Capítulo 57 - Hexápodes

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No Asteroide FK 625

As dezenas de torretas do lado do asteroide onde ficava a área de saída do hiperespaço dispararam simultaneamente. As dezenas de alvos iniciais foram atingidos com precisão.

Os feixes de partículas e as rajadas de plasma atingiram o centro dos objetos, penetraram nas suas carcaças metálicas e mataram quase que instantaneamente os cérebros dos seres biológicos.

Aqueles seres que chamavam a si próprios de hexápodes, eram formados por uma cabeça, onde havia um cérebro altamente desenvolvido e seis tentáculos enormes.

Os trajes espaciais deles eram formados por um casulo ogival onde ficava a cabeça, a qual era ligada cirurgicamente aos computadores que comandavam as câmaras de vídeo, sensores, armas e propulsores do conjunto.

O tentáculos saiam do casulo e ficavam no interior de capas formadas por um tecido resistente e flexível. Todo o conjunto era pressurizado, porém os hexápodes possuíam a habilidade de lacrar hermeticamente as células de sua pele e todas as aberturas de seu corpo e com isso sobreviver alguns minutos no vácuo do espaço se fosse necessário.

Quando os disparos das torretas começaram os hexápodes já estavam com três tentáculos onde estavam conectados os propulsores voltados para trás e com os três tentáculos conectados com as armas apontados para as torretas.

Seguindo o plano os hexápodes que não haviam sido atingidos acionaram seus propulsores ao máximo e aceleraram em direção as torretas, as quais já estavam passando a mirar nos alvos secundários.

A segunda série de disparos atingiu dezesseis hexápodes nas cabeças. Mais doze foram atingidos nos tentáculos, sendo que esses últimos acionaram os sistemas dos casulos em que uma porta se fecha cortando o tentáculo próximo a sua base. O sistema de circulação sanguínea dos hexápodes era especialmente projetado para lidar com a perda de tentáculos sem problemas de hemorragia.

Dos dezesseis hexápodes mortos na segunda onda disparos, quatorze colidiram com as torretas, destruindo nove e danificando seriamente outras duas.

Cada hexápode estava disparando suas três armas de partículas. A blindagem das torretas resistiu aos disparos inicialmente, porém depois de receber algumas dezenas de tiros algumas delas ficaram inutilizadas.

Os hexápodes então viraram os tentáculos com os propulsores para frente e começaram desacelerar. A força G dessa manobra teria feito um ser humano desmaiar, mas para os hexápodes ela não era nada além de um pequeno desconforto.

Os tentáculos foram usados para amortecer o impacto com a superfície do asteroide. Alguns hexápodes pousaram próximo das torretas, e alguns deles desceram diretamente em cima delas. Os tentáculos foram agarrando as armas das torretas e as arrancaram.

Os projetistas das torretas nunca imaginaram criaturas arrancando as armas com tentáculos, então a fixação delas era bem fraca, ainda mais naquela gravidade muito fraca do asteroide, onde o peso das armas era insignificante, e apenas dois parafusos pequenos as prendiam nos suportes giratórios.

Mesmo se as armas fossem fortemente presas as torretas não faria muita diferença. Os tentáculos dos hexápodes eram muito fortes, capazes de arrancar as pernas de um ser humano.

As poucas torretas que sobreviveram conseguiram abater mais alguns hexápodes antes de serem destruídas por tiros ou terem suas armas arrancadas.

Um hexápode estava no alto de uma torretas, então um dos tentáculos dele pegou um cilindro que estava preso na parte externa de seu casulo e o arremessou horizontalmente em direção a uma das comportas de carga do asteroide. Enquanto o cilindro flutuava as luzes em suas laterais se acenderam, o que indicava que seus eletroímãs se ativaram.

A pequena gravidade do asteroide foi atraindo o cilindro, o qual passou a se aproximar cada vez mais da superfície. Quando ele passou por cima da comporta os imãs o fizeram ele ser atraído e se fixar na grande placa metálica que fechava a doca de carga.

A luzes do cilindro começaram a piscar em um ritmo cada vez mais acelerado, enquanto os hexápodes se afastaram e se abrigaram nas reentrâncias do asteroide.

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No Planeta Ukar

A Soldado do Futuro estava com os demais humanos na plataforma elevatória descendo na grande trincheira. Ela se volta para os demais e disse:

- Vocês podem me chamar de Dri, e Carlos, o que achou do plano? Acho que você deve ter analisado ele, apesar do pouco tempo.

Carlos olhou para os paredões de rocha e em sua mente reviu os mapas e esquemas táticos. Então depois de um minuto ele diz:

- Como vocês sabem as quantidades e os tipos de soldados inimigos que vão estar naquelas instalações? Como conseguiram aqueles dados? Se a gente chegar lá e tiver mais tropas inimigas no local, ou se houver alguma diferença nos sistemas de segurança da base, nós vamos estar fodidos.

A Soldado do Futuro olhou para o acampamento dos humanos que ficava a pouco mais de quinhentos metros da plataforma elevatória, era muito estranho ver aquelas barracas novamente. Ela não aguentava pensar que a missão dela podia falhar, ela achava que não iria aguentar ver seus amigos morrerem novamente. Ela se virou para Carlos e disse:

- Na verdade é simples, no futuro nós tomamos a base, conseguimos decodificar o banco de dados deles e os registros de segurança. Eles mantêm os dados por décadas. Vai estar tudo como descrito no plano. A não ser que eles fizeram outra viagem no tempo e tiverem armado uma armadilha pra gente. Sim, isso pode acontecer. Mas acreditem, vale o risco.

- Que maravilha no final podemos estar indo para a morte certa. - disse Fernanda.

- Na verdade pode até ser pior, podemos ser capturados e torturados com agulhas sendo colocadas debaixo das nossas unhas e coisas assim, ou sermos estuprados por alienígenas. - disse Ismael.

- Vai dizer que você nunca fantasiou com alien? - Perguntou Esther.

- Pra falar verdade já, mas no momento prefiro atirar neles, e ficar com um lindo e forte soldado humano. - respondeu Ismael sorrindo.

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A Soldado do Futuro levou os humanos diretamente para a sala de reuniões, e depois de repassar com eles o passo a passo do plano, eles embarcaram em veículos autônomos e foram para a instalação onde ficavam os teletransportadores.

Dri havia trazido a assinatura gravitacional de um planeta muito parecido com o Planeta onde estava a base kleo. Ele estava desabitado e era ideal para o treinamento daquela missão.

Depois que desembarcaram dos veículos a Soldado do Futuro disse ao grupo:

- Como já conversamos chamaremos o planeta da base kleo de Planeta Alvo. E o planeta para onde vamos agora de Planeta Treino. Nós vamos usar o novo teletransportador furtivo. Quando o objeto sai do hiperespaço na atmosfera no planeta não há a emissão de quase nenhuma luz ou radiação. Para isso não é possível mandar uma cápsula. Apenas uma carga um pouco superior a cento e vinte e cinco quilos. Nós vamos um de cada vez, com o traje de planagem, paraquedas de aterrissagem, armas e munições, e o mínimo de equipamentos, sem nenhuma proteção. Mesmo porque nós vamos sair e planar, nada pode cair no solo e possivelmente ser detectado pelo inimigo. Vamos lá, vamos fazer esse treino valer a pena, só teremos tempo de fazer isso umas poucas vezes.

O Deus TuloOnde histórias criam vida. Descubra agora