As Raças Irmãs

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Maggie deixou as meninas mais novas no colégio e dirigiu a van até a decaída zona portuária da cidade. As coisas estavam entrando nos eixos desde o incêndio na semana passada.

Graças ao dissipador as meninas esqueceram o incêndio por completo, assim como todos os vizinhos da rua Pedacinho do Céu. As vezes sonhavam com as chamas e acordavam assustadas durante a noite e Maggie precisava fazer chá de camomila para todas. O pânico era como um efeito cascata.

Amanda era a que mais sentia falta de Helena. Ela foi a única que não engoliu a história de que os pais de Helena tinham ido busca-la. Mas aos poucos ela iria esquecer também.

Maggie estacionou o carro e caminhou até a esquina deserta. O indivíduo de sobretudo preto e botas de couro destoava mesmo nas sombras.

― Você não podia vestir algo mais normal? ― Ela sussurrou.

― Não tive tempo. ― Foi a resposta.

― Alguma notícia do paradeiro dela?

― Não é informação oficial, mas os batedores sinalizaram que ela está em Brascard. Foi vista próximo a um dos comícios dos Profetas do Caos.

Maggie xingou.

― Algum plano de extração?

― Não ainda. A essa altura ela deve estar na Academia de Protetores.

― Isso não é bom. Se nós sabemos aonde ela está, provavelmente ele também sabe. O que fazemos agora?

― Vamos confiar na mãe dela. Ela deixou instruções claras, Maggie. Ela está aonde precisa estar por mais perigoso que seja.

 ― Mas se ele a encontrar... ―  Maggie não conseguiu terminar as palavras.

― Ela está no lugar mais protegido de Brascard.   

Maggie suspirou. Muitos sacrificaram suas posições e vidas em nome daquelas instruções traçadas há tanto tempo. Estavam longe demais para voltar atrás agora. A mulher girou o anel de prata ao redor do dedo. Um costume adquirido pelo tempo. O homem esperava por a resposta de uma pergunta não feita.

Não era como se tivesse o direito de discordar de alguma coisa. Sua opinião não valia de coisa alguma naquele meio. No entanto, ainda assim, a pergunta estava lá. Você ainda está conosco?

Ela assentiu fervorosamente. O mundo desabaria sob a cabeça de Helena e ela seria sugada para algo tão maior que ela. Pobre garota. Mas haviam caminhos que precisavam ser feitos. Decisões difíceis que precisavam ser tomadas. Estava tudo nas instruções. Nas malditas instruções.