No Planeta Mater
Nas trincheiras fazia muito frio, e tudo piorou quando a chuva gelada caiu de madrugada.
Quando a manhã chegou os humanos e os havas saíram para tentar se aquecer ao sol. Apenas os robôs e os Rivas não tremiam de frio.
John havia chegado durante a noite, ele veio nas últimas cápsulas com os reforços. Ele logo encontrou Sarah. Eles ficaram abraçados durante a madrugada tentando se aquecer um ao outro.
Enquanto os outros comiam suas rações ao sol e as crianças se queixavam do desconforto, John e seus colegas snipers Jack e Pool pegaram os fuzis de plasma I-26 e ficaram monitorando os arredores pelos visores das armas.
A área era descampada, havia apenas vegetação rasteira, eles veriam se algum inimigo ousasse se aproximar.
Carlos se aproxima do grupo dos snipers e pergunta:
- E aí pessoal? Tudo certo com vocês? Eu sei que a noite foi uma merda.
John respondeu animadamente:
- Sem problema chefe, estamos acostumados com esse tipo de situação desconfortável. Teve uma missão em que a gente ficou dias na lama a espera de um alvo que no final nem apareceu. Outra foi em um deserto, ficamos respirando poeira por uma semana. É a vida de sniper.
Carlos balançou a cabeça afirmativamente e sorriu. Então John continuou.
- Ei chefe, ouvi falar que você estava se entendendo com a capitã de NCO mais linda da frota, uma loirinha de tirar o fôlego. Verdade?
- É, estava tudo indo bem, a loira era mesmo demais. Mas aí teve a evacuação de Atlas e essa missão, e não sei quando a gente vai conseguir se ver novamente, essa guerra miserável atrapalha tudo. Mas não desisti da loirinha. – responde Carlos com um sorriso malicioso.
- É isso aí chefe, são essas coisas que fazem a vida valer a pena.
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O cheiro era estranho, mas não era desagradável. Tikse estava acordando, e lentamente ela vai se lembrando, que ela não está em seu quarto na nave transporte, não está com seus pais, eles morreram, quase todo mundo morreu.
Todas as memórias traumáticas a atingem de uma vez. Ela não quer abrir os olhos, ela achava que teria sido melhor ter morrido também.
Mas então ela se lembra de Tulo. Ela ainda não entendia o que estava ocorrendo, seria mesmo Tulo? Então ela abre os olhos, a curiosidade foi maior que o medo. Ela vê o teto da caverna. Então vira a cabeça e o vê.
Tulo estava sentado em bloco de material branco, e mexia com uma concha em uma panela que estava sobre um fogão elétrico.
Ela agora entende de onde vinha o cheiro, parecia algum tipo de carne cozinhando.
Tikse ainda estava sentindo todo o estranhamento da situação. Aquele ser tinha a aparência de Tulo, deveria ser um Deus todo poderoso, mas não parecia ser um Deus, parecia ser uma criatura comum, estava até cozinhando uma refeição. Não fazia sentido na cabeça dela.
Ela estava confusa, então Tulo se virou e olhou para ela. Ele não tinha nenhuma expressão facial. Tikse ficou receosa, porém Tulo voltou a cuidar do seu cozido.
Então Tulo se levanta, ele vai até uma prateleira fixada na parede de pedra. Ele pega algumas coisas, e vai até onde Tikse estava deitada, enrolada em cobertores sobre um colchonete inflável.
Ele deixa alguns objetos perto dos pés de Tikse e volta para o fogão.
Tikse vê que entre as coisas deixadas por Tulo estão roupas iguais as suas, porém limpas e dobradas, então ela percebe que está sem roupa debaixo dos cobertores, e que as roupas dobradas na verdade são as suas.
Tulo pega uma vasilha, enche ela de ensopado, e sai com ela da caverna deixando Tikse sozinha.
Tikse se desenrola dos cobertores, e com muita dificuldade fica de pé e se veste. Ela se sente péssima e se senta no colchonete. Ela encontra água e rações Stall. Ela come um pacote completo de ração militar Stall, apesar de não gostar daquele tipo de comida. Ela percebe que uns aparelhos perto da parede são aquecedores e se aproxima deles.
