Vol. 1 Heróis do Amanhã - NOVA ERA

Ricardo/ Dragão Vermelho

Assim que despertou com uma leve pontada na cabeça, Ricardo procurou por César. Se havia alguém que podia controlar aquela situação era o militar. Com Agnes desaparecida, não havia um líder, olhou para os lados, caminhou por entre os cômodos do quartel secreto. Nada.  César também havia desaparecido.

O  corpo de Ricardo ainda doía por causa das pancadas que levara de Sofia. Mas a dor maior era ter que olhar nos olhos dela e dizer que mentiu. Ficava pensando o quanto era bobo, uma hora ou outra o poder dela iria se normalizar, pois era impossível esconder alguma coisa da jovem paranormal. Ricardo sentia em seu íntimo que  deveria mesmo ter dito a verdade, desde o primeiro dia, porém não era tão corajoso.

Desde criança Ricardo se protegia criando um mundo de ilusões dentro de si. Esperança. Era com o que ele sonhava, nos sonhos ele era um aventureiro, guerreiro, ou super herói, mas na realidade, que era dura e cruel ele jamais fora  um líder. Seu tio o oprimia o suficiente para o impossibilitá-lo de qualquer coisa. Era um dragão de asas amputadas. Imaginava que jamais poderia voar pra longe, até conhecer Agnes e seus colegas. Sonhou na primeira noite em que dormiu na mansão. Não com Sofia a sua ex-namorada. Mas com a loira emburrada, Alice, ela aparecia de vez em quando em seus sonhos. Ele sabia que era errado. Tinha prometido proteger Sofia no leito de morte do pai dela. O homem que tinha morrido por sua causa. Reprimia qualquer sentimento pela loira. Dedicou os seus últimos dias a proteger Sofia, só não pode proteger ela dele mesmo, ferira a jovem que o amava com ilusões, mentiras e uma morte.

O quartel secreto perdera sua líder e treinador. Ricardo não sabia o que  fazer até avistar Kendra que ajudava o pai idoso a se recompor. Os dois eram tão diferentes, mas juntos tinham a mesma sintonia. Ricardo os olhou por um momento. Ficou com receio de atrapalhar a energia que os dois tinham. A única família verdadeira. Pai e filha.

— Desculpe. — disse se sentindo mal em interrompe-los

— Tenho noventa e nove. Não aguento mais batalhas. — Miguel se queixava ao se sentar em uma cadeira.

— Velho guerreiro! Sei que ainda aguenta muitas outras. — Kendra disse tirando um resmungo de seu pai.

Ricardo não entendia como eles podiam estar tão em paz. Era como se nada tivesse acontecido. Como se os dois vivessem outra realidade.

— Vocês não estão preocupados?

— Com o que? — Miguel olhou em cumplicidade para a filha. — Nós já sabemos o fim dessa história meu jovem. Não se esqueça, somos aliados da Oráculo. — nos olhos de Miguel a verdade parecia doce e ingênua.

— Eu não entendo.

— Papai fala algumas abobrinhas. Não ligue. — disse Kendra puxando uma cadeira para Ricardo.

— Eu não quero me sentar! Quero saber onde está Agnes?

— A levaram. E vocês vão salvar ela. Essa é a missão, por isso treinei vocês. — enquanto Ricardo se perdia cada vez mais, Kendra encaixava as peças do quebra-cabeça com facilidade.

— Kendra! Isso é um absurdo!

— Calma, seus amigos precisam de você. — Ricardo ouviu barulhos vindo da outra sala.

— Estão desorientados. Ricardo agora eles só tem a você. — Kendra pegou nas mãos do jovem. — E Agnes só tem a vocês. A equipe.

— Isso é uma loucura?

— O mundo sempre foi e sempre será um hospício.

— Filha, você fala de mim e confunde o garoto mais ainda. Olha jovem, você é o herói aqui, então salve o dia. — disse Miguel sorrindo, um sorriso cansado.