Olá, querido professor.

Capítulo 2

Acordo com meu irmão me chamando como um desesperado.

- O que foi João?

- Perdi meus óculos e agora não consigo achar. - Que merda, esse menino vive perdendo esses óculos.

Meu irmão tem uma forte miopia, sem os óculos ele não enxerga quase nada. Me levanto e me arrasto até o quarto dele, começamos a procurar em todo canto e logo acho os óculos embaixo da cama.

- Tenha mais atenção João, agora vá tomar banho e tomar café pois precisamos sair em trinta minutos. - Falo e volto pro quarto, pego meu celular e vou ver as mensagens que foram enviadas para mim.

Jorge.
Quando sair do colégio me manda uma mensagem, delícia.

Grudento pra cacete esse menino.

Como hoje tenho aula de português decido me arrumar muito bem.

Depois de tomar banho pego meu uniforme muito bem passado no cabide e começo a me vestir. Saia de prega verde, blusa de botão branca com a logo do colégio no bolso e gravata também verde, a gravata eu boto no cabelo como uma tiara.

Faço uma maquiagem nem tão forte mas também nem tão fraca, passo um batom nude e capricho no olho ressaltando meus olhos meio acinzentados. Não passo nenhuma base e deixo as inúmeras sardas que tenho no rosto amostra, não só no rosto eu tenho sardas em quase todas as partes do meu corpo. Eu juro que não sei que doença é essa, mas no rosto eu tenho muitas não são só aquelas no nariz e bochechas é em todo canto até nos lábios, o que me faz ser inesquecível.

Meus pais lacraram na hora de me fazer. Estavam inspirados.

- Vamos logo Antonella, você falou que tínhamos que sair em trinta minutos já se passou uma hora e estamos atrasados. - João Pedro diz, o menino é um pirralho metido. Merece uns cascudos.

- Olha como você fala comigo seu pivete. Pegou algo pra eu comer?

- Toma. - Tranco a porta e entramos no elevador. Dou uma mordida na goiaba que ele havia me dado.

Como meu pai já tinha saído tivemos que pedir um táxi e logo chegamos no colégio, atrasados claro.

- Tchau, qualquer coisa me chama hein. - Digo e dou um beijo na cabeça dele, João sofre bullying dos colegas de turma. Ele tem sérios problemas de visão e um deles deixa seus olhos um pouco pra fora o que faz com que os moleques safados impliquem com ele.

Não vou mentir, quando isso acontece eu baixo o cacete em geral e dane-se, não estou aqui pra ver esses fedelhos implicarem com o meu pinguim de gente.

Antes de entrar na sala dou uma mexida no cabelo e retoco o batom.

- Olá, querido professor. - Digo pro professor de português meu mais novo crush supremo de todos os tempos.

- Bom dia Antonella. Bem atrasada não acha?

- Se acostuma prof, ela chega atrasada sempre. - Hugo diz e eu reviro os olhos.

- Toma conta da sua vida.

- Estava em algum beco do colégio com certeza. - Um outro garoto diz fazendo os amigos darem risadas.

- Estava com o seu pai. - Abro um meio sorriso.

- Ei, vamos parar já com isso. Por favor Antonella sente-se.

Papai, até falando "sente-se" é gostoso. Imagina lá na hora do vamos ver ele falando "venha Antonella, sente-se aqui" meu amor eu sento com prazer.

Fecho os olhos e balanço a cabeça, livrai-me desses pensamentos.

Me sento ao lado do Sam. Isis e Julianne já viram pra trás.