E então ela percebe um aparelho eletrônico, o qual possui uma tela sensível ao toque. Tulo havia deixado aquilo também. Quando ela pegou o dispositivo a tela dele se ascende.
Na tela aparece uma imagem, era um desenho simples de uma menina stall tocando na tela de um aparelho igual ao que ela segurava.
Ela tocou na tela e um teclado virtual do alfabeto Stall, formado por quarenta e sete letras, surgiu na parte inferior do display. Na parte de superior surgiu o desenho de uma menina Stall.
Ela percebe que o desenho da menina possuía os mesmos traços faciais do rosto dela, e percebe que aquilo era uma representação dela própria.
Uma caixa de entrada de texto aparece do lado do desenho, ela entende que deve escrever seu nome e digita as letras que formam a palavra Tikse na língua Stall.
O desenho muda, agora é uma imagem de Tulo, e ela digita o nome dele. Dezenas e dezenas de desenhos aparecem na tela, planetas, luas, asteroides, naves Stall, soldados Stalls. E ela vai digitando os respectivos nomes.
Então apareceu um desenho de um humano. Tikse sente seu estômago se revirar ao ver aquela imagem, e coloca o aparelho sobre o colchonete. Ela olha para a entrada da caverna enquanto é dominada pela tristeza.
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Na floresta Trux vê o animal quadrúpede a cerca de vinte metros. O bicho não o tinha visto, o crow/hava estava totalmente imóvel. Seu corpo não emitia nenhum odor ou ruído.
Trux usa seu poderoso braço inferior direito para lançar uma de suas facas. A arma branca de vinte centímetros atingiu o pescoço do animal, o qual caiu no solo da floresta.
Ele usa a faca para retaliar a carcaça do animal. Trux come um pedaço da carne e aprecia o sabor adocicado.
Depois de comer Trux consulta seu computador portátil. Ele percebe que em cerca de trinta horas as cápsulas com as peças do teletransportador e com dois crows irão chegar.
Ele precisa se preparar, ele pretende fazer com que as bombas de antimatéria nas cápsulas detonem. Ele não pode permitir que mais tecnologia de teletransporte caia nas mãos dos inimigos, e pretendia fazer com que alguns dos traidores também fossem explodidos com as cápsulas.
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O Quatro Braços está sentado em uma grande pedra. Ele come a carne cozida do animal que os havas haviam caçado durante a noite. Em seus estudos sobre os humanos ele encontrou descrições sobre a culinária deles.
Ele ficou curioso sobre as diversas formas deles de preparar a carne para comer, e resolveu tentar algumas delas. Ele achou o resultado bom, a adição cloreto de sódio mudava o sabor de forma muito significativa.
Ele olha o horizonte enquanto se comunica com Dora.
- E então Dora como vai o nosso novo prisioneiro?
- Inconsciente e bem amarrado. Ele é mais forte que você. Se eu tivesse que ser biológica eu escolheria a espécie dele.
- Duvido que ele seja tão inteligente quanto um crow de verdade. Com a metade hava ele provavelmente vai ter a inteligência de um humano médio. – disse o Quatro Braços.
- Mesmo assim vai ser difícil pegar esses infelizes.
- Sim, e a nossa pequena convidada?
- Já aprendemos algumas palavras da língua escrita Stall, aí eu fiz a bobagem de mostrar a imagem de um humano e ela parou de usar o dispositivo.
- Vamos ter paciência, ela vai ajudar muito ainda. E eu gostei muito dos seus desenhos, você tem talento. – disse o Quatro Braços.
- Obrigada, os humanos acham que só eles tem sensibilidade artística, aqueles primatas convencidos. Eu ainda vou fazer eles reverem muitos de seus conceitos.
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O Deus Tulo
Ciencia Ficciónesse livro é a continuação direta do livro Planeta UH 9536. A Aventura dos soldados humanos continua, e muitos segredos são finalmente revelados.