Sem conseguir dormir desde que chegará na galeria e com muito nojo do lugar fedido, que era mais podre que os buracos em que Alice já se escondera na vida, a jovem já estava ficando nervosa, enquanto esperava a líder do lugar, que estava debilitada ficar melhor.
Alice estava se sentindo definitivamente no fundo do poço, sentia pena de Ariana, parecia que ia morrer a qualquer momento e ainda mais em um lugar sem condições nenhuma de sobrevivência humana.
Os novos colegas não eram tão assustadores. Se acostumou rápido com as quimeras, Manda a mulher vespa e Brutus o homem crocodilo. Eles eram diferentes de tudo que já tinha visto na vida. Quimeras sofriam muito mais com o preconceito, já que não tinham como esconder o que eram, diferente dos Super dotados e Paranormais. Por um tempo Alice se imaginou como uma quimera. Talvez estivesse a muito tempo morta, ou presa no maldito Completo. Sentia náuseas ao pensar assim. Não desejava isso pra ninguém, ser considerado um monstro.
Lucas era muito inocente. Menino bobo, tímido. Alice gostava dele. Não do seu irmão, Luíz, esse era maldoso, ardiloso, dois irmãos tão diferentes. Alice ficou chocada com as suas histórias e parou de julga-los, a dela não era muito boa também, não podia julgar ninguém. Estavam todos na merda e ela fedia, fedia e fedia.
Assim que o dia amanheceu, Alice foi até Ariana. Já estava á dois dias na galeria e queria respostas. Olhou para mulher idosa imaginando qual seria a sua história, não tinha ido embora, por que sentia a energia de Ariana, mais familiar do que gostaria.
— Seu poder é incrível, criança. — disse Ariana com sua voz fraca.
— E o seu? Como é esse lance com as sombras?
— Elas habitam em mim e eu nelas. Não sei explicar eu apenas sinto, posso ir a qualquer lugar que tenha escuridão, posso habitar em qualquer corpo ou mente, principalmente as mentes perturbadas. — Alice sentiu um arrepio. Ariana continou. — A energia negra movimenta a matéria, está em todo lugar. Onde há luz, há trevas. — mexendo os dedos Ariana fazia as sombras dançarem.
— Sinistro. — a velha riu com o comentário de Alice.
— Por que me trouxe aqui?
— Você precisava de ajuda, estávamos no lugar certo, na hora certa.
— Mentira.
— Claro que é. Seguimos você desde que saiu de perto dela. — disse Ariana. Um breve momento de silêncio fazia Alice pensar em muitas coisas. Principalmente no seu radar indicando que já tinha sentido a presença de Ariana antes, mas não consegui identificar onde e quando.
— Qual é a sua com Agnes?
— Somos irmãs, gêmeas.
— Não se parecem. — Ariana gargalhou.
— Somos gêmeas idênticas, ela devia estar assim aos cem anos, ou melhor. — Ariana olhou nos olhos de Alice. — Eu deveria estar como ela.
— E por que não tá?
— Ela tirou algo de mim, muitas coisas. Muitas.
— Porque? — Alice já estava de cara fechada.
— Perdi uma guerra.
