Capítulo 12 - Improvável

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No Asteroide FK 625

Próximo a superfície do asteróide as naves esferas e os soldados em trajes espaciais táticos voam em ziguezague, as manobras servem para diminuir a chance deles serem atingidos. Nuvens de poeira são formadas pelos impactos dos disparos contra a superfície do pequeno corpo celeste.

No rádio uma transmissão em canal aberto se inicia:

- Aqui é a comandante Brenda da NCO 4576, estamos a caminho em velocidade máxima. Em vinte minutos chegaremos a sua posição, aguentem firme. Outras naves também estão a caminho.

A nave Stall aparece por pouco mais de dois segundos. Ela atira de cerca de doze quilômetros de distância, e volta a se camuflar.

As armas das naves esferas não tem todo esse alcance, e elas já pararam de tentar mirar no inimigo, e se concentram em tentar fugir para o outro lado da asteroide.

Carlos pensa consigo mesmo que possivelmente a transmissão de Brenda, a qual ocorreu em um canal aberto e sem codificação, tinha a intenção de fazer a nave Stall fugir. Ainda mais que a parte das outras naves era mentira, ele sabe que não há outras NCO na região.

Os Stall conseguem atingir mais uma nave esfera. Os computadores de tiro deles analisaram o padrão de voo do piloto humano, e previram quatro possíveis pontos onde a nave dele iria estar, antecipando as manobras evasivas que ele iria fazer. Os quatro canhões de plasma atiraram, um em cada possível localização, e um deles acertou o alvo.

A nave atingida foi a de Vladimir. Outro piloto de nave esfera, chamado Jorge diz:

- Vamos pessoal, não desistam, estamos quase na borda. E não voem fazendo nenhum padrão.


As naves esferas, passaram em voar de forma mais aleatória. E conseguiram chegar a borda do asteroide e sair do ângulo de tiro da nave Stall. Os canhões passaram a atirar nos soldados.

Raul estava a trezentos metros da borda, quando um disparo atingiu a superfície cinquenta metros a sua frente.

Uma pedra do tamanho de um tijolo foi lançada para cima pelo impacto do disparo Stall, e atingiu a canela de Raul. Ele sentiu uma dor enlouquecedora. O traje espacial resistiu e não se rasgou, não havia nenhum vazamento, mas a perna dele havia sofrido uma fratura. Ele disse pelo rádio:

- Fui atingido!

Ele lutou contra a dor e abriu os olhos, então constatou que estava girando e iria bater contra a superfície. O propulsor da perna atingida havia sido destruído.

Usando os propulsores dos braços ele consegue parar de girar, e evitar o impacto com a superfície. Ele passa pela borda, e então Lucas o alcança, e o ajuda a manobrar para ir para o outro lado do asteroide.

---x---

Depois de alguns minutos, os soldados e as naves esferas que sobreviveram estão do outro lado do asteroide. Eles acreditam que a nave Stall irá contornar o asteroide e irá atacar novamente. Então eles estão preparados para correr para o lado em que estavam anteriormente. Farão isso quantas vezes forem necessárias.

Lucas e Pablo ajudavam Raul, ele estava com o traje avariado e ferido. Não havia como medica-lo agora, ele teria que aguentar a dor por enquanto. Lucas então falou:

- E se a outra nave Stall voltar? Aí estamos mortos. Duas naves atirando na gente ao mesmo tempo. Não vamos ter chance.

- Fique firme, não entre em pânico, daqui a pouco a NCO chega. - disse Pablo.

Carlos achou que os Stall estavam demorando demais para atacar e disse:

- Pessoal, vou verificar o outro lado, não baixem a guarda.

Carlos começa a contornar a beirada do asteroide. Ele chega ao outro lado e vê as nuvens de poeira que lentamente se assentam na superfície, e alguns destroços das naves esferas.

Repentinamente um forte flash de luz veio de uma posição a alguns quilômetros do asteroide. A nave Stall que imitava uma NCO havia saltado.

Carlos ficou aliviado pelos Stall terem se retirado, porém ele ficou preocupado com as implicações militares que o novo tipo de nave inimiga geraria. Então ele solicitou contato por rádio com a nave de Brenda e disse:

- Comandante Brenda, a nave Stall saltou, ela possui o mesmo desenho de uma NCO padrão. E o desempenho parece ser o mesmo, a camuflagem é muito eficiente, não percebemos as micro falhas das naves triangulares básicas.

- Entendido Carlos, estamos transmitindo essas informações para Atlas. Fiquem atentos, chegamos em cinco minutos.

Carlos ficou olhando para o espaço a procura de inimigos.

A adrenalina estava baixando um pouco. O sentimento de frustração foi tomando conta dele. Não tinham conseguido o objetivo, perderam cinco vidas e muito equipamento. Havia sido um dia de merda.

---x---

Brenda estava na sua ponte de comando e disse para seu piloto, o qual se chamava Felipe:

- Vamos passar a cinco quilômetros do asteroide, não vamos diminuir a velocidade. vamos passar relativamente rápido e depois voltar. Vamos primeiro dar uma boa sondada nas redondezas.

Felipe assentiu e programou o curso. O asteroide foi ficando cada vez maior na tela principal da ponte de comando.

---x---

A NCO havia acabado de passar pelo asteroide, quando a tela ficou toda branca com a forte fonte de luz que apareceu do nada. O alarme de colisão tocou, porém apenas uma fração de segundo antes do impacto.

A ponta ogival da NCO perfurou,  como se fosse uma bala, o casco externo da gigantesca nave de transporte Stall que havia saído do hiperespaço. 

A NCO foi rompendo as paredes internas da nave Stall, destruindo tudo por onde passava. No interior da nave humana os tripulantes não conseguiam se comunicar entre si. O som de metal se esfregando ecoava pelo casco e era ensurdecedor. A trepidação era tão grande que Brenda e seus comandados não conseguiam operar seus terminais.

A velocidade foi diminuindo e a NCO parou, quase chegando ao centro da nave inimiga.

Brenda, assim que conseguiu parar de tremer, enviou o sinal de socorro.

Nina estava com Bel e Luís. Eles estavam na superfície do asteroide observando a nave de transporte Stall. Ela havia saltado para próximo do pequeno corpo celeste há alguns segundos.

Na lateral da nave havia uma perfuração. Havia ar escapando pela abertura, e também saiam diversos objetos e muitos corpos de Stalls. Então o sinal de socorro da NCO foi captado, sendo que posição da nave seria no interior da nave inimiga. Bel disse:

- Isso não é possível naves espaciais não colidem, existem sistemas para evitar isso, e o espaço é muito grande para uma coisa dessas acontecer, é muito improvável.

Nina então disse:

- Estamos guerreando há décadas, um dia iria ocorrer.

Carlos disse no rádio:

- A tripulação da NCO está viva, temos que resgata-los. Vamos para aquela abertura, preparem suas armas.

As amigas Juliana e Sarah se preparam, elas se entreolham através dos vidros dos capacetes. Eles sentem medo, mais nunca iriam deixar de tentar salvar o pessoal da NCO.

O Deus TuloOnde histórias criam vida. Descubra agora