No Planeta Mater
A tarde caiu sobre a entrada na caverna, o Quatro Braços está sentado em uma pedra usando seu terminal portátil. Na tela ele vê as imagens enviadas pelos autômatos de Dora, elas mostram as pequenas aeronaves humanas sobrevoando a área de saída do hiperespaço. Elas dão cobertura para os veículos terrestres que descem de paraquedas.
Ele vê uma imagem aproximada da pequena aeronave, ela possui asas dobráveis e as turbinas estão fixadas em suportes independentes, que podem vira-las para baixo e permitir o pouso vertical. O cockpit é muito compacto e o piloto humano dispõe de um espaço mínimo, sendo que os humanos maiores não servem para pilotar aquele tipo de aparelho.
O Quatro Braços olha para os pequenos veículos terrestres e acha que a blindagem leve deles não tem nenhuma chance de resistir aos disparos de feixes de partículas do inimigo. Ele está muito preocupado com posição frágil em que se encontram, porém ele procura pensar que em breve a evacuação do planeta estará concluída, e eles estarão fora do alcance dos Kleo e dos humanos. Ele entra em contato por rádio com Bule:
-Como está o cronograma de envios?
-Sem nenhum atraso, a maior parte dos crows, incluindo os seus filhotes já foram mandados para o Planeta Ukar. - disse Bule.
-Certo, mantenha o andamento dessa evacuação, não podemos confiar nos humanos, assim que eles tiverem tropas o suficiente eles vão nos trair. - disse o Quatro Braços.
-Você que os conhece a mais tempo do que eu, se você diz que farão isso, então eu não duvido, porém me preocupa mais aqueles monstros meio hava meio crow, já imaginou se centenas deles viessem de uma vez, a gente estaria perdido, a propósito, os havas trabalhadores não querem mais fazer esse tipo de missão de alto risco, eles dizem que já há unidades robóticas o suficiente. - disse Bule.
Então Dora entra em contato com ambos:
-Certo Bule, pode deixar, vocês hava trabalhadores de agora em diante só vão apertar parafusos e trocar fusivéis, podem deixar as missões empolgantes com meus robôs e com os Rivas.
-Nós não somos covardes Dora, só não vemos necessidade da gente morrer se existem outros meios. - disse Bule.
-Calma Bule, está tudo bem, os humanos tem uma coisa que eles chamam senso de humor, não quis ofender, e estamos de acordo, vocês nos ajudaram muito e continuaremos com o nosso bom relacionamento. - disse Dora.
-Eu falo para ela parar de usar esse software de simulação de personalidade humana, mas ela é teimosa. - disse o Quatro Braços.
-Certo, vou voltar ao trabalho. - disse Bule.
-Quatro Braços, eu acho que encontrei uma forma de acabar com aqueles bichos na mata.
-Boa noticia. Como?
-Consegui equipar alguns POCs com sensores magnéticos ultra sensíveis. Temos uma das armas deles e estou programando os equipamentos para procurarem pela assinatura magnética daquelas armas. Em trinta minutos vou começar os testes.
-Bom trabalho Dora. - disse o Quatro Braços.
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Nas trincheiras os reforços trouxeram um pouco de confiança aos refugiados, ver os pequenos blindados se posicionar para defender o perímetro e ver as pequenas aeronaves sobrevoarem a área trouxeram uma sensação de segurança, a qual não era compartilhada por Carlos e pelos demais soldados.
Carlos estava reunido com Aline e Fernanda quando Dora chamou pelo rádio:
-Identificamos diversos alvos, precisamos de mais aeronaves para um ataque aéreo coordenado, precisamos acabar com a ameaça daqueles inimigos na mata.
Aline fez um sinal afirmativo e Carlos disse no rádio:
-Entendido, podem contar com a gente, pode enviar o plano tático para os nossos pilotos.
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Na selva o silêncio era quase que completo, Trux esperava mais uma noite de nevoeiro para poder atacar o inimigo novamente, ele não via outra ação possível dadas as condições, a inferioridade numérica era grande demais. Então ele ouve o som ultrassónico que um dos membros de sua equipe emitiu, o hava/crow estava em cima de uma planta gigante vigiando o céu. A mensagem dizia:
-Muitas aeronaves estão voando ao mesmo tempo sobre esta área, eles estão tramando alguma coisa.
-Todos em alerta! - diz Trux.
Depois de três minutos, o vigia transmite nova mensagem:
-As aeronaves estão mergulhando, é um ataque!
-Atiradores posicionados abram fogo, os demais corram!
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Carlos usa binóculos para ver os diversos tipos de aeronaves lançarem bombas sobre a floresta. Houve alguns disparos vindos da mata, um dos POCs foi atingido e caiu, mas o ataque aparentemente estava sendo bem sucedido, o bombardeio era de precisão. Dora havia dito que as armas dos inimigos eram claramente visíveis pelos sensores magnéticos.
Aline se aproxima e diz:
-Entre em contato com a IA, diga que precisamos de mais reforços, convença ela de alguma forma, precisamos reforçar nossa presença militar neste planeta, isso é fundamental, e tente marcar uma reunião pessoal com o Quatro Braços.
Carlos apenas balançou a cabeça afirmativamente, ele sabia que não iria adiantar tentar argumentar com a sua superior hierárquica, ele sentia que ela não confiava nem um pouco em qualquer veterano de UH. Ele temia que houvesse algum plano secreto em andamento, mas no momento não havia nada que ele pudesse fazer.
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No asteroide de mineração FK 625
A imensa nave de transporte interestelar Eclipse Seis fez seu último salto no hiperespaço e agora usa os motores de empuxo para se posicionar a poucos quilômetros asteroide de mineração FK 625. Em poucos minutos as manobras estarão concluídas.
O tamanho da nave não permitirá a atracagem direta no asteroide, naves menores terão que levar e trazer as cargas e passageiros.
Calixto vem pelo imenso corredor e chega as docas de atracagem os módulos automatizados para passageiros. Aqueles pequenos veículos espaciais autônomos servem apenas para levar pessoas até naves próximas.
Calixto embarca no módulo onde já estava Jordão. Ela diz:
-Por que você me chamou assim de última hora? Do que se trata? Para onde vamos?
-Vamos para a Eclipse Seis, ela acabou de chegar, eu só soube do que se tratava depois que a nave chegou, e do que se trata, bem, isso é mais complicado, melhor a gente conversar em um local mais seguro.
A porta da modulo se lacra hermeticamente. O som das travas da doca de atracagem se soltando ecoa pelo interior da nave. Os pequenos motores de empuxo entram em funcionamento.
A pequena nave manobra e assume o curso para a Eclipse Seis.
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O Deus Tulo
Ficção Científicaesse livro é a continuação direta do livro Planeta UH 9536. A Aventura dos soldados humanos continua, e muitos segredos são finalmente revelados.