internato cap 27

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Brinquedo sexual

Ian

O sol bateu em meus olhos me fazendo despertar de um sonho estranho onde eu corria para me salvar de algo que não podia sequer ver. Um sonho recorrente que eu tinha desde os nove nos de idade e que ainda me deixava tenso. Eu estava em uma estrada deserta ladeada por uma densa floresta onde não parecia haver qualquer sinal de vida. Até que eu ouvia o som de uma risada macabra vinda de todas as direções na floresta. Repentinamente a noite caia e a lua brilhava intensamente no céu. Uma densa neblina cobria a estrada a medida que a risada do monstro ecoava vindo de todas as direções possíveis. Então eu corria desesperado até que tropeçava em uma pedra e caia no chão. Sentia as mãos enormes do monstro segurar meus braços então eu acordava. Acordava antes que pudesse ver seu rosto hediondo. Um alivio na maioria dos dias. Mas naquele dia eu preferia ter visto a criatura assassina ao invés daquilo.

Seus braços fortes e peludos envolviam minha cintura me prendendo junto de si. Suas pernas entrelaçavam-se as minhas impedindo-me de sair de perto de seu corpo nu. Olhei para o relógio e percebi que já eram quase oito da manhã.

– Jair? – cutuquei-o na barriga ligeiramente gorda devida aos hábitos sedentários – Ela já vai chegar.

Ele me apertou com força e me deu um beijo no pescoço me causando asco. Levantou-se e foi diretamente para o banheiro de seu quarto. Sentei-me na cama e me olhei no espelho do guarda-roupas contendo ao máximo minha vontade de chorar. Eu odiava o que tinha feito com Jair na noite anterior. Odiava tanto que seria capaz de pegar uma arma e atirar em minha própria cabeça. Passei a mão por um hematoma roxo em meu pescoço causado pelos lábios daquele homem asqueroso e contive minha vontade de chorar.

Ouvi o som da água do chuveiro caindo no chão e Jair começando a cantar Aceita, paixão do Exaltasamba. Foi quando peguei minha cueca no chão e a vesti seguida de minha bermuda e minha camiseta. Saí do quarto de Jair e caminhei pelo corredor cujas paredes estavam cheias de fotos de família. Uma família falsa. Pensei lutando para que tais palavras não saíssem por meus lábios encolhidos em uma linha fina de tensão como sempre que eu deixava aquele quarto pela manhã.

Entrei no banheiro me olhei no espelho mais uma vez. Eu estava acabado! Grandes bolsas arroxeadas abaixo dos olhos que lutavam para ficar abertos. Abri a torneira e com a mão em concha levei água fria até meu rosto na esperança de me livrar das lembranças da noite passada. Me olhei novamente no espelho com aquele rosto escorrendo água e alguns fios de cabelo molhado grudados na testa. Não queria ter vindo ontem. Não mesmo. Teria ficado na escola como geralmente fazia, mas ela insistiu que eu viesse para a festa dele. Estava prestes a dizer não, mas ela o colocou no telefone.

...

– Você vem na minha festa, mano? – Pedrinho insistiu em sua voz infantil – A mamãe disse que vai ter uma cama elástica!

Sorri com a felicidade de meu irmão mais novo. Uma criança de sete anos que eu amava com todas as minhas forças.

– Vou sim, Pedrinho – respondi ao telefone com uma lágrima escorrendo por meu rosto. Amava tanto aquele garoto que suportaria toda aquela tortura só para velo sorrir. De certa forma falia a pena.

...

– Estava te procurando – ele disse entrando no banheiro e fechando a porta com chave – Você não estava na cama essa noite.

– Precisava dar uma volta – respondi olhando-o através do espelho.

Izac se aproximava sorrateiro com um sorriso travesso nos lábios. Seu cabelo castanho quase loiro estava desgrenhado e ele trajava apenas uma samba-canção azul indicando que havia acabado de acordar.

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