. ― O duende pigarreou alto.
― S-sim, ab-abertura de contas por favor. ― Voght gaguejou.
O duende puxou a alavanca cromada para baixo e, ao invés de subir, o elevador desceu rapidamente. A cada andar pelo qual passavam um som de sino ressoava e depois da décima vez Helena deixou de contar. Pareciam que estava descendo ao centro da terra, até que o elevador parou subitamente.
― Setor de abertura de contas. ― O duende disse com uma voz fina.
― M-muito obrigada. ― Disse Voght.
O duende bloqueou a passagem do grupo e disse com uma voz mal-humorada:
― Apenas o contratante.
― Precisamos acompanha-la. ― Ivan discordou.
― Apensa o contratante. ― Repetiu. ― Regulamento nº 12, artigo 35.
― Mas segundo o artigo 37... ― Voght começou.
― Esse artigo foi revogado de acordo com as disposições do regulamento nº 26. ― O duende se opôs.
Ante aos argumentos que não pareciam ter fim, Helena deu um passo à frente e o duende à escrutinou com os olhos amarelos e esbugalhados.
― Eu vou ficar bem.
― Vamos esperar aqui. ― Disse Ivan.
Helena assentiu e seguiu o outro duende que havia ido ao encontro do grupo no elevador. Era exatamente igual ao anterior, a diferença era que parecia mais jovens e tinha cabelo escuro. Helena o acompanhou pelo átrio escuro até uma portinhola de madeira.
Eles deram de cara para uma mesa de madeira abarrotada de papeis e um duende de aparência severa e concentrada que estava sentado em um banco de madeira alto. O duende mais jovem apontou para a poltrona em frente à mesa e Helena se sentou.
O duende segurou um dedo no ar, enquanto terminava de preencher a sua papelada.
― Então... ― Helena o interrompeu.
O duende mais jovem lançou um olhar de apreensão e sussurrou:
― Você não pode falar até que seja autorizada, senhora.
Helena concordou e esperou impaciente, enquanto tamborilava os dedos na lateral da poltrona. O duende severo levantou a cabeça e parou de preencher o formulário que tinha em mãos.
― Pois não?
― Abertura de contas. ― Helena respondeu.
― E você é?
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As Raças Irmãs
FantasyNo país insular de Árcade, sob a égide dos Protetores, criaturas fantásticas convivem numa falsa paz. Após dezoito anos de uma guerra que culminou no exílio de todos os Invocadores, não há quem ouse desafiar a soberania dos Protetores e suas regras...