Antony sabe a verdade

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Tom

Eu alimentava uma grande expectativa em relação ao meu namoro com Sandy, iria aproveitar a oportunidade da reunião familiar para pedi-la em casamento. Ela tinha um jeito um tanto vulgar que eu ajudaria a mudar com o tempo, mas tinha certeza que a faria mudar com o tempo, e mesmo com esse jeito e os problemas que ela teve com drogas, eu sabia que finalmente tinha achado a garota certa.

Adentrei o quarto do meu irmãozinho caçula.

- Ei, Andy! Como está?

- E aí campeão... - Nos abraçamos assim que meu irmão saiu do closet. - Que bom que veio, normalmente sempre tem uma emergência.

- Vim por uma emergência! Vocês precisavam conhecer a minha futura esposa! É uma moça simples, mas dessa vez eu sei que acertei.

- Meu Deus!... vai me dizer que quer se casar? - Andrew caiu na risada. - Como você é romântico.

- Eu já tenho trinta e sete, Andrew! Está na hora de ter um pouso. Ela é um pouco jovem, tem só vinte e cinco anos, mas eu sei que é a mulher da minha vida!

- Arrumou um broto, vamos lá conhecer essa garota... - Ele me deu um tapa no braço, enfiou a camisa por dentro da calça. - Vamos descer antes que a mamãe faça a garota desistir de se casar com você.

- E a Natasha? Faço questão de toda a família reunida!

- Natasa já deve ter decido, a porta do quarto dela esta aberta. - Andrew apontou para a porta assim que saímos do seu quarto. - Vamos lá.

Abracei meu irmão pelo ombro e seguimos rumo a sala onde mamãe, Natasha e Sandy conversavam animadas.

-Então minha irmãzinha caçula já veio roubar a minha namorada de mim.

- Oi... - Ela se pendurou no meu pescoço. - Como ousa nos abandonar assim por causa de um hospital, até parece papai que trocou o aniversario da mamãe para uma cirurgia de 12 horas.

- Quando começar a sua residência vai perceber que emergências não esperam, querida Tasha! Você vai saber disso quando alguém romper o apêndice em meio ao seu dia de folga

Me voltei para Sandy e ela estava estranha. Pálida, e apática encarando Andrew como se ele viesse de outro planeta.

- Sente-se bem, meu anjo!

- Só um pouco... - Segurei em seu braço e sorri.

- então essa é a jovem? - Andrew torceu a boca num sorriso, mas não deu a mão para ela, e sim enfiou nos bolsos. - Muito prazer, Andrew...

- Prazer é todo meu... - Ela disse completamente tímida, se encolhendo nos meus braços.

- Eu sou o único aqui que não sou médico e não nasci para isso. - Andrew riu.

- Pare de bobagens, você será um fisioterapeuta muito bom e não deixa de ser um médico! - Disse mamãe.

- Rapazes, está na hora de vocês irem tirar seu tio de perto do bar, lembrem-se do que aconteceu da ultima vez.

- Vamos tomar um ar, meu anjo! - Sussurrei em seu ouvido. - Quero te apresentar a propriedade.

- Vamos... - Ela sorriu parecendo envergonhada.

Apoiei minha mão na base da coluna de Sandy e seguimos para fora.

Saímos no amplo jardim, Sandy se soltou dos meus braços e segurou minha mão, andamos em silêncio e ela parou depois que tomamos uma boa distancia.

- Antony... Eu preciso ser honesta com você e... - Ela olhou para os lados, ajeitando o cabelos, se calou e me olhou com os olhos cheio D'água. - Você vai me odiar e eu entendo isso...

- Do que está falando, Sandy? - Congelei ao seu lado.

- Eu não tive uma vida... Eu... - Sady tapou o rosto com as mãos e chorou, depois me olhou. - Eu fugi de casa, achando que seria uma grande modelo... Mas acabei nas mãos... de um homem... que me mostrou outro lado... da prostituição... - Ela me olhou envergonhada... eu não faço mais isso, tá legal, mas é que... você não pode saber disso por outra pessoa e seu irmão... ele era meu cliente... - Ela se afastou... - Desculpa... mas eu não sou boa para você Antony.

