internato cap 19

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Capitulo dezenove

Vestido de mulher gato

Bernardo

Foi demais para meu namorado ouvir sua avó falando de seu pai daquele jeito. Era horrível vê-la idolatrando o monstro que quase tirou sua vida. Pude ver nos olhos de Daniel a decepção e a dor a cada palavra dita por ela. Foi quando ele soltou minha mão e correu com lágrimas irrompendo dos seus olhos azuis.

– Daniel! – gritei, mas ele não me ouviu então corri atrás dele.

Daniel estava desesperado e parecendo sem rumo. Correu por entre as mesas e passou pela entrada como um raio, mas eu o segui mesmo que ele fosse bem mais rápido que eu. Daniel correu rua abaixo até que se cansou e parou em uma pracinha próxima que se não fossem pelos bares em volta, estaria deserta devido a hora. Dany correu para um balanço de corrente e sentou-se ali.

– Não precisa chorar meu amor – eu disse me sentando no balanço ao seu lado – Sua avó está cega.

– Ela me fez parecer um mentiroso na frente de toda a minha família – choramingou.

– Eu sei – disse apoiando minha mão em seu ombro esquerdo – Mas ela está confusa e abalada com a prisão do seu pai. As mães são assim mesmo. Elas procuram o lado bom em um filho mesmo que ele seja um monstro.

– Isso é estranho vindo do cara cuja mãe o trata feito lixo – Daniel tocou na minha ferida sentido a real necessidade de me machucar.

Aquilo realmente me abalou, pois aquilo era algo que eu esperaria de Théo, mas não do me namorado. Não daquele garoto que fez de tudo para provar seu amor por mim. Aquilo me atingiu como um soco no rosto tamanha era a violência e a covardia de seu ato. Ele não precisava me lembrar que até hoje minha relação com minha mãe estava péssima. Ele não precisava usar aquilo contra mim a troco de nada.

– Você precisava trazer isso à tona agora? – indaguei com a voz fria.

– Me desculpe, Be – ele pediu chorando mais ainda e então pegou em minha mão gentilmente – Eu não tive a intenção de te magoar.

– Teve sim, Daniel – disse puxando minha mão para mim – Eu vi em seus olhos que você quis me ferir. Lágrimas começaram a escorrer por meus olhos enquanto eu lembrava as palavras cruéis que minha mãe me disse naquela noite e que agora parece ter acontecido a tanto tempo embora ainda doessem como uma ferida recente.

Me levantei para ir embora, mas ele pegou minha mão e me puxou de volta para sim me fazendo cair em seu colo. Nossos olhares se cruzaram e assim como vi o quanto ele queria me fazer mal, também vi o quanto ele estava arrependido.

Daniel passou a mão pela minha franja que caia ligeiramente sobre os olhos e me beijou apaixonadamente me fazendo suspirar de desejo. Suas mãos deslizaram pelas minhas costas enquanto as minhas se entrelaçavam por seu cabelo loiro fazendo nossos corpos queimaram como brasa. Era incrível como esse garoto tinha o dom de me ferir e com um beijo tudo estava perdoado.

– Eu te amo – Daniel sussurrou.

– Eu também te amo – disse a ele – Nunca amei ninguém como eu te amo.

– Eu nunca amei ninguém e acho que não seria capaz de amar outra pessoa – ele me deu um selinho – Você me completa e me faz feliz.

– E você faz com que eu me sinta a melhor pessoa do mundo – respondi dando-lhe outro beijo – Quero você para sempre junto de mim.

– Eu sempre vou estar – ele disse afagando meu cabelo me fazendo sorrir..

Daniel retribuiu meu sorriso e nós ficamos ali mais alguns minutos enquanto meu namorado tomava coragem para ir, mas sempre começava a chorar novamente. O consolei e afaguei sua nuca embora eu mesmo estivesse chorando novamente, pois odiava vê-lo daquela forma. Agora eu realmente entendia o que Théo disse sobre ver seu porto seguro desmoronar. Era uma sensação de total desespero, pois se a pessoa que você considerava sua fonte de força havia caído, nada no mundo o faria se levantar novamente. E agora era assim que eu me sentia. Daniel estava destruído por dentro a muito tempo e assim como Théo e eu precisamos de uma rocha para nos firmarmos, ele também precisaria. E eu deveria ser essa rocha. Deveria assumir definitivamente o papel de protetor do meu namorado para que ele não afundasse.

O INTERNATOOnde histórias criam vida. Descubra agora