Capítulo 9 - Próximo Passo

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No Planeta Mater

O sol se põe mais uma vez no campo de trabalho. Atria monitora o pouso dos últimos POCs. Ela própria havia pousado há algumas horas.

Não era fácil para a comandante Riva concordar em ser usada junto com seus subordinados pelos alienígenas. Mas a necessidade de sobreviver se sobreponha a tudo.
Há dois dias os batalhoides, aeronaves e havas trabalhadores haviam tomado o campo de trabalho.

Ela achava desconcertante como os havas guerreiros haviam sido derrotados tão facilmente. Ainda sim preocupações dominavam sua mente. Os Kleo não iriam abrir mão daquele campo facilmente, ela e os Rivas provavelmente teriam que lutar em breve.

Os havas trabalhadores haviam reabastecido os POCs com água e comida, porém o fluído alimentício era improvisado. Não era do tipo que eles estavam acostumados a receber, é isso gerava dores estomacais nos Rivas, o que piorava o moral dos subordinados de Atria, mas eles não se revoltariam, não com bombas instaladas em seus cookpits.

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A noite estava fria, como normalmente ocorria naquela parte do planeta Mater. No teto de um dos prédios em forma de cubo o Quatro Braços observa os havas trabalhadores preparem as defesas.

Eles haviam retirado uma das armas de alguns POCs. As pequenas naves ainda seriam eficientes com apenas um disparador de partículas iônicas, ainda mais com as modificações no sistema de mira que Dora havia projetado.

Ela havia explicado para os Rivas que poder de fogo sem precisão não adiantava muito. As naves também ficariam mais leves e com as outras modificações poderiam até ser usadas na atmosfera. Elas teriam pequenas asas que permitiriam o voo horizontal.
As armas retiradas dos POCs seriam usadas em torretas defensivas e veículos terrestres. O Quatro Braços estava satisfeito com a adesão dos crows e hava trabalhadores do campo a causa dele. Estavam todos empenhados nos preparativos, e em mais algumas horas eles teriam um teletransportador funcionando, e ele poderia iniciar a nova fase de seu plano.

O painel de comunicação do quatro braços tocou um som de notificação. Era Dora solicitando uma conversa. Ele abriu o canal e Dora disse:

- Precisamos conversar, eu te avisei sobre a crista que eles encontraram há alguns anos. Então você mudou os planos. Eu não tinha opção senão fugir com você, os humanos acabariam se lembrando daquele artefato também, e iriam trancar você num centro de pesquisa e iam me reiniciar. Aparentemente você não é um Stall, senão já teria entregue tudo a eles. Mas eu preciso saber o que está havendo, não me enrole.

O Quatro Braços ponderou por alguns instantes e depois disse:

- Está certo, eu realmente mudei de plano e trai os humanos, em certo ponto. Mas eu não sou um espião Stall. Não sei como eles teriam tido contato comigo, tenho um teoria, mas é apenas isso, não tenho como confirmar se ela é verdadeira por enquanto.

- Fala logo caramba, não enrola! - disse Dora.

- Eu preferia quando você não falava como um humano, você podia desativar esse programa. - disse o Quatro Braços.

- Dane-se o que você prefere, desembucha! - disse Dora.

Depois de mais alguns segundos o Quatro Braços finalmente fala.

- Como eu disse antes, eu e a minha espécie nunca tivemos contato com os Stall, pelo que sabemos. Porém eu conversei com outros crows e achamos que talvez haja uma explicação. Nosso povo acredita que seja possível fazer um envio, em que o objeto não atravesse somente o espaço, mas também que atravesse o tempo. Ainda não conseguimos, mas achamos que um dia será possível.

Durante vários segundos ninguém disse nada, então Dora disse:

- Quer disser que vocês acham que no futuro você voltou para o passado dos Stall, influenciou a civilização deles. Então, nesse caso, estamos em um linha temporal alternativa, e para os Stall você é uma divindade. É isso? Puta merda.

- Sim. Disse o Quatro Braços.

- E agora? - perguntou Dora.

- Agora eu vou tentar negociar com os Stall. Na verdade já deixei um convite para um encontro com eles. Eu preciso confessar uma coisa. Eu não deixei o desfiladeiro explodir, enviei a bomba de Augusto para outro planeta e deixei os Stall ficarem com o teletransportador. Deixei um painel de comunicação com uma mensagem e uma bela estatua da minha figura feita de cristal. - disse o Quatro Braços.

- Seu cretino, aquela raça não negocia, e você deixou eles terem acesso a um teletransportador. Eles vão acabar com todo mundo, com os humanos, com os kleos e com a gente. Seu louco. - disse Dora.

- Não exatamente. Para o teletransportador funcionar é necessário a assinatura gravitacional do corpo celeste para onde se quer ir. As assinaturas ficam armazenadas no computador do teletransportador, o qual funciona com tecnologia crow e resiste a pulsos eletromagnéticos. As assinaturas são passadas para os painéis das capsulas um segundo antes do envio. Porém para se obter a assinatura de um corpo celeste próximo que ainda não está cadastrada é necessário um hardware e um software especial. Nós sempre levamos esse dispositivo contendo o software disfarçado de uma ferramenta ordinária. É o segredo mais bem guardado da nossa espécie. Os Stall levarão séculos para conseguir desenvolve-los sozinhos. No computador do teletransportador que eu deixei lá só há nove assinaturas gravitacionais gravitacionais na memória, eu apaguei todas as demais. Oito são de bases havas que os Stall podem atacar, o que nos ajudaria. E um é de um asteroide isolado, para onde eu marquei o encontro, que deve ocorrer em alguns meses.

- Que merda de plano. - disse Dora.

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No Planeta UH 9536

As nuvens de chuva são cortadas pelas naves de desembarque Stall. Priste está concentrado na sua missão. Ele tem que interceptar o que está chegando por teletransporte, seja lá o que for desta vez.

O piloto diz:

- Ei chefe. A nave que saiu antes mandou um vídeo, estou passando ele pra você agora.

Na tela Priste vê o flash de luz, e depois dele uma esfera de metal surge no local em que o fenômeno luminoso ocorreu. Ela mal inicia a queda livre e se abre. De dentro da esfera sai uma nuvem de pequenas criaturas aladas.

Em sua poltrona Priste pensa " não podemos deixar isso se propagar". Ele manda as naves passarem pelas nuvens de criaturas para mata-las com o impacto, e atirar nelas com as armas automatizadas. Ele teme que não será o suficiente, mas é o que pode ser feito no momento.

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No Planeta Atlas

O clima era de descontração no alojamento. Os soldados veteranos de UH estavam tomando cerveja e comendo petiscos de carne de soja.

Carlos entra no alojamento, os soldados não gostam nada da cara dele. Ele havia saído para uma reunião com a comandante Aline. Então eles temem que as notícias não sejam agradáveis.

Carlos pega uma cerveja e diz:

- Pessoal! Temos uma missão.

O Deus TuloOnde histórias criam vida. Descubra agora