- Andrew era seu cliente? - Levei a mão a cabeça, frustrado com o que ouvi. A tomei pelo braço para que não fugisse e a guiei até um dos bancos do jardim- Eu já sabia, Sandy! Não da parte do Andrew e confesso que isso não me agrada nenhum pouco, mas posso convencer o meu irmão a manter sua grande boca fechada. Eu já esperava por esse momento, Sandy! Não é a primeira vez que eu aparo as arestas de Theodoro Austin!

- Você vai calar seu irmão, mas vai existir outros... e outros... - Sandy sacudiu a cabeça em desespero chorando. - Você vai sofrer... vai me condenar e eu não quero isso... não vou viver no inferno que minha mãe viveu, apanhando por que o meu marido não consegue lidar com meu passado... Olha só para mim, Antony... eu sou vulgar, eu não tenho classe.

-Sandy, eu não me importo com o seu passado. Você será uma Herbert e isso será o suficiente para calar a boca da sociedade, o nosso nome tem prestígio e o que importa é o que eu sinto por você. -me ajoelhei diante dela e estendi a caixinha de veludo com o anel que eu havia comprado para aquele momento- Aceite se casar comigo minha pequena e deixe que eu cuide do resto.

- Antony... Eu... não sei se suporto ver no seu olhar daqui alguns anos a decepção pelos comentários... ser uma Herbert não apaga o meu passado... - Ela levou a mão a caixinha e a fechou. - Sua mãe não vai aceitar isso... Será a vergonha da família.

- Ela tem razão, Tom... - Andrew apareceu atrás de nós. - A mamãe não vai aceitar isso, e não foi só eu quem a reconheceu... a mais dois homens na sala comentando... e a mamãe parece que ouviu.

- Eu não me importo! - Me levantei, tomando Sandy pela mão- Uma pessoa não pode ser condenada toda a vida por seus erros do passado. - Me voltei para ela- Eu cuidei de você, acompanhei a sua evolução. Não me importa a mulher que você era, mas a que você se tornou. Não me deixe, pequena!

Ela me abraçou pela cintura enterrando o rosto no meu peito.

- Tom... Sua vida vai virar um inferno... - Disse meu irmão. - Ela não vale a pena...

- Cale a boca, Andrew! O que você sabe de amor? Nunca amou ninguém! Venha Pequena, vamos conversar com a minha mãe!

- na-na-na- não... - Ela fincou o pé no chão apavorada, parecendo uma criança que iria ser levada dos pais. - Me deixa ir embora... Eu não quero me expor, não estou pronta para isso... por favor?... me leva para a clinica!?

- Você não precisa mais da Clínica, Sandy! Eu estou cuidando do seu tratamento, você precisa se reintegrar a sociedade. Não vamos te expor, só vamos conversar com a minha mãe, é justo que ela saiba!

- Não... não quero isso... agora não.

- Leva essa garota embora... - Andrew se aproximou de mim, falando baixo. - Você quer um escândalo...pare de ser infantil e forçar essa daí a fazer o que não quer.

- Andrew, não se meta! - Enlacei Sandy pela cintura. -Se não está pronta, eu entendo! Vamos sair um pouco! - Me voltei para Andrew. - E você! Nenhuma palavra sobre isso, entendeu?

- Você perdeu completamente o juízo. - Andrew pegou no meu braço antes de sair. - O papai e a mamãe vão vir como lobos para cima de você... Larga essa garota em qualquer esquina e volte pro seio da sua família, Tom... Para de bancar o babaca.

- Andrew, cale a boca!- semicerrei os punhos, desejando lhe dar um suco- Há muito tempo eu não preciso do aval dos nossos pais pra decidir alguma coisa. Vamos, Sandy!

Sandy me acompanhou apreçada, praticamente encolhida em mim, cabeça baixa, destravei a porta do carro e ela entrou correndo e fechou a porta.




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