Capítulo 10

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Na segunda-feira chego no colégio sem a menor animação, eu não via a hora disso tudo acabar. Estudar é um saco, ver esses adolescentes chatos também é um saco e ter que lidar com professores chatos também é um saco.

Até eu sou um saco. Me arrasto pelos corredores e escadas do colégio como um zumbi, parece até que estou fazendo teste pro The Walking Dead.

Chego na sala de aula e entro, a professora de matemática já está lá ensinando coisas que nunca vamos usar na vida.

– Vamos Antonella mais animação. – Ela diz.

– Eu gosto muito de você professora, mas quer me ver desanimada é te ver na sala de aula.

– Obrigada pelo elogio. – Ela diz e dá risada, sento perto do Daniel e me largo na mesa. Sam, Juh e Isis faltaram, tenho certeza que eles marcaram algo sem mim. Não é possível!

– Quanta animação.

– Pois é, parece até que fomos pra boate ontem. – Digo e fecho os olhos.

Estou com dor de cabeça e estressada. Sem paciência pra nada, sinal de que brevemente o mar vermelho vai da as caras. O pior dia do mês, e o pior período, eu odeio ter que sangrar todo mês, por isso que eu gostaria de ter nascido homem.

Como estou estressada todos sabem que não é bom falar comigo, então boto meu fone de ouvido, copio a matéria e presto total atenção… ou pelo menos tento.

Quando bate o sinal sinalizando o intervalo eu saio e ao invés de ir para sala do Caleb pra aula extra, eu vou pra quadra e me deito na arquibancada.

Fico ouvindo música por um tempinho até que o Daniel senta ao meu lado.

– Não vai pra aula?

– Nem pensar, estou com dor de cabeça e sem saco pro Caleb. – Ele passa a mão pelo meu cabelo e rosto.

– Vem deita a cabeça no meu colo. – Faço o que ele pediu e em troca recebo um cafuné delicioso, fecho os olhos e viajo com os dedos dele passando pelo meu coro cabeludo.

Daniel continua o mesmo de alguns anos atrás, quando namorávamos era exatamente assim ele sabia como me acalmar e me fazer relaxar, estava sempre me tratando como uma deusa e fazendo de tudo para me agradar.

– Você sabe que eu te amo né? – Ele diz e eu abro os olhos. Dani é lindo, pelo menos agora está. É alto, com o cabelo cacheado jogado na testa e com os olhos castanhos, mas agora não fazia mais o meu tipo.

– Eu sei, também te amo. – Daniel me olha por momento antes de abaixar a cabeça e me beijar.

Boto minha mão em seu cabelo e retribuo o beijo, acho que não faz mal dá pelo menos um beijinho, já faz tanto tempo acho que tenho o direito de matar a saudade. Estávamos tão concentrados no beijo que só nos afastamos quando eu senti a presença de alguém. Olho pro lado e vejo o Caleb parado.

– Você deveria estar na minha sala.

– Sério? Tinha esquecido. – Digo sarcástica.

– Vamos Antonella. – Respiro fundo e me levanto, dou um beijo na testa do Daniel e sigo o Caleb até sua sala.

Ele entra e fecha a porta, eu me sento na cadeira de sempre.

– Por que você não apareceu? Você sabe que hoje tem aula extra.

– Eu não quis, estou sem paciência para estudar o que eu já sei. Por que não assina logo essa porcaria e me deixa em paz? – Digo sem me alterar, mas na verdade eu queria era estar fazendo um escândalo.

Sem paciência até pra fazer brincadeiras de duplo sentido ou me jogar pra ele. Porra se ele não quer nada comigo por qual motivo continua me prendendo nessa merda de aula?

– Afinal quantos namorados você tem? – Ele se senta na mesa de frente para mim.

– Na verdade nenhum, por quê?

– O cara da outra noite não era seu namorado? – nego com a cabeça. – Então você costuma levar os seus não namorados pra casa?

Foda-se estou de saco cheio dele.

– Eu levo quem eu quiser pra casa, sou jovem, solteira e livre. E me desculpe professor eu não lhe devo satisfação. – Ele tira os óculos de grau e bota sobre a mesa.

– Você merecia uns tapas por está falando assim comigo.

– Nossa, temos um Christian Grey aqui? – Pergunto sarcasticamente.

– Não, na verdade não curto sadomasoquismo. Mas seu atrevimento me faz ter vontade de te dar umas palmadas. – Uau, já estou molhada.

Esse homem me deixa confusa e excitada e isso me irrita ainda mais. Mas se ele quer jogar, então vamos lá. Seguro na mesa e puxo fazendo a cadeira andar e eu ficar posicionada entre as pernas dele, eu poderia muito bem fazer um boquete nele de onde estou, é a posição perfeita não ia nem ficar cansada. Passo as mãos pelas coxas grossas e duras dele e abro um sorriso.

– Eu iria gostar das palmadas. Mas estou aqui para estudar. – Me afasto dele e levanto uma sobrancelha.

Agora é minha vez de ser difícil.

– Faça uma redação, tema livre. – Ele diz e se levanta, ajeita as calças e senta na cadeira dele. Parece que não foi só eu que fiquei excitada.

A fim de provocar um pouquinho eu pego um lápis e prendo meu cabelo, Caleb segue com os olhos meus movimentos. Cruzo as pernas e faço questão de ficar bem na reta dele, sei que minha calcinha vermelha está dando “Olá” para ele.

Quando o sinal bate eu largo a caneta e o caderno, escrevi poucas palavras mas como o tempo acabou está na hora de ir.

– Que pena, nem terminei. – Deixo as coisas em cima da mesa e me preparo para sair.

Quando vou abrir a porta, o Caleb bota a mão fazendo ela se fechar. Ele passa a chave e volta a se sentar na mesa.

– Você está namorando aquele garoto da quadra… o Daniel? – Continuo parada encostada na porta e com os braços cruzados.

– Também não, eu falei que não tenho namorado. É bom ficar solteira e pegar quem quiser. Mas com o Daniel foi só aquele beijo, ele não faz mais o meu tipo. Eu prefiro os mais velhos.

– Eu também prefiro as mais velhas. – Logo lembro que a Carol é mais velha que ele.

– Por isso está com uma anciã né? – Abro um sorriso amarelo.

– É que elas são mais experientes e melhores de se relacionar.

– É porque você nunca pegou a novinha certa. – Ele dá risada e passa a mão pela barba baixa.

– Você tem sempre uma resposta na ponta da língua?

– Com certeza. Agora poderia abrir a porta? Estou perdendo aula! – Ele segura a chave pelo chaveiro sinalizando para eu ir pegar.

Pego a chave mas ele segura minha mão.

– Quarta-feira, não se atrase de novo.

– Não vai mesmo acabar com isso?

– Nem pensar, eu gosto do seu atrevimento.

– Você iria gostar ainda mais entre quatro paredes. – Abro a porta e jogo a chave pra ele. Logo depois saio dando risada da cara que ele ficou.

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Esse é comemoração pelo 1k de leituras. E por hoje ser meu aniversário, quero felicitações hein.

04/12 (melhor dia do anoooo)
Parabéns pra mim. 👏👏 E obrigada por tudo, vocês são os melhores.

Olá, querido professor.Onde histórias criam vida. Descubra agora