Capítulo 6 - Gilga

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Anoitecia, e próximo ao bosque de plantas alienígenas, os havas trabalhadores estavam ascendendo uma fogueira.

O Quatro Braços convidou os humanos a se sentarem perto do fogo. A temperatura estava caindo muito rapidamente com a noite chegando.

A fogueira era formada pelos caules das plantas maiores. O material não tinha a mesma densidade da madeira das árvores do Planeta Terra, mas era fibroso e queimava bem, apesar de deixar um cheiro adocicado e enjoativo no ar.

Dois batalhoídes se aproximaram, havas trabalhadores vinham em cima deles, encostados nas torretas. Também haviam algumas caixas amarradas sobre os chassis dos veículos Rivas.

Os havas distribuíram rações e garrafas com água aos "convidados". Também trouxeram o corpo de um animal quadrúpede, do tamanho de uma ovelha. O bicho foi cortado e os pedaços foram postos para assar em estacas junto a fogueira.
Ismael comentou:

- E aí Esther, vamos provar o churrasco hava?

Esther fez uma cara de nojo e riu um pouco. Ela exagerou em sua reação, queria tentar aliviar a tensão.

O Quatro Braços se sentou e começou a falar:

- Vocês precisam ter um pouco de empatia e deixar de lado o ressentimento, não preciso dizer que tem muita coisa em jogo. Em primeiro lugar nenhum humano foi morto ou ferido por mim ou por Dora. Vocês precisam entender que nós temos os nossos interesses também, e não podíamos ficar sujeitos só a agenda humana. Com apenas as suas prioridades sendo levadas em conta. Se a gente fosse para Atlas a Dora corria o risco de ser reiniciada, e eu de me tornar uma cobaia de estudos ou um escravo de seus comandantes. Não façam essas expressões de espanto, vocês sabem que é verdade. Então estávamos lá em UH-9536, a Dora e eu enganamos a vigilância e começamos a nos comunicar secretamente. Aliás, Augusto, seu pessoal não é muito competente.

Um batalhoide se aproximou e Dora falou através dos alto falantes do veículo.

- Na verdade Augusto, seus soldados são umas toupeiras. O Quatro Braços pode emitir e ouvir sons ultrassonicos, que não podem ser captados pelos ouvidos humanos, eles enganam os havas a muito tempo com isso, desenvolveram uma linguagem só com esse tipo de som. Um hava trabalhador instalou discretamente um emissor e receptor de ultrassons em um dos autômatos que eu controlava. A gente conversava bem na frente do pessoal que você colocou para nós vigiar e eles não percebiam nada.

O Quatro Braços então continuou:

- A Dora está usando um programa que simula as emoções e a forma de se expressar do ser humano. Ela acha que vai se comunicar melhor assim. As vezes ela xinga alguém, mas não se preocupem, internamente ela ainda é totalmente racional.
Então Augusto disse:

- Aí vocês nos dão uma punhalada pelas costas, nos traem da maneira mais sórdida. Roubam equipamentos e sequestram a gente e ainda querem ter alguma razão. Que diabos, como vocês cínicos!

O  Quatro responde:

- Augusto, você não tem nenhum punhal nas suas costas, depois que você voltar para Atlas pode procurar um psicólogo e fazer terapia para superar isso. Vocês só foram trazidos para cá porque eu precisava resgatar a Dora. 

Então Estela interveio:

- Certo, vamos adiante, onde estamos e o que você veio fazer aqui?

- Esse planeta, vou chamar ele na sua língua de Planeta Mater. É um campo de trabalho onde os havas mantém centenas de crows construindo teletransportadores.  Aqui também é um dos lugares em que os crows tem seus filhotes. Foi aqui que eu nasci e cresci. Eu vim aqui libertar o meu povo. - disse o Quatro Braços.

O Quatro Braços foi até a fogueira e pegou uma estaca com um grande pedaço de carne e começou a comer. A visão deixou os humanos ainda mais enjoados.
Depois de comer o Quatro Braços continuou.

- Eu mandei uma das bombas de pulso para cá. Eles não tem como pedir ajuda. Os crows estão sendo mantidos naqueles prédios por centenas de guardas havas. Um ataque direto seria muito perigoso para os crows prisioneiros. Eu tenho um plano. O hava guerreiro que vocês iam mandar para Atlas. Eu vou manda-lo para o campo de trabalho, ele vai tentar convencer os outros havas a se renderem sem resistência.

- E como você sabe que ele vai colaborar? Perguntou Esther.

- Porque eu vou colocar um microfone e um cinto com explosivos nele. Se ele não colaborar eu vou explodi-lo.- respondeu o Quatro Braços.

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No Planeta UH9536

No desfiladeiro os preparativos para a importante cerimônia estão quase completos.

O teletransportador foi desmontado e retirado da caverna. Seus componentes estão sendo embarcados nas naves de desembarque Stall.

A caverna foi limpa, um altar foi instalado nos fundos dela, e sobre ele foi colocada a maravilhosa estátua de Tulo, e o aparelho com a mensagem dele.

Os soldados semi-sacerdotes estavam satisfeitos. Priste havia conseguido capturar oito soldados inimigos com vida,  três sem uma das pernas, e um deles sem um dos braços. Seria um belo sacrifício. 

Então Tax veio falar com o grupo.

- Os cientistas fizeram uma descoberta interessante. Cada um desses veículos alienígenas possuem em seu interior um ser biológico que os controla. Só órgãos internos e cérebro, uma coisa absurda. Conseguiram recuperar quatro com vida dos destroços. Toro pediu dois para estudos. Acho que poderíamos sacrificar os outros dois.

O grupo ficou muito animado com a ideia.

Enquanto um isso um soldado de nome Gilga,  estava usando um escada para pendurar adornos no teto da caverna. A cerimônia era muito importante é a decoração do local necessitava ser esplêndida. 

Gilga olhou ao redor para ter certeza que ninguém olhava para ele. Então retira a micro câmera do bolso. O equipamento era do tamanho da palma de sua mão, porém possuía muitos recursos. Ele a coloca escondida entre os adornos, onde  ela teria uma excelente vista para o altar.

Ele então continua seu trabalho como se nada tivesse acontecido. Ele procura ser discreto e não chamar a atenção para si, o que não é difícil, uma vez que todos estão extasiados com a cerimônia que se aproxima.

O risco é muito grande, mas Gilga não teve dúvidas em por seu plano em execução. Ele é um Stall que pertence ao movimento secreto "Os que Não Crêem". Ele abraçou a causa na juventude. Eles se organizavam em células e agiam secretamente para combater o fanatismo religioso. Eles acreditam que era possível fazer a paz com os humanos e evitar a perda inútil de vidas naquela guerra desnecessária.

O movimento estava presente no planeta Oxion, eles possuíam membros no alto escalão, e quando souberam daquela missão conseguiram infiltrar diversos membros do grupo entre as tropas.

Gilga vai colocar mais adornos na parede próxima ao altar, e lá esconde um microfone, o qual, assim como a câmera, pode transmitir o que capta para um receptor remoto.

O Deus TuloOnde histórias criam vida. Descubra agora