Will tomou um gole de vinho, enquanto Thomas sentava de maneira displicente próximo a lareira.
O seu quarto individual no alto de uma das cúpulas era o seu refúgio além dos Clube dos Perdidos e como Thomas era obrigado a manter a ordem entre veteranos e calouros, por ser monitor, era um refúgio para ele também.
― Primeiro aquele garoto do primeiro ano com balas de gosma fora da validade. O idiota come qualquer porcaria que encontra por aí. Depois a menina do terceiro ano com ataques de sonambulismo. Ela quase foi parar na floresta. ― Ele tagarelou. ― Pela primeira vez em anos as correspondências atrasaram.
― Algo estranho está acontecendo, eu sei.Will mal o ouvia.
― Não precisa agir feito um zumbi. ― Thomas jogou uma almofada em sua direção. Ele errou.
― Você está sobrecarregado e paranoico e eu que sou um zumbi?
― Eu acho que alguma serpente curiosa está nos sabotando. ― Ele revelou as suas preocupações.
― Brandon, com certeza. Não esqueceu a surra que levou.
― Eu puni todos aqueles destemidos que apostaram contra ela. Brandon é um cretino!
A imagem de Brandon socando Helena o atingiu. O seu poder irrompeu momentaneamente e ele congelou a taça de vinho. Droga!Thomas o encarava com os olhos semicerrados, então ele foi até a janela.
― Você deveria contar a ela. ― Ele sugeriu.
― Não confio nela. ― Will admitiu.
― Porque não confiaria?
― Porque tem um assassino à solta e ela insiste em descumprir a regras.
O vulto de capa preta havia acabado de entrar nos estábulos. Ele não soube explicar porque sabia que se tratava de Helena. Mas o medalhão que carregava consigo queimou sob as suas vestes.
Thomas era um bom amigo e raramente Will precisava explicar as coisas para ele.
― Ela aprendeu com o melhor. ― Ele disse, enquanto amarrava as botas.
Will não riu ante a provocação. Correu para o seu baú de armas e se armou até os dentes. Leon não seria burro o bastante de se aproximar da Academia, mas ele sabia que um certo centauro com uma lealdade corrompida seria.
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As Raças Irmãs
FantasyNo país insular de Árcade, sob a égide dos Protetores, criaturas fantásticas convivem numa falsa paz. Após dezoito anos de uma guerra que culminou no exílio de todos os Invocadores, não há quem ouse desafiar a soberania dos Protetores e suas regras...