Hoje eu ia visitar minha mãe na clínica onde estava, não fui pro colégio justamente por isso. Ela já está internada há cinco meses e nesse tempo eu só fui até lá visitá-la umas seis vezes, já faziam três meses que não ia lá. Me arrependo? Não! Eu amo minha mãe, mas ela me fazia um grande mal.
Visto uma calça jeans e um moletom do Mickey, hoje o tempo está fechado, frio e chuvoso do jeito que eu gosto. Meu pai queria ir comigo, mas infelizmente não conseguiu pedir dispensa do trabalho. Ele era gerente de uma concessionária e não era sempre que podia sair no meio do expediente.
Pego minha bolsa com dinheiro, celular, documentos e chaves e saio de casa. O táxi já está me esperando.
***
Trinta minutos depois eu chego até a clínica de reabilitação onde minha mãe está, a clínica é bonita e bem cuidada tem um grande jardim e várias atividades pros viciados em álcool se distraírem. Mas tenho a impressão que eles não são bons na segurança, pois na última vez que vim aqui minha mãe tinha bebido e foi por esse motivo que não voltei mais, mas eu deixei ela ciente que não iria voltar tão cedo pois ela não queria ajuda. Porém, ela não para de me ligar e de ligar pro meu pai, essa semana ainda recebi uma ligação da minha avó, ela brigou comigo por eu não está dando apoio a minha mãe em um momento tão difícil. Se eu não estava, ela também não já que nunca veio visitar a filha.
– Boa tarde eu vim visitar a paciente Paola Muniz. – Falo pra menina atrás da bancada e dou minha identidade.
– Claro, pode entrar. Ela está no jardim se não me engano. – Aceno com a cabeça e sigo até o bonito jardim.
De longe a vejo, ela está sentada em um banco de madeira lendo um livro.
Me aproximo bem devagar, está mais gordinha e mais bonita, seus cabelos loiros brilham na luz do sol e sua pele branca revela algumas sardas como as minhas, mas as delas são em número bem menor.
– Oi mãe. – Ela larga o livro e me olha, seus olhos são castanhos. Diferente dos meus que são meio acinzentados.
– Oh meu Deus, você veio. – Ela se levanta e me abraça fortemente, não penso duas vezes em envolver ela em meus braços também. Seu perfume delicioso me traz boas recordações.
– Eu estava com saudades. – Digo ainda em seus braços. Ela se afasta e bota as mãos geladas em meu rosto.
– Eu também, você está tão linda. – Agradeço e nos sentamos no banco.
– Eu fico feliz em ver você desse jeito. Da última vez não tive uma boa impressão. – Falo e ela dá um sorriso envergonhado.
– Me desculpe por aquilo. Mas agora estou livre, acredita que eles deixaram uma garrafa de vinho em meu quarto e eu não senti vontade de beber nenhum gole?
– Como assim?
– É um teste pra ver se estamos bem o suficiente para ganharmos alta e eu passei no teste.
– Uau, que evolução. – Ela dá uma risada que me enche de alegria.
– Sua carinha ficou gravada em minha mente, depois que viu que eu estava bêbada no último dia que veio me visitar. Toda vez que me dava vontade de tomar algo eu pensava em você, e depois que os dias passaram e você não vinha me visitar. Há aquilo me enlouqueceu, eu vi que tinha errado com você mais uma vez, vi que deveria mudar, não só por você mas também por mim, então eu mudei! Mudei e estou muito feliz por isso, daqui a uma semana eu vou ter alta. – Abro a boca e depois dou o maior sorriso, dou um grande abraço nela.
– Que ótimo mãe. Ainda bem que tenho o sangue ruim e abandonei você aqui hein. – Soltamos risadas da situação.
Mas não foi sempre assim, antes de ir morar com o meu pai eu passei por poucas e boas com a bebedeira dela e com os namorados.
Foi tipo que um processo, primeiro ela bebia casualmente, depois semanalmente, diariamente, a cada três horas, depois disso vivia bêbada ela e o namorado. Vi que o negócio estava muito feio quando ela começou a tomar os meus perfumes, sim! Por falta de álcool ela bebia todos, eu chegava em casa e já não tinha nenhum para passar. Então pra isso não acontecer eu pedia dinheiro pro meu pai alegando que eu precisava de algo ele depositava na conta dela já que eu era menor de idade. Aí eu sacava a grana para comprar bebidas pra ela. Fazia errado? Sim! Mas eu não aguentava vê-la bebendo perfume ou me culpando por ela ser do jeito que é. E ainda tinha o namorado que não ajudava em nada, só sabia brigar comigo e me bater.
Onde meu pai estava no meio disso tudo? Pensando que eu era maravilhosamente feliz. Até que um belo dia quando eu fui sair com o Daniel, Sam e Juh, eles viram meu braço roxo, e o Daniel resolveu abrir a boca e foi até a casa do meu pai e contou tudo que estava acontecendo.
E em 1 ano, minha vida virou totalmente de cabeça para baixo. Meu pai entrou na justiça e pediu minha guarda, o Daniel se mudou, meu pai ganhou minha guarda, eu mudei de colégio, minha mãe enlouqueceu praticamente e o namorado dela foi preso, pois meu pai o denunciou por agressão. Foi um momento cansativo e horrível, mas no final tudo deu certo pois eu convenci minha mãe a se internar, e aqui está ela, linda novamente.
– Então, quando você estiver de alta me ligue que venho aqui lhe buscar.
– Pode deixar. – Ficamos mais um tempão conversando sobre várias coisas.
Falei com ela que a Carol estava com um novo namorado. Minha mãe assim como eu, não gostava da irmã do meu pai. Contei também que o Daniel voltou e ela ficou super feliz achando que nós dois poderíamos voltar, mas eu falei que há muito tempo não pego garotos novos como ele, que prefiro os mais velhos, ela ficou de cara com isso e morreu de rir com tamanha honestidade.
Depois disso fui embora.
Marquei com o Sam de irmos ao cinema, então vou pra porta do colégio esperar ele sair.
Eu:
Vai sair normal hoje? Estou te esperando aqui fora!Mando mensagem e minutos depois ele responde.
Viadinho de cristal:
Normal, mas fica me esperando aí falta pouco pra aula terminar.Viadinho de cristal:
O Dani e a Juh vão com a gente.Eu:
Ok.Saio do whatsapp e vou pro Instagram, preciso passar o tempo até a aula acabar.
De longe vejo o Caleb indo até o carro dele e corro para alcançá-lo.
– Olá professor. – Digo e ele para.
– Olá. Por que não veio pra aula?
– Tive imprevistos. Mas então, você vai no aniversário da sua enteada? – Pergunto, me referindo ao aniversário da Úrsula.
– Sim. Por quê?
– Nada, te vejo lá então. – Eu nem ia pra festa, mas agora tenho um incentivo para ir.
– Antonella. – Samuel grita e eu corro até ele. – Conversando com a aposta? Teve algum progresso?
– Você nem imagina!
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Vocês gostariam que eu postasse a foto de algum personagem?
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Olá, querido professor.
RomanceCOPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS (SE POSTAR SEM AUTORIZAÇÃO EM OUTRA PLATAFORMA SERÁ DENUNCIADO(A) POR PLÁGIO) Caleb é um Professor de Português de vinte e sete anos, sempre foi correto, centrado e nunca havia cometido nenhuma infração que pu...