Superação
Daniel
– Não olhe para ele – disse Marcelo durante o café da manhã naquela segunda-feira nublada – Finja que não se importa.
Tentei. Juro que tentei, mas meu olhar era atraído para Bernardo que por duas vezes o peguei olhando para mim com tristeza. Tive de me segurar para não chorar a medida que eu me lembrava do que ele fez.
– Você vai, Daniel? – Leonardo indagou-me de forma eufórica.
– Vou onde? – perguntei completamente perdido no assunto.
Théo revirou os olhos e segurou a minha mão.
– Ontem quando chegamos em casa você jurou para mim que não se importava mais com ele – Théo me lembrou.
– Eu não me importo – menti.
– Então foca aqui na gente e esquece o Bernardo – Marcelo falou de uma forma firme como se fosse uma ordem – Ele não merece.
Foi quando Dylan sentou-se na mesa com ele. Minhas mãos se fecharam em punhos e se não fosse pela mão de Théo sobre as minhas, eu teria me levantado para socar ainda mais a seu rosto que mostrava as marcas de meus golpes na madrugada de sábado para domingo.
– Vamos embora – falei quase me levantando.
– Você vai vê-lo todos os dias Daniel! – Léo falou – Precisa se acostumar a isso ou vai surtar.
Foi quando Bernardo começou a gritar:
– Cala a boca, porra! – todos no refeitório se viraram para Bernardo inclusive meus amigos e Théo – Você mereceu essa merda dessa surra assim como eu então cala o caralho dessa tua boca e para de me culpar por isso! Esse caralho é culpa de nós dois, seu filho da puta sonso!
– Está tendo uma crise de consciência agora, Bernardo? – Dylan se levantou e igualou o tom de voz ao dele, porém com um toque de deboche – Você não demonstrou ter consciência quando deu pra mim no carro do meu pai!
Pude ouvir um burburinho dos alunos enquanto minha mente formava a imagem dos dois no banco de trás de um carro fodendo. Eu realmente não precisava saber onde foi.
– Vai se foder seu babaca – disse se levantando e cuspindo em Dylan. Bernardo pegou sua mochila nas costas da cadeira e foi embora apesar de Giovana tentar fazê-lo ficar.
Não posso negar que fiquei um pouco mais feliz ao ver sua atitude com Dylan, mas ainda assim aquilo não mudava o que ele tinha feito. Bernardo tinha quebrado minha confiança de uma forma que eu não esperava dele. E deixei minha raiva e decepção bem clara em meu olhar quando ele me fitou esperando algum tipo de reação de minha parte. Depois de um instante apenas virei-me para Leonardo o ignorando.
– Onde eu vou mesmo? – falei forçando um sorriso que saiu extremamente natural. Uma das poucas coisas que aprendi na época em que usava uma máscara para me esconder. Forçar sorrisos convincentes apesar de me sentir péssimo.
Todas as vezes que eu lhe via nos corredores da escola eu dirigia meu olhar a um dos meus amigos para evitar olha-lo nos olhos e me enfeitiçar com a aparente pureza que eles transmitiam. Sabia que não aguentaria. Até no olhar você mente seu filho da puta. Pensei me lembrando do vídeo e da história que ele me contou. Bernardo era tudo menos inocente. E foi aquele seu lado vulgar e egoísta que o dominara. Confesso que houveram vezes em que eu pensei em perdoa-lo, mas eu me lembrava daquele Bernardo do vídeo e só pensava em quando ele me trairia novamente e com quem. Não aguentaria aquela decepção e aquela dor outra vez. Não nasci para isso.
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O INTERNATO
FanfictionQuando Bernardo se muda para um colégio interno descobre que o amor vem do lugar que nos menos esperamos e que se você ama deve lutar por a pessoa que ama venha comigo Embarcar nessa aventura GENTE ESSA HISTORIA EU ENCONTREI NA CASA DOS CONTOS E EST...