internato cap 42

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Expulsos dos góticos

Bernardo

Já fazia um mês desde que meus pais anunciaram a adoção de Ian e Pedrinho. Era maravilhosa a forma como eles ficaram felizes com a notícia. Ian veio me perguntar uma noite se a ideia foi minha ou da minha mãe e eu lhe contei que a ideia tinha partido de meu pai e que minha mãe concordou imediatamente. Ela sempre quis outro filho, mas nunca aconteceu. Minha mãe tinha dificuldades para engravidar e perdeu dois bebês antes de mim. Agora ela estava radiante com Pedrinho que era um garoto maravilhoso e muito inteligente, mais ainda tinha alguns problemas principalmente na hora de dormir. Minha mãe achou que seria melhor colocar o garoto em uma terapia e ele tinha consulta com uma psicóloga uma vez na semana. Ian também passou a frequentar um terapeuta nos finais de semana. Finais de semana em que eu tinha que aturar Dylan na minha casa. Sei que Dylan disse que mudou e que ama Ian de verdade, mas ainda tenho um pé atrás com ele. Se bem que ele nunca mais deu em cima de mim e me trata como amigo. Daniel que não ficou muito animado com a ideia de Ian se tornar meu irmão, pois ele tinha uma pontada de ciúmes de meu amigo, mas ainda assim ficou feliz por ele ter uma família novamente. Ian mudou muito nesse tempo em que está conosco. Sua autoestima subiu bastante e ele não anda mais com medo e apertando o braço esquerdo num ato que me dava aflição. Ele ainda andava com aquelas roupas góticas e ouvia as mesmas músicas, mas podia ver que as vezes ele tentava se vestir e agir de forma diferente como se tivesse finalmente rompendo a casca do gótico deprimido para ser o verdadeiro Ian.

– Quem vai ser o próximo? – Everton perguntou depois que Lorenzo leu seu poema extremamente pessoal em que ele punha para fora toda a dor que ainda sentia pela morte do irmão gêmeo e da mãe em um acidente que somente ele escapou.

– Vocês não acham que essas nossas reuniões já estão ficando chatas? – Ian indagou ligeiramente entediado – A gente vem para a cabana do zelador, ler poemas e ouve as mesmas músicas todas as vezes!

– E o que sugere fazermos? Ir para festas e discutir bobagens como você faz com seu namorado? – Eliza debochou com aquela sua voz infantil – Nem vem Ian! Já roubou Roberta da gente!

– Ninguém me roubou – Roberta disse tirando o capuz da cabeça revelando seus lindos cabelos dourados – Só por que agora tenho outros amigos além de vocês?

– Vocês dois estão se perdendo e você nunca fez parte – Everton disse dando pause no seu celular que transmitia a música Killen all da banda King 810 para uma caixa de som pequena da Beats.

– Se vocês me querem fora eu vou – disse me levantando – Realmente nunca fiz parte disso aqui, mas fiquei por Ian, Roberta e Lorenzo.

– Pode ir então – ele deu de ombros – Irina deixava você ficar aqui, mas eu nunca fui a favor isso. Nosso grupo se tornou uma piada desde que você entrou.

– O grupo se tornou uma piada no dia que você entrou, Everton – Roberta disse se levantando – Eu deveria ter saído no momento em que Irina saiu. Você acha que é fodão, mas é só um babaca.

– Não, esse é o senhor estuprado ali – ele debochou de Ian.

– Vai se foder! – Ian levantou e avançou em Everton, mas eu me pus entre os dois.

– Vamos embora, Ian – disse a meu irmão – Não vale a pena brigar com esse idiota.

E assim deixamos os góticos de uma vez por todas.

Agora Roberta se sentava conosco no café, almoço e jantar se enturmando muito bem e nossa mesa que estava começando a ficar pequena para tanta gente inclusive Patrick tinha voltado ao grupo depois de começar um namoro escondido com Giovana. Segundo minha amiga eles tinhas começado a conversar depois da festa junina e acabou rolando uns beijos e o sentimento começou a surgir. O problema é que ela não sabia como me contar devido aquela história dele ter mentido para o antigo diretor dizendo que eu estava namorando Théo e promovendo orgias em nosso quarto. Mas fazia tanto tempo que eu não pensava nisso ou em Amanda – ex de Daniel – que eu nem tinha mais raiva de Patrick. Foi engraçado o dia que ela tomou coragem para me contar. Foi logo depois de deixarmos os góticos.

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