Agnes/ Oráculo

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Água gelada, refrigerantes e comida, muita comida. Agnes e Kendra organizaram tudo para receber a visita que tanto esperavam, Miguel preparou os quartos de hóspede e fez questão de comprar alguns aparelhos eletrônicos, ele achou que era crucial para essa juventude de hoje. Há tanto tempo eram somente os três naquela mansão. Marcos vivia em Brasília, e César no quartel. Agnes sempre se sentia sozinha, mesmo com o mundo todo em sua cabeça, por mais que ela tivesse um poder tremendamente grande, nada se comparava ao afeto de pessoas a sua volta.

- Será que gostam de doces? Pudim, cocada, doce de leite. - Kendra servia os últimos pratos na mesa.
- Sim eles vão ficar satisfeitos. - disse Agnes com um belo sorriso no rosto. Kendra a admirou por um momento e sorriu também.
- Eu não consigo acreditar que conseguimos.
- Ainda não minha amiga. Ainda não.

Já era hora do almoço quando os carros chegaram, eram cinco no total e estacionaram na porta da mansão. Agnes esperou do lado de fora, queria ver eles o quanto antes possível, era nítido o seu nervosismo. Essa situação a deixou totalmente descontrolada. E isso era maravilhoso.

Um helicóptero sobrevoava a mansão, precausão de César, dos veículos saíram os militares armados, que ajudavam na operação "Heróis do Amanhã" nome dado por César. Ele realmente estava empolgado.

Os olhos de Agnes deixaram escorrer uma lágrima quando o primeiro, assustado saiu, o menino japonês, esse, o mais puro, Agnes sorriu para ele e para sua alegria ele sorriu de volta, se Agnes pudesse mudar o futuro da forma que quisesse esse menino jamais sofreria, em seguida o grande Samuel, ele estava preocupado e olhava para os lados em busca da irmã, se tranquilizou quando a viu e ouviu seus gritos e xingos. Aquela, era muito difícil.

- Malditos! Seus filhos da puta! Me soltem! - gritava Alice. Todos os jovens estavam infelizmente algemados nas mãos e com um colar no pescoço que anulava os seus poderes. Aquilo era doloroso pra Agnes, mas era preciso. Eles ainda não sabiam. Os últimos a sair foram Ricardo e Sofia que estava desarcordada e era carregada por César. Nesse momento Agnes desabou no choro. Era impossível conter suas lágrimas, a tanto tempo não chorava. Quantos sentimentos invadiram a sua mente, naquele momento um quebra cabeças se completava com as principais peça, as peças de sua vida.

- Soltem todos, tirem os colares. - ordenou Agnes dentro da mansão. Os soldados obedeceram.
- Agora podem ir, me deixem sozinha com as crianças.
- Agnes. - protestou César.
- A leve para o quarto. Deixe que descanse. - César obedeceu e levou Sofia. Nesse momento Alice partiu para cima de Agnes.
- Sua vaca! Se acha que vai me prender está muito enganada! Você não tem idéia do que eu sou capaz! Eu posso te machucar muito!
- Aqui parece uma prisão? - disse Agnes com calma. - Eu também não tenho cara de carcereira, não a grades e nem algemas. Não mais. - enquanto Agnes falava Alice olhava para tudo a sua volta. A sala enorme com um jogo de sofás, tapetes bonitos, e um lustre no teto, uma bela escada de madeira levava para o segundo andar, as janelas eram grandes, e as portas estavam abertas. Estavam em uma mansão. "Mas a que preço" - pensou Alice.
- Liberdade. - disse Agnes. A garota olhou assustada.
- Sai da minha cabeça.
- Eu não estou na sua cabeça. Estou no seu futuro.
- Eu não entendo. - disse Ricardo.
- vocês fizeram algo muito importante. Há muito tempo eu os esperava.
- O que você está falando? - disse Alice.
- Gente! É ela! - disse Samuel.
- Agnes. - completou Kenji.

