Seguimos para o apartamento calados, Vick ainda duvidou que iria mesmo comprar o anticoncepcional, ele sorriu de lado e não disse nada, logo paraso numa farmácia, ele comprou e voltou para o carro me estendendo a sacolinha.
- Não vou forçar você a ter um filho. - Disse a encarando. - Gostaria... Mas não vou passar por cima do seu desejo, talvez você esteja serta, minha vida não é exemplo o bastante para se criar um filho.
Desviei o olhar para o motorista e mandei que seguisse.
-Te decepcionei de novo,não é?
- Não... - Voltei a olhar para ela. - Só pensando no que conversamos...
- Está triste? - ela perguntou beijando o meu rosto.
- Não sei te informar... é sério... A espectativa oi grande... Mas estou mais conormado.
-Eu tenho medo de ter um filho e acabar não sendo boa com ele,como o meu pai não foi pra mim.
- Normalmente somos melhores que nossos pais, Victória... Justamente por não querer ser o que foram para nós.
Respirei fundo resignado, talvez minha vida seria marcado desta forma, grandes amores, mas não deixaria legado. Puxei Victória para se juntar a mim, não dissemos mais nada.
Entramos no apartamento, Vick seguiu para o quarto e eu fui para o escritório buscar uns papeis que deixei, as vezes vick dormia e eu ficava acordado, sofria com muita insonia e ler era o que me ajudava a não pensar na vida e nos erros do passado.
Voltei para o quarto, Vick estava colocando a camisola longa, a noite estava fria, mas o quarto bem aquecido, aproveitei para tirar a roupa, vesti meu short de dormir de ceda, Vick deitou do meu lado e me abraçou.
- Eu acho que tnho aquelas caixinhas que você programa o horario de tomar o remédio, ela abre sozinha e você pode pegar um comprimido apenas, vou acar e te dar, assim não fica feio se precisar tomar num local publico, é até bonita a caixinha.
- É prático! - ela riu. - Eu quero.
- Vou pocurar amanhã assim que acordarmos.
- Meu pai me batia muito. E eu não entendia como ninguém nunca denunciava. Eu tinha hematomas quando ia a escola. Ele me quebrou o braço uma vez,de uma outra a costela e da última ele me mandou pro hospital com um fígado perfurado.- ela sentou e escondeu o rosto entre as mãos- Por que ninguém fazia nada,Theo? As vezes,eu acho que se não tivesse morrido,ele teria me matado.
- Pelo que investigue... Ele era um alcoólatra... Colocava a culpa em você... Sua mãe morreu no parto... Provavelmente isso acabou com ele. - Aquele homem, respirei fundo. - Não vamos falar no passado, isso só nos mágoa... Nós faz sofrer.
Eu preciso falar, Theo! Eu...-as lágrimas começaram a banhar o seu rosto- Eu preciso que você me conheça de verdade,Theo! Que conheça os meus traumas. Eu queria me lembrar de algumas coisas,mas... Parece que boa parte da minha vida,até a morte do meu pai sumiu da minha memória. Ele morreu num latrocínio, uns bandidos invadiram a casa,roubaram dinheiro,joias e mataram o meu pai e a minha madrasta grávida! Eu só não fui morta também porque estava enfiada num grande armário que tínhamos na cozinha
Depois que eles morreram,as assistentes sociais tentaram fazer com que eu ficasse com algum parente,mas todo o dinheiro do meu pai tinha ficado pra o sócio dele,e sem o dinheiro,eu era só um peso que ninguém queria
Então eu fui sendo mandada de lar provisório em lar provisório até ter idade suficiente pra responder por mim.
Em choque, uma eletricidade percorreu minha espinha, soltei Vick às pressas e quando vi já estava em pé, as mãos na cabeça tentando silenciar os tiros e o choro que me invadiam, cai de joelhos.
- Theo! - Ela levantou depressa e veio até mim, se ajoelhando a minha frente. - Não fica assim! Isso foi há quinze anos, já passou! - Ela acarinhou o meu rosto e me beijou. - Eu amo você, Theo!
Puxei Vick para mim, baixinho pedia desculpas, chorei em silêncio.
- Minha mãe era uma pessoa boa, o erro dela foi começar a usar drogas... Estava com ela no quintal dos fundos no Queens... Ela tinha conseguido tratamento com o pastor do bairro, ela estava feliz... - Voltei a chorar. - fazíamos um churrasco, eu ria com ela, fazia planos... Oito homens invadiram a casa... A mataram na minha frente... Só não me mataram por que não... eu não sei... Fiquei com ela vinte minutos até a polícia chegar... Nunca vou esquecer o som dos disparos...
Ela me apertou forte em seus braços e choramos juntos,ela estava totalmente vulnerável e não fazia questão de esconder as lágrimas.
-Isso é horrível!
- Me deixa cuidar de você, Theo
Soltei Victória e a olhei.
- Podemos ser pais diferente Victória... Tenha certeza disso.
Me coloquei de pé, não queria companhia essa noite, relembrar meu passado nao me deixava nada confortável.
- Deite e durma... eu vou para a biblioteca... - Estendi a mão para ela. - Por favor... Preciso ficar sozinho.
- Vai me deixar aqui sozinha,Theo! - Ela estava clamando por companhia.
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MATA-ME DE PRAZER
RomanceVictória German, cursando o último ano de arquitetura. Vê-se atolada de dívidas com as prestações da universidade, nunca se relacionou com nenhum homem em toda a sua vida. Sandy Louis sua amiga de quarto é uma acompanhante de luxo, não esconde isso...