MATA-ME DE PRAZER

Meleky cuida de Sandy

Sandy

Acordei com a senhora colocando a bandeja ao lado numa mesinha, o cheiro da sopa me fez ter fome, mas meu estômago estava revirado, me sentei e a encarei.

- Tome a sopa e assim que terminar, vou ajudá-la a tomar um banho.

- Eu sei me lavar... - respondi seca, não queria que visse meu corpo.

- Tenho certeza que sabe, mas não nos padrões do Dr. Austin.

Aquele comentário me deu medo, mas não podia reclamar, eu estava sendo ajudada, tinha um teto e estava sendo alimentada.

Puxei a bandeja e com calma tomei aquele sopa, Meleky me deu um comprimido para tirar a dor que sentia e me arrastou para o banho.

Eu praticamente fui esfolada, aquela senhora usou sabonete líquido anticeptico usado em cirurgia, não tinha cheiro, a espuma era densa e a esponja só faltava arrancar a minha pele, estava tão limpa que sentia minha pele ser repuxada.

Ganhei uma roupa neutra bege claro, camisa feminina é uma calça pantalona, sapatilha branca.

Não pude usar minhas jóias, Meleky guardou em uma caixinha é deixou ao lado da minha cama, de novo o sono veio com tudo e percebi que aquele relaxante muscular, na verdade era um calmante, apaguei assim que me deitei.

Acordei e o quarto já estava escuro, minha cabeça não doía tanto, mas tive que correr para o banheiro e por para fora o que estava no meu estomago, era um dos motivos que tinha medo de parar de usar as drogas, a abstinência acabaria comigo em dois tempos.

Lavei a boca e escovei os dentes, me olhei no espelho e me achei uma perfeita cadáver, olhos fundos, dentes amarelados, boca sem cor, cabelos ondulados e sem vida.

Me arrastei para fora da cozinha, Meleky não estava lá, passei pela sala de jantar e ela estava pondo a mesa e não me viu por estar de costas, passei rápido, queria conhecer melhor aquele apartamento.

Entrei na sala de star e me deparei com Theo e Vick sentando e de mãos dadas, ela lia algo da faculdade e ele com alguns papeis nas mãos.

- Boa noite... - Disse quase sem voz.

- Vicky se levantou tensa. - Achei que você ficaria no seu quarto descansando.-ela disse em tom de repreensão

 - Estou cansada de ficar naquele quarto. - Me joguei numa poltrona e encarei Theodoro que me olhava com indiferença. - Continuem o que estavam fazendo.

- Se vai começar a provocação, é melhor nem voltar para o seu quarto... A porta da rua está aberta para você.

- Há... Me desculpa meu amo...

- Não me chame assim... aqui você é apenas uma hospede de minha esposa e minha rainha... Comporte-se se não quiser perder o pouco do respeito que tenho por você. - Theo simplesmente não se mexeu do sofá, do jeito que estava ficou.

- Me desculpa... - Disse me afundando na poltrona. - Posso estudar com você? - Perguntei a Vick, pelo menos ela era boa em me ajudar a se concentrar nos estudos quando morávamos juntas.

- Agora você quer estudar? - percebi a mudança em seu rosto quando chamei o Theodoro de "amo", ela tinha um olhar felino na minha direção- Você pretende voltar a faculdade?

 - Pretendo... encarei Vick. - Não posso voltar a me prostituir, cansei dessa vida, cansei de ser lixo para homens... - Olhei para Theodoro. - Eu quero ser uma arquiteta... quero sair desta cidade... Se quiser me ajudar, se não, eu me viro. - Me levantei para sair da sala.

- Espera Sandy! -ela assumiu uma expressão mais doce- Tem muita matéria que você perdeu.

- Sim... preciso tirar uma boa nota... Se não vou bombar mais um ano... - Ela torceu a boca. - Vai me ajudar a me recuperar?

- É pra isso que servem os amigos,não é? Vamos estudar no seu quarto. Vou te ajudar a por a matéria em dia- Theodoro olhou-a encarou sobre o ombro,depois voltou sua atenção ao seus papeis.

- Acho que podem fazer isso depois do jantar... mande Meleky colocar mais um prato a mesa. - Ele nos olhou novamente. - Estou sendo generoso, mas não pense que será sempre assim.

- Obrigada... - Sorri para Vick e agarrei em seu braço.

- Vamos comer,então?!- Victória sorriu desconfiada

- Eu prometo tentar não decepciona-la. - Sorri e dei um beijo em seu rosto. - Me sinto em casa... - Puxei Vick para ir a sala de jantar, nem esperei por Theo.