Tudo escureceu. O cheiro era outro. De repente o lugar era outro. Alice caminhava sobre a grama verde de um lugar cheio de árvores. Podia ver de longe a praia. Estava em uma ilha. O sol forte brilhava. O dia estava lindo. Ouviu um estorno vindo de longe. Caminhou alguns passos e viu. Era Agnes, usando uma espada suja de sangue. Seu semblante era algo indiscritivel. Alguém se aproximou, um homem alto, forte, ele a atacou. Mas a espada foi cravada em seu peito. "O que é isso?" — Alice se perguntou com as pernas tremendo. "Guerra" — ouviu uma voz em sua mente. A voz de Ariana. "Guerra pelo que?" — perguntou Alice. "Como pode não saber se você já é um soldado". A voz de Ariana soou sarcástica. "Como assim?" — Alice não queria entender. "Esse papo de heróis, serem usados para mudar a opinião da sociedade. É tudo besteira. Vocês são treinados para lutar contra mim". — Enquanto Ariana falava novas imagens surgiam. Alice viu uma mapa de laboratório. Uma mulher de óculos segurava um recém nascido. O menino tinha olhos vermelhos. "Lucius é o seu nome" — Alice ouvia a mulher falar. "Trara a luz para esse mundo". — continuava a mulher. Uma nova imagem surgiu. Cientistas tiravam partes do pequeno Lucius, sangue, planetas, pedaços de pele. Uma criança abatida surgiu em sua frente. Derrepente viu milhares de bebês chorando. "Foi assim que fomos criados. Todos nós" — dizia Ariana. Alice viu duas meninas usando cinza. Eram as gêmeas. Muitas crianças usando cinza. Vários flashes começaram a padaria rapidamente. Muitas mortes. Humanos mortos, uma pátria se ergueu. Agnes e Lucius discutiam. Entraram em guerra. Ele queira proteger a sua raça. Ela queria viver uma utopia. "Não destruam o lugar é muito lindo" — dizia Alice ao ver as ruínas. Os corpos empilhados. A guerra ExtraOrdinária. Lucius derrotado, caído em um corpo de pedra. Aproximado dentro de si mesmo. "Já foi minha pequena. Já passou. E ela ganhou". Alice sentiu raiva. Como podiam ter destruído um lugar tão lindo. As casas eram brancas, usavam charrete para se locomover, E.O.S estavam livres por toda parte. Tudo destruído. As imagens continuavam se formando. Alice viu uma jovem Agnes perseguir seus irmãos e mata-los, a viu também construir algo. O Complexo. "Maldita! Desgraçada!" — de punhos cerrados Alice socava lembranças.
O fedor votou. Alice estava suada. Ariana gemia de cansaço. A cabeça de Alice doía. Cem anos se passaram por seus olhos. Ela viu, ouviu, sentiu. A verdade doía. Mas era libertadora.
— E agora? — perguntou. Percebendo os outros a sua volta.
— Libertamos Lucius. Salvamos o mundo. O nosso mundo.
— Sim. — disse Alice limpando o suor que escorria de seu rosto.
— Antes, vamos cuidar de você. Eu prometi que ia te ajudar. — Ariana lançou um olhar de cumplicidade.
O sol já estava se pondo quando atravessaram o Vortex de Luiz. Estavam em um bairro de classe média. Fazia frio. Muito frio. Estavam no sul. Alice reconheceu a casa. A rua. As árvores nos jardins. Não conseguia acreditar. Seus antigos pais adotivos estavam sentados no jardim.
— Não. — começou a chorar.
— Isso criança. Transborde.
— Eu quero ir embora.
— Não. Você quer ficar. Sabe o que tem que fazer.
O homem velho estava em uma cadeira de rodas. Sua esposa, se levantou e entrou levando um prato de papa que alimentava o marido. O homem estava completamente imóvel. Babava. Seus olhos viram Alice se aproximar. Ele pareceu estremecer ao reconhecer a jovem em sua frente. A baba escorria. Os olhos se moviam. Olhos castanhos de um pedófilo. Por um momento Alice sentiu algo totalmente diferente. Levou um tempo até se acostumar. Tinha criado um campo de força dentro da cabeça do homem. Ele sangrou pelo nariz, pelos olhos, sua baba se misturou com seu sangue. A cabeça dele pendeu para o lado. Alice apertava os dedos como se moesse o cérebro do seu abusador. Estava morto. A jovem voltou para as árvores. Ariana e Luiz a esperavam. Pode ouvir os gritos da mulher submissa ao ver o marido morto. O som desapareceu conforme o Vortex a envolvia.
— E agora?
— Venceremos a guerra. — disse Ariana pegando nas mãos de Alice e a levando de volta pra casa.
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Vol. 1 Heróis do Amanhã - NOVA ERA
ActionO mundo mudou. Cientistas em laboratório alteram o código genético fazendo nascer pessoas ExtraOrdináriaS. A humanidade tem medo do desconhecido e aquilo que temem quererem destruir. A Oráculo, Agnes Agnel prevê um futuro desastroso, mas também vê...