Não sou eu quem a quer. Aquela frase foi repetida diversas vezes. Primeiro para Will, depois para Twyla e Ivan, em seguida para Althariel, depois Charlotte.
A rotina na Academia mudou por completo. Aonde quer que Helena fosse era acompanhada por Charlotte ou Vince. Naquela manhã Thomas correu ao seu encalço.
― Até você?
― Eu sinto muito. ― E sentia mesmo pela expressão culpada.
― Eu quem deveria dizer isso. ― Ela observou Susan do outro lado do pátio explicando algo pela milésima vez aos novos aprendizes. ― Espero que ela não fique chateada.
― Ela vai dar conta.
Wesley e Jim viam na direção oposta, mas mudaram de direção bruscamente quando a viram. Helena riu. Ninguém queria estar perto quando o assassino voltasse para pegá-la.
― Idiotas! Você quer que eu dê uma ocorrência a eles por isso?
― Já é uma ocorrência eles viverem consigo mesmo.
― Está entregue, senhorita. ― Ele fez uma reverência. ― Ah, Helena.
― Oi?
― Não é nada. Só não dê atenção aos boatos.
Helena assentiu e entrou na estufa. Ah, lá estavam eles. Os murmúrios quando ela ocupou a último lugar vago na bancada vazia. O professor que fazia as infusões de folhas não era Godofredo, ele a fitou com interesse e deu um sorriso amarelo.
― O professor caiu nos vasos de Mortiças na estufa de casa. ― Iadala sussurrou ao sentar do seu lado. ― O professor Phineas foi contratado para substitui-lo.
― Oh, o professor, ele...?
― Oh, não, não. Mas precisará ficar no Sirium por alguns meses. O veneno da planta-mortiça não é letal para quem tem contato direto com ele, mas transmite-se por vias aéreas e pode ser fatal. ― Ela explicou.
A poção mudou de cor de verde-musgo para um amarelo mostarda e os alunos deram uma salva de palmas.
― Aprender a arte de fazer antídotos a partir de plantas é uma arte capaz de salvar vidas, senhores. ― O professor Phineas um homem magro de cabelos claros penteados para trás e olhos cinzas feito gelo. As mangas da sua camisa branca estavam dobradas e ao lado de sua maleta de couro, estava dependurada uma bengala de ouro.Helena se concentrou na explicação, mesmo com os murmúrios insuportáveis, que pioraram a medida que a aula avançava.
Thomas acompanhou Helena até o pátio, mas uma Susan descabelada e muito vermelha veio ao encontro deles.
― É uma emergência, Thomas. ― Ela arfou. Ela trazia consigo um jovem aprendiz de aparência esverdeada.
— Desculpa Helena, mais tarde nos falamos. ― Thomas correu com o garoto que parecia mais verde que Vilna.
― Balas de gosma, mas ele é alérgico. ― Susan explicou rapidamente. ― Nos vemos no almoço, ou no jantar, vai saber.
Helena sorriu e olhou o pátio vazio. Estava sozinha, finalmente. Mas não por muito tempo. Brandon e seu séquito vinha ao seu encontro no corredor.
― Ora, vejam se não é a garota morta. ― Ele tripudiou.
Os seus amigos riram feito hienas.
― Eu e meus amigos fizemos uma aposta. ― Ele continuou. ― Como será que Helena Crawley vai morrer, quer participar?
Ele estendeu o pergaminho em sua direção. Cordelia e Olivia estavam participando. Não a surpreendia. Mas até Jacob, Wesley e Jim também o faziam. Aquilo a magoou.
― Todos concordam que esquartejada está ganhando. Afinal, foi assim que ele fez com os seus pais, não?
― Cortados em pedacinhos. ― Hans completou.
Helena o empurrou e tentou sair, mas todos a rodeavam e riam.
― Já eu acho mais interessante o que vai acontecer com ela antes de morrer. ― Ele tocou num dos cachos de seu cabelo.
― Cala a boca, Brandon. ― Ela tornou a empurrar.
Brandon a agarrou pelos cotovelos e se aproximou de um jeito grosseiro. O hálito frio no seu ouvido.
― Ou o que? Vai me matar? Você já fez isso antes.
A magia de Helena irrompeu. Ela não soube o que tinha feito até que viu o pescoço vermelho e queimado depois do tapa que lhe dera. Bolhas de sangue se formaram e a carne fedia a coisa queimada.
― Você vai ver só uma coisa, sua vaca. ― Ele gritou.
Os seus amigos seguraram os seus braços. Ela tentou esquentar o corpo para afastá-los, mas não conseguiu. Obrigada magia por desaparecer quando mais se precisa, ela pensou.
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As Raças Irmãs
FantasyNo país insular de Árcade, sob a égide dos Protetores, criaturas fantásticas convivem numa falsa paz. Após dezoito anos de uma guerra que culminou no exílio de todos os Invocadores, não há quem ouse desafiar a soberania dos Protetores e suas regras...