Vick fica detida

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Desci com a minha mala para o térreo, Lucy que estava fechando a porta de seu quarto me olhou com um sorriso estonteante.

- Menina... Que homem é aquele... - Ela olhou para a minha mala. - Esta indo viajar?

- Na verdade não, a Sandy e eu nos desentendemos. Tô indo embora...

- E para onde vai? - Lucy me segurou, ela sabia que eu não tinha para onde ir.

- E você acha que eu sei?

Lucy sorriu amável.

- Sabe que sempre pedi pra você vir para o meu dormitório, e não é por que sou lésbica, é por que realmente gosto de você. - Ela abriu a porta. - Eu estou oferecendo o quarto da minha amiga, que não vai voltar mais... - Ela pegou minha mão e depositou a chave. - Tenho que ir para a biblioteca, fique a vontade e se decidir ficar, faça uma cópia e me devolva a minha, sabe onde me encontrar. - ela me deu um beijo no rosto. - A gente se vê.

- Valeu Lucy! Você é um anjo. E nunca vamos brigar por causa de um cara.

Ela gargalhou auto.

- Melhor uma amiga sapa do que uma puta. Odeio aquela garota... Sabe disso. - Ela abanou a mão para mim e saiu andando. - Tenha um bom dia!!!!

- Até mais! - Abri a porta do quarto com as chaves que a Lucy me passou. Eu me sentia mal pela Sandy, apesar do seu jeito meio torto, nós éramos amigas e eu não queria magoá-la. Suspirei longamente e fechei os olhos pra pensar. Será que o Theodoro merecia isso?

Acabei adormecendo, eu me sentia exausta e acordei com o meu antigo celular tocando. Era o Kaden.

- Droga, eu esqueci totalmente o trabalho!- suspirei e atendi o telefone. - Oi Kaden, como está?

- Gata... Aonde você está? - Disse ele meio nervoso. - Está atrasada vinte minutos... Temos só hoje para fazer essa maquete.

- Desculpa, Kaden, Eu já estou indo! Você tá na biblioteca?

- Estou na única mesa que deu pra ocupar... nos fundos... Vem logo gata.

- Já eu chego aí! - Desliguei o telefone e tratei de levantar, ajeitei os cabelos de qualquer jeito e vesti uma jaqueta sobre a camisa branca, apanhei a bolsa com o material de trabalho e fui o mais rápido que pude para a biblioteca. Como insinuara, Kaden estava na última mesa nos fundos e eu quase corri até ele.

-Cara me desculpa mesmo. Eu perdi totalmente a hora

- Uau... Você esta linda! - Laden pegou uma mexa do meu cabelo, seus olhos brilharam. - Resolveu dar um rapaz no visual?

- Ah, obrigada!- eu sorri sem graça.

Trabalhamos na maquete por pelo menos uma hora e no fim, ficou um trabalho incrível que com certeza nos renderia uma ótima nota.

- Acho que fizemos um bom trabalho, parceiro? ?

- Quer sair para almoçar comigo? - Kaden se curvou para o meu lado, sorriu malicioso, pegando num cacho do meu cabelos novamente. - Eu pago!

- Ah não, Kaden! Mas, obrigada pelo convite.

- Ei?... Por que tá fugindo de mim agora? - Kaden passou o braço pelo encosto do meu banco nem me deu chance de impedir o beijo, ele simplesmente me agarrou, tentei empurra-lo, e quando me soltou dei-lhe um rapaz no rosto, completamente enojada.

- Você é maluco, Cara?!- eu levantei alvoroçada- Que merda, Kaden! Eu nunca te dei liberdade pra isso.

- Para de ser chata... Você disse pra Sandy que é afim de mim, mas não tinha coragem... Não se faça de difícil, todos tão sabendo que você é do time da Sandy.

- SILENCIO... - soou a bibliotecária pelo microfone, olhando em nossa direção.

- Como é que é? -fiquei incrédula e me voltei na direção da bibliotecária.- VAI À MERDA, SRA TRUMAN!- encarei um ponto específico há alguns metros de nós e lá estava a Sandy, sentada com um risinho cínico nos lábios. Ela tinha mexido com a garota errada.

Caminhei até Sandy rápido e não lhe dei tempo sequer para respirar, a arranquei da cadeira pelos cabelos e a joguei no chão, ela me encarou embasbacada e se levantou rápido, pronta para o embate mas, não rápido o suficiente pra evitar o soco que eu dei em seu rosto, ela perdeu o equilíbrio e voltou a cair, recebendo um chute no estômago, eu estava tomada pelo ódio.

- Qual é Sandy? Achei que você era melhor que isso! - Ela se torceu no chão e eu montei sobre ela, eu sentia gosto de sangue na boca, desferi dois tapas em seu rosto e ela parecia em choque. -O que foi? Achei que você gostasse de sentir dor. Vai gozar, Nenê?

Ela estava assustada e eu tomada pelo ódio, continuei a bater em Sandy, lhe desferindo socos que ela tentava inutilmente se desvencilhar, seu rosto estava inchado e eu não me sentia satisfeito. Eu não sei se eu conseguiria parar até que fui arrancada de cima dela por alguém que me agarrou pela cintura e me conteve, ouvi o som das sirenes e eu sabia que estava encrencada, mas tinha valido muito a pena

- PAREMMMM... - novamente a Sra. Truman soou no microfone, os alunos que estavam na biblioteca diretamente uma roda para isolar nós duas, a gritaria para que eu batesse mais nela era geral.

Senti sendo agarrada pela cintura, jogada no chão, fui algemada, Sandy chorava, e eu gritava a chamando de vadia.

- Todas as duas para a delegacia... Agora. - Disse o reitor nos encarando sisudo.

- Eu confiava em você, sua cretina! - As lágrimas contornaram o meu rosto. - Mas, não dá pra ser amiga de alguém que venderia alma ao diabo por uns trocados. Eu devia matar você!

Fui conduzida a delegacia, algemada no banco de trás da viatura e a Sandy no da frente, que me encarava com um sorrisinho debochado pelo espelho retrovisor apesar de muito machucada. Ela não ia perder a chance de me ferrar e eu sabia disso.

Na delegacia, eu sequer pude abrir a minha boca para explicar a sequência dos fatos, a Sandy era a vítima, eu não tinha um arranhão sequer. Tanto ela quanto o reitor prestaram queixa contra mim, e eu fui conduzida até uma cela imunda e fria, ao menos eu estava sozinha na cela, me encolhi em uma canto e deixei as lágrimas correrem livres. Eu estava muito ferrada!

A noite estava muito fria e por um lado, eu me sentia muito grata por ter vestido aquela jaqueta jeans, algum tempo depois vi uma mulher sendo praticamente arrastada até a mesma cela que eu. Ela lançou alguns impropérios aos policiais antes de se sentar ao meu lado na cama dura.

- E aí, o que você fez? - ela puxou assunto.

- Briguei com uma piranha.

- Ah, você é a universitária? Estavam falando de você lá fora

- Falando o que?

- Você não brigou coisa nenhuma, tu surrou a garota.- nós duas rimos- Gata, se você não tiver um bom advogado vai passar um tempinho aqui. Pelo que eu vi lá fora, a sua amiga deu pro delegado pra garantir que ela vai ficar segura e você fora de circulação.

- É bem a cara da Sandy fazer isso. - desabafei

- Não tem ninguém a quem você possa recorrer.

- Até tem, mas eu não quero meter ele nisso, alias eu prefiro que ele nem saiba que eu tô aqui.

MATA-ME DE PRAZEROnde histórias criam vida. Descubra agora