Internato cap 5

1K 73 26
                                    

Você é feliz?

Théo

– O professor Santiago fodeu com meu final de semana – disse guardando meu livro de física na mochila, pois sabia que precisaria dele – Logo na primeira semana e ele passa um trabalho desses?

– É – Bernardo responde sem ânimo. Já fazia uma semana que ele estava assim e eu estava começando a ficar preocupado. Ele apenas me disse que estava chateado e eu imaginei que ele tivesse brigado com Marcelo e a julgar pela distância que os dois mantiveram durante toda a semana, eu julgava estar certo.

– Você vai mesmo ficar mantendo mistério sobre o que aconteceu? – disse me sentando na beira da sua cama – Eu sou seu amigo. Pode me contar qualquer coisa.

Bernardo me olhou nos olhos por um instante julgando se deveria ou não confiar em mim. Confesso que fiquei um pouco chateado com isso, porém revelei. Pelo que ele havia me dito, ele só tinha se assumido como gay para dois amigos e um primo com quem ele teve sua primeira relação sexual. Deveria ser difícil para ele falar desse assunto naturalmente.

– Nós brigamos – ele disse por fim – Eu não quero mais ver a cara dele.

– E brigaram por que? – indaguei.

– Ele não consegue dizer para si mesmo que é gay e não consegue ficar comigo sem sentir culpa depois – contou – Não quero isso para mim.

Aquilo não me pegou de surpresa, pois fazia o gênero de Marcelo esconder quem era. Ele fazia isso até hoje e não tinha coragem de dizer a ninguém. Nem Daniel sabia que seu melhor amigo era gay. Acho que além de mim, ninguém mais sabe disso.

– E isso te magoou – conclui e ele assentiu – Não fica assim, Be. Há muitos garotos nessa escola que você ainda pode se relacionar. Sem falar que ele não merece suas lágrimas.

– Eu sei que não – disse olhando fixamente para o teto – Mas é que eu estou apaixonado por ele.

– Sei que vai ser difícil, mas você tem que esquecê-lo – disse acariciando sua perna – Se ele não está pronto para dar a cara a tapa por você, então ele não é o cara certo.

Ele apenas me deu um sorriso amarelo e eu me despedi dele com um abraço. Peguei minha mochila e fui até o pátio onde esperaria por minha mãe.

– Não está esquecendo de nada? – ouvi sua voz a alguns centímetros atrás de mim.

– Na verdade eu estava pesando se deveria te levar junto – menti me virando para ele que sorria segurando sua mochila vermelha.

– Você não conseguiria ficar o final de semana inteiro sem me ver – ele disse se aproximando de mim.

– Para te ver existe Facetime, Skype, Snapchat e um monte de outros aplicativos – desdenhei falsamente.

– Mas nenhum aplicativo faz isso – ele me beijou envolvendo os braços em minha cintura.

– Tenho que concordar com você nesse ponto – disse me afastando dele.

– Espero que não passem o fim de semana inteiro assim – Daniel disse se aproximando de mãos dadas com Amanda.

– Você pode e eu não? – indaguei.

– Eu sou mais velho – ele respondeu dando de ombros.

Foi nesse momento que a BMW prateada de nossa mãe entrou pelo portão e buzinou para nós. Nós entramos no carro e Daniel me fez sentar-me no banco do carona ao lado dela para que ele pudesse ficar ao lado de Amanda. O problema é que eu fiquei longe de Dylan.

O INTERNATOOnde histórias criam vida. Descubra agora