A primeira dama os recebia em sua mansão, a mulher ExtraOrdinária completava a sua mais preciosa visão. O futuro da humanidade.
- Eu os trouche até mim, através de um acordo que fiz. O mundo precisa de gente como vocês, que se arriscam para salvar o próximo, que lutam por aquilo que é certo.
- Eu só queria fugir. - disse Alice olhando para as janelas.
- Aprenda a passar pelas portas e janelas na hora que quiser ao invés de se esconder delas. Eu estou aqui para ajudar vocês.
- Eu não precioso de ajuda.
- Precisamos mudar o mundo em que estamos, estou dando uma oportunidade a todos vocês. Treinem, aprendam a usar os seus poderes, se coloquem no mundo. Sejam finalmente quem são. O mundo precisava de heróis. - Enquanto Agnes falava Kenji se emocionava e Samuel ficava esperançoso.
- Quem disse que eu quero ser um herói! - disse Alice.
- Você. - respondeu Agnes. Os olhares delas se fixaram um na outra. Alice sentia que era verdade, mas também poderia ser algum truque. "Há que preço" - pensava constantemente.

Agnes lhes deu um tempo para que pensassem. Kendra e Miguel se apresentaram e mostraram a mansão para os jovens, nos quartos haviam roupas e Kendra pediu que tomassem banho e vestissem a roupa que quisessem. Se gabou de ela mesmo ter escolhido a última coleção. Alice desconfiava de tudo e todos, mas Samuel estava deslumbrado. Ela não poderia fugir sem ele, teria que esperar.

Aos gritos e lágrimas Sofia acordou. Agnes estava segurando a sua mão.
- Onde eu estou?
- Em casa.
- Não. Essa não é a minha casa.
- É sim. Sempre foi.
- Meu pai! Onde está meu pai...
- Você sabe. - Nesse momento Agnes apertou a mão de Sofia com força e a abraçou querendo colher todas as suas lágrimas. Mas isso ela não podia fazer. Agnes explicou o que tinha acontecido e o que iria acontecer. Falou sobre o futuro e ambas, clarividentes puderam vislumbrar juntas alguns momentos de muita alegria e de luta também.
- Estou com medo. - disse Sofia.
- Eu também. Mas agora estamos juntas. Eu preciso de sua ajuda.

Naquela tarde o almoço foi servido para uma mesa cheia. Era estranho para todo mundo, menos para Agnes que já vira aquela cena tantas vezes no labirinto do seu futuro. Kenji brincava dando apelidos para todos.
- Escudo. - apontou para Alice. - Você só pode ser o Gigante. - disse para Samuel. - Dragão Vermelho e a Aprendiz. - disse para Ricardo e Sofia.
- E você? - perguntou Samuel.
- Eu? Sou o Vulto. - gargalhou. - Oráculo e Exército. - apontou para Agnes e César.
- Muito bem. Gostei de todos. - Agnes disse servindo as sobremesas para os jovens.
- Ainda não entendi qual a desse mina. - disse Alice se referendo a Sofia que mal tocará na comida.
- Foi um acidente. - disse Agnes.

Ao fim da tarde Agnes levou os jovens para andar ao redor da mansão, um belo jardim e um bosque com árvores enormes mostravam como aquele lugar era maravilhoso. Agnes caminhou para o bosque segurando a mão de Sofia. A menina desabou no choro. Homens abriam um buraco no chão e um caixão de madeira avermelhado tinha um corpo dentro. O corpo de seu pai.
- Eu não vou suportar.
- Você vai. Por que não está sozinha.
- Meu Deus! Por que? Agnes me ajuda!
- Acalme-se. - Agnes abraçou Sofia. Os outros jovens se comoveram, César e Kendra colocaram uma coroa de flores sobre o caixão. Alice finalmente entnesne. O pai da garota morreu e ela perdeu o controle.

- Aqui está, Carlos Almeida. Professor com mais de vinte anos na educação, fazendo o Brasil um lugar melhor. Ele também é, e sempre será o pai de Sofia Almeida. Agora e daqui em diante a nossa parceira de equipe. - César discursava como o líder que era. A pedido de Agnes preparava um treinamento militar para aqueles jovens. Ele imaginava o quanto seria difícil, ele, humano, treinando ExtraOrdinários. Mas aceitou o desafio. Era preciso.

A noite estrelada projetou a sombra dos convidados jovens que caminhavam alinhados até a mansão. Estavam todos livres, sem algemas, sem ameaças, com medo, pois não sabiam o que tinha acontecido, tudo foi tão rápido. Agnes era conhecida, mas pouco se sabia dela. Tudo meio que explodiu e derrepente não era preciso fugir. Não naquele momento.

Vol. 1 Heróis do Amanhã - NOVA ERA   Onde histórias criam vida. Descubra agora