Inveja
Théo
Os dias corriam solitários e sem graça. Tomava café da manhã com meus amigos, ia para as aulas, almoçava com as mesmas pessoas, voltava para as aulas, jantava com eles e dormia sozinho. Essa era a minha rotina de todos os dias. Quase não participava ativamente das conversas, apenas observava todos rindo e sendo felizes como eu nunca fui.
Sinceramente acho que a culpa era da minha melancolia exagerada ou talvez ele tenha percebido o quão quebrado eu era. Eu não sabia, mas sabia apenas que Dylan estava se afastando de mim. A cada dia que passava seus beijos, caricias e suas visitas ao meu quarto haviam se tornado cada vez mais raras e rápidas. Lembro que quando ele me beijava, eu me sentia especial e querido, mas agora tal demonstração de carinho havia se tornado mecânica e sem sentido. Até mesmo o sexo havia se tornado diferente de uma forma que não saciávamos um ao outro. Nossa relação estava desmoronando.
– Théo? – Marcelo me chamou naquela tarde quando eu saía do laboratório de química que ficava ao lado da quadra de futsal onde ele acabara de terminar sua aula de educação física.
– Oi – respondi e acenei para meu irmão que retribuiu o gesto para mim do final do outro lado da quadra.
– Você tem fugido de mim ultimamente, mas agora não vai escapar – ele falou com um sorriso, mas pude sentir seriedade em seu tom de voz.
– Eu não estou fugindo de você – respondo fitando o chão ao sentir que meu rosto começou a corar com a mentira.
Na verdade eu estava fugindo dele desde aquele dia a quase um mês quando ele disse que queria conversar comigo. Não é que eu não precisasse conversar com alguém, mas é que eu não queria conversar com ele. Meu ex-namorado e o primeiro garoto por quem eu me apaixonei. Claro que mantivemos uma boa relação após o termino, mas acontece que eu passei a encara-lo como o melhor amigo do meu irmão e nada mais. Não que ele não tenha sido importante na minha vida, mas eu sentia que assim seria mais fácil ficar perto dele.
– Eu te conheço, Théo – Marcelo disse-me com aquele olhar sedutor que me conquistou no momento em que o vi pela primeira vez – Você está fugindo de mim sim.
– Se enxerga garoto – desdenhei dele como normalmente faria – Até parece que eu fugiria de você! – Porém apesar de minhas palavras, algo na minha voz dedurou que eu não estava bem e precisava de ajuda.
Marcelo saiu da quadra e me abraçou apertado em um gesto fraterno assim como meus irmãos fariam e devo confessar que aquilo acabou comigo. Comecei a chorar como não fazia desde o dia em que fui visitar o monstro na cadeia. Marcelo me abraçou ainda mais apertado e começou a acariciar minhas costas.
– Está tudo bem – ele sussurrou em meu ouvido – Está tudo bem.
– Ele me odeia por que era igual a mim – desabafei em soluços devido ao choro descontrolado.
– Eu sei – Marcelo ainda não me soltava – Vamos sair daqui.
Assenti. Estava pronto para larga-lo, mas ele fez algo que me pegou de surpresa e me trouxe várias lembranças de tempos em que eu fui quase feliz. Marcelo me pegou no colo e me carregou como fazia quando namoramos. Ele era bem maior e mais forte que eu e fazia isso como se estivesse carregando um bebê. Eu por minha vez me senti acolhido e repousei minha cabeça em seus ombros e envolvi seu pescoço com meus braços permitindo que ele me levasse para qualquer lugar que ele quisesse. E ele me levou até a arquibancada em frente a piscina olímpica aproveitando o fato de que hoje não haveria treino de natação. Marcelo subiu até o topo e me colocou no banco e sentou-se ao meu lado.
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O INTERNATO
FanfictionQuando Bernardo se muda para um colégio interno descobre que o amor vem do lugar que nos menos esperamos e que se você ama deve lutar por a pessoa que ama venha comigo Embarcar nessa aventura GENTE ESSA HISTORIA EU ENCONTREI NA CASA DOS CONTOS E EST...