No primeiro tempo de aula quem entra é a professora Antônia de português, era pra ser o Caleb no lugar dela. Franzo o cenho e espero alguma explicação da parte dela.
– Bom dia alunos, de agora em diante eu vou com vocês até o final do ano letivo. Mas vamos continuar no mesmo ritmo que o professor Caleb, ele estava com a matéria bem adiantada. – Merda, já sei o que aconteceu. Ela não precisa nem dizer que ele foi afastado por motivos desconhecidos.
Pego meu celular em cima da mesa e saio de sala, vou pra longe das salas de aula e dos corredores. Ligo pro Caleb que atende no terceiro toque.
– Oi coisa linda.
– Jonas te demitiu?
– Sim, mas não se preocupe. – Droga! Culpa minha, tinha eu que ser tão egoísta? Sabia que meu pai e a naja da Caroline iriam conseguir isso.
– Como não me preocupar? Você foi demitido por minha causa.
– Ele me demitiu pelas acusações, disse que mesmo sendo boatos eu deveria ser afastado... então, automaticamente não foi por sua causa. – Ele está tentando amenizar as coisas pra acabar com minha angústia, que fofinho.
Mas mesmo assim me sinto culpada, ele estudou pra isso e lutou pra ser professor é o que sempre quis, pra no final terminar assim? Isso não é justo, ele merece continuar fazendo o que gosta.
– Você vem pra minha casa quando sair? Preciso conversar com você. – E é aí que ele termina nosso namoro. Já vou logo preparada pra fazer a fina quando ele disser “acho melhor terminar”. Vou fazer a minha melhor cara de “eu também acho, quero dar para outros”. Só assim eu saio por cima.
– Ok. – Digo e ficamos em silêncio.
– Você sabe que não vou terminar, certo? – Começo a me desmontar e volto a ficar mole novamente.
– Pensei que fosse.
– Claro que não, agora vai pra aula. – Me despeço e volto correndo pra aula, que passou a não ser mais prazerosa.
Agora o que temos pra apreciar é uma professora sem bunda, e bigoduda mas que em compensação é bem legal. Mas eu preferia o professor antigo.
Depois de mais dois tempos de português e um de história da arte nós somos liberados pro intervalo. Intervalo esse que não tem comida grátis, tudo tem que pagar sei que nos colégios públicos tem comida e que é bem gostosa. Então qual é a vantagem de pagar um colégio caro que nem comida da? Eu preferia estudar gratuitamente e comer a comida das titias.
– Aqui podia ter comida grátis. – Comento com o Hugo que está com um dos braços em meu pescoço, Samuel e Ísis foram ao banheiro.
– É mesmo, quando eu estudava no público era sempre o primeiro a chegar na fila da comida, as tias já me conheciam. – Dou a maior gargalhada, eu ia ser a primeira juntinho com ele.
– Vou jogar um futebol, fica aí torcendo por mim. – Hugo diz e vai pro campo, e eu vou pra quadra.
– Antonella você não sabe quem está grávidaaaa. – Samuel vem correndo pela quadra do colégio e se joga ao meu lado.
Ele e suas fofocas.
– Diga.
– Adivinha. – Sacooooo!
– Ísis? – ele nega com a cabeça – Julianne?
– Não.
– Diana do primeiro ano? – Nega com a cabeça novamente. – Já seiii, teu cu vai ter um belo bebê cocô.
– Nojenta, a Valesca que está grávida. – Abro a boca embasbacada.
– Isso quer dizer…?
– Que o Dan é papai. – Chocada estou, nunca imaginei. Daniel pai, então o relacionamento era sério mesmo.
– Como você ficou sabendo?
– O colégio todo sabe. – Eu não sabia, tinha nem ideia. Valesca não vem pra aula já faz uma semana, nunca que ia adivinhar e sem contar que quando ela vinha ninguém notava barriga.
– Cês não sabem quem está grávida. – Ísis diz vindo correndo.
– Notícia velha, próximo… – digo e ela murcha na hora – Acha mesmo que Samuel iria perder essa?
Eles dão risada, Samuel não perdia uma fofoca era sempre o primeiro a correr pra dar as notícias. Ficávamos sempre informadas.
Ficamos conversando mais um tempão, até que o sinal toca.
– Vou ao banheiro, podem ir na frente. – Digo e sigo pro banheiro, mas antes de chegar ouço passos no corredor e Daniel derrapa pelo chão até parar ao meu lado.
– Precisamos falar. – Ele diz e sai me puxando pelo braço.
Entra em uma sala vazia e fecha a porta.
– Eu não quero ser pai, meu pai me mata. Eu nem trabalho pra sustentar um filho.
– E o que eu tenho com isso, pelo que eu sei o filho não é meu. – Ele para e me olha perplexo, ué quer o quê? Ele tem que falar com a mãe da criança e não comigo.
– O que eu faço?
– Assume. – Respondo na lata.
– Não posso e outra, a culpada