O ar frio da noite fez os seus pelos se arrepiarem quando entrou na floresta escura e ela abraçou o corpo. As arvores retorcidas pareciam macabras à meia luz e o único som que ouvia era o farfalhar do seu vestido longo e as folhas balançando com a brisa noturna.
O bilhete pedia para que os dois se encontrassem na floresta. No lugar em que Helena produziu a sua primeira esfera de fogo com a ajuda de Will. Fogo e Gelo. Helena andou até a pequena clareira e esperou em silêncio até que ouviu passos do outro lado.
Sorriu, instintivamente.
Will saiu por de traz de uma das árvores. O capuz pesado fazia sombra no seu rosto, o rapaz deu um passo à frente sem dizer nada.
― Will, muito engraçado, mas você tá me assustando. ― A sua voz saiu mais abafada que pretendia.
⸙― Você demorou uma eternidade. ― Charlotte pegou a bebida.
― Aonde está Helena? ― Thomas se sentou.
― Não consegue adivinhar?
Thomas negou com a cabeça e Charlotte deu um meio sorriso. A banda voltou a tocar uma música animada e ela tamborilou os dedos na mesa no ritmo da música.
― Vou fingir que você não fazia parte do plano. ― Disse a ruiva. ― Ela está com Will.
Thomas engasgou com a bebida e se levantou de imediato.
― Will?
Charlotte assentiu, semicerrando os olhos.
― Aonde?
― Não sei, eu não li o bilhete. Qual o problema?
― Will não está em Brascard. ― Thomas se levantou apressadamente.
⸙
Will não disse nada, apenas caminhou em sua direção com uma determinação resoluta. Parece mais alto, ela pensou. O seu coração bateu acelerado em seu peito, estava pronta para dizer alguma coisa, quando atrás dele ouviu um rugido familiar.
O animal de aparência lupina e dentes afiados saiu de traz da árvore, faminto e babando. Uma risada gutural rasgou o silêncio da noite e só então ela se deu conta da armadilha que havia caído.
Não era Will por baixo daquele capuz. Um sorriso de tubarão cintilou conforme as nuvens se afastaram no céu e as estrelas iluminaram a pequena clareira. O homem retirou o capuz do rosto e revelou uma pele pálida e macilenta, com ossos sobressalentes. Não lembrava o rapaz gentil da foto no gabinete de Althariel.
― Você! ― Ela acusou.
Leon usava uma capa surrada e roupas rasgadas. Parecia mais velho do que realmente era e apesar de aparentar fraqueza, carregava uma lamina reluzente capaz de cortar Helena ao meio num só golpe. Ela se lembrou de Brandon e de sua maldita aposta. Esquartejada estava ganhando, ela estremeceu.
Não pensou duas vezes e produziu uma esfera de fogo potente. Arremessou em sua direção, mas o assassino desviou com habilidade e deu um sorriso. Zombava dela antes de matá-la.
― Helena Crawley, você tem a audácia da sua mãe. ― Ele caçoou.
― Como ousa falar da minha mãe? ― Ela gritou. ― Assassino!
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As Raças Irmãs
FantasyNo país insular de Árcade, sob a égide dos Protetores, criaturas fantásticas convivem numa falsa paz. Após dezoito anos de uma guerra que culminou no exílio de todos os Invocadores, não há quem ouse desafiar a soberania dos Protetores e suas regras...