Na nave Stall avariada
O momento estava chegando. Calixto estava em uma câmara próxima ao local onde talvez existissem Stalls adormecidos.
Os soldados entrariam primeiro, eles iriam verificar se havia algum Stall consciente. Havia a possibilidade de algum deles ter conseguido pegar uma máscara de gás ou traje espacial antes do gás fazer efeito, e ter ficado lá esperando com um rifle de plasma.
O pequeno grupo de seis soldados era liderado por Miguel. Eles eram os melhores do time de abordagem da Solar Oito.
Os compartimentos em volta da câmara onde o injetor havia sido utilizado tinham sido pressurizados.
Os soldados tiraram os trajes espaciais para ter mais liberdade de movimento, porém utilizariam máscaras de oxigênio, uma vez que o gás também fazia efeito em humanos.
Os dois soldados da frente iriam usar armas de choque, e os demais usariam submetralhadoras capazes de disparar dezenas de tiros em poucos segundos.
A decisão de não usar armas de plasma havia sido criticada por alguns tripulantes, porém Miguel conseguiu convence-los mostrando vídeos de treinamentos táticos, os quais mostravam que o tempo de reação das velhas armas de fogo era bem melhor.
Era só pressionar o gatilho é uma rajada de balas varreria a sala. As armas de plasma eram insuperáveis em distância superiores a cinquenta metros, porém ainda não se havia conseguido fazer armas de plasma portáteis capazes de disparar rajadas. Isso era restrito as armas médias e grandes, usadas em veículos e torretas.
Na missão atual a câmara em que entrariam tinha menos de trinta e sete metros de cumprimento, quase dezoito metros de largura e dois metros de altura. Era ideal para o uso das submetralhadoras.
Miguel e seus soldados se posicionaram, ele perguntou se os seus homens estavam prontos. Eles responderam afirmativamente. Então ele diz:
- Pode abrir!
A porta quadrada de um metro e meio de lado se abre. Eles se surpreendem com a grande quantidade de pequenas gotículas esféricas de sangue Stall que flutuam pela câmara, limitando a visibilidade a menos dois metros.
O soldado chamado Martin, um dos pouquíssimos humanos que ainda seguia a religião cristã diz:
- Meu Deus, é sangue demais, o que pode ter acontecido aí dentro.
Carlos fala para o pessoal de apoio:- Tragam os equipamentos de visão térmica.
Em menos de um minuto os equipamentos são entregues e os soldados os colocam. Depois de todos prontos Miguel diz:
- Vamos entrar em 3, 2, 1 agora!
Os soldados entram apontando as armas e cautelosamente avançam. As gotículas sanguíneas não permitiriam ver além de poucos metros a frente, porém a visão térmica atravessa a cortina de sangue e permite a visão de todo o ambiente, entretanto a visão é formada pelo calor dos objetos e não se pode perceber os detalhes, apenas os contornos iluminados.
Miguel vê quinze corpos, oito deles estavam escuros, indicando que a temperatura deles estava baixa e que eles estavam mortos. Outros sete corpos estavam claros mostrando que estariam vivos, e eles não se moviam dando a entender que deviam estar adormecidos.
Um fato perturbou Miguel, apenas três dos indivíduos vivos tinham o tamanho normal, os demais vivos e mortos eram pequenos.
Martin diz:- Meu Deus! são quase todos crianças! Os adultos estavam matando eles! Isso deve ser a creche da nave! Meu Deus!
- Certo pessoal, vamos seguir o plano. Fiquem atentos. Equipe dois entre!
Outros seis soldados entraram, dois deles também com submetralhadoras e quatro com diversas fitas plásticas para amarrar cargas.
Eles também tinham equipamentos de visão térmica e primeiro amarraram as mãos e pés dos Stall vivos, depois por cautela também imobilizaram os mortos.
Pelo rádio o coordenador dos médicos e biólogos diz:- Estamos prontos, podem trazer os vivos.
Os soldados seguraram os Stalls pelas roupas e foram puxando eles para fora da câmara. Eles foram levados para uma enfermaria improvisada onde foram presos a macas e receberam os primeiros atendimentos.
Foram usados aspiradores portáteis para retirar as gotículas de sangue do ar e o sistema de ventilação foi acionado para retirar o resto de gás sonífero do local.
Depois de alguns minutos os humanos puderam retirar as máscaras e Miguel examina os corpos das oito crianças.
Todas tiveram suas gargantas cortadas. Miguel pensa que elas não conseguiriam fazer aquilo com elas mesmas. Os adultos os estavam executando. Se eles tivessem mais alguns minutos teriam matado todas as crianças e depois se matado.
Um soldado que está próximo começa a vomitar enchendo o ar de detritos flutuantes.
Então Miguel foi para a improvisada enfermaria. Ele viu que na primeira maca estava uma menina Stall, se fosse humana teria uns nove anos de idade. A médica que a atendia disse:
- Essa coitada escapou por pouco, vê esse curativo que fizemos no pescoço dela, já tinham começado a cortar a garganta, se o injetor fosse usado uns segundos mais tarde ela já era. Felizmente eles tem muita cartilagem no pescoço, o corte foi superficial. Mas ela sangrou por horas e está fraca, mas eu vou cuidar dela, ela é só uma criança.
Miguel percebeu que a médica tinha os olhos úmidos e se esforçava para controlar as emoções.
Em outra maca estava uma fêmea adulta, Miguel achou que devia ser uma das babás ou algo parecido.
Martin se aproxima, o Cristão, como era apelidado pelos colegas, diz:
- Ei chefe, veja o que achamos na câmara.
Nas mãos de Martin estavam três pequenas facas curvas, elas tinham cabos de polímeros de alta resistência, e as lâminas eram extremamente afiadas. Miguel pega uma delas e diz:
- Essas coisas parecem ter sido feitas especialmente para se cortar gargantas de crianças.
Calixto entra na enfermaria, depois dela examinar os prisioneiros adormecidos, os corpos, e o ambiente ela diz para Miguel:
- Bom trabalho. Conseguimos muito hoje. É um dia histórico.
- Na verdade não fizemos quase nada. O pessoal que veio resgatar a tripulação da NCO é que conseguiu virar o jogo. E o que vai ser dessas crianças agora? Para elas nós somos a raça alienígena inimiga. Quando elas acordarem vão estar em um louco e terrível pesadelo. Será que temos direito de ficar com elas? Não devíamos encontrar um jeito de devolvê-las? - disse Miguel.
- Os Stalls provavelmente vão achar que é algum tipo de truque e vão mata-las. Agora elas só tem a nós. - disse Calixto.
-Eu não gostaria de estar no lugar delas. - disse Miguel.
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O Deus Tulo
Science Fictionesse livro é a continuação direta do livro Planeta UH 9536. A Aventura dos soldados humanos continua, e muitos segredos são finalmente revelados.