Ameaças
Daniel
Ele ali diante de mim daquele jeito fardando com suas medalhas brilhantes e suas condecorações pendendo em sua farda azul marinho e aquele cabelo grisalho cuidadosamente penteado me faziam tremer. Meu pai olhava para nós com soberba e uma pontada de preocupação. Pude sentir Bernardo puxando sua mão para si e olhei rapidamente nos olhos do meu namorado e pude ver a tensão estampada neles.
– Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? – Ele disse naquele tom sério e ríspido que eu já o tinha visto utilizar diversas vezes com seus subordinados.
– Nada demais pai – Fernanda disse fazendo o favor de ser nossa porta voz – Daniel atravessou um sinal vermelho sofreu um acidente de moto, mas não foi nada grave.
Olhei para minha irmã que lutava para manter a calma e a naturalidade, porém o ar pesado daquele lugar a atrapalhava e ela de vez em quando sorria ou mexia nos cabelos na hora errada denunciando seu nervosismo.
– Ótimo! – ele disse acenando para mim com a cabeça – Espero que tenha aprendido a lição garoto.
– Aprendi sim – disse confirmando com a cabeça mais vezes que o necessário o que pareceu patético.
– Mas alguém pode me explicar que choradeira é aquela da sua mãe lá fora? – ele se dirigiu a Fernanda que engoliu em seco – Tentei falar com ela, mas ela me disse para ver com meus próprios olhos.
– Sabe como a mamãe é dramática – Fernanda disse com um sorriso amarelo – Ela só está nervosa por vê-lo assim.
O Meu pai olhava para Fernanda com aquele seu olhar de Major Brigadeiro que sempre nos aterrorizava durante a infância e que nos fazia confessar qualquer coisa de errada que tivéssemos feito. Confesso que fiquei com medo de minha irmã me entregar, principalmente quando ela fitou o chão claramente desconfortável, mas ela não o fez.
– Verdade – ele disse relaxando o tom de voz o suficiente para me fazer respirar aliviado – Ela sempre foi desse tipo de mulher – Ele olhou para mim e então para Bernardo que estava sentado na cama ao meu lado – E quem é você rapaz?
Todos nos entreolhamos enquanto meu namorado se levantava com as pernas bambas e o corpo tremendo como vara verde.
– E-e-eu sou Ber-r-r-nar-r-do – Ele gaguejou.
– Ele é meu namorado – Théo veio em nosso socorro.
Meu pai olhou furioso para meu irmão que o encarava com o olhar firme o que pude ver que fez meu pais se incomodar ainda mais.
– Vocês devem achar que eu sou idiota, não é? – meu pai disse seriamente – Eu o vi sentado ao lado dele e os vi de mão dadas no momento em que cheguei.
– Eu posso explicar... – tentei falar mais fui interrompido.
– QUIETO! – seu tom de voz enérgico retumbou por todo o recinto – Levante-se daí agora e você vai para casa comigo!
– Ainda estou esperando o resultado da tomografia – disse-lhe com a voz tremula.
– Foda-se essa merda! – falou em seu tom ríspido de costume – Você vai para casa comigo!
Ele tentou avançar, mas Théo se pôs na sua frente.
– Ele não sai daqui! – falou abrido os braços.
Porém Théo era um garoto de quinze anos magro e baixo, nunca poderia competir com aquele homem alto e corpulento que era nosso pai. Meu pai o empurrou fazendo meu irmão cair no chão aos pés de Fernanda que gritou. Meu pai avançou em minha direção me fazendo recuar na cama, mas não tinha para onde eu ir. Bernardo tentou impedi-lo, porém meu pai o golpeou no rosto o fazendo cair na cadeira de acompanhante ao lado da cama.
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O INTERNATO
FanfictionQuando Bernardo se muda para um colégio interno descobre que o amor vem do lugar que nos menos esperamos e que se você ama deve lutar por a pessoa que ama venha comigo Embarcar nessa aventura GENTE ESSA HISTORIA EU ENCONTREI NA CASA DOS CONTOS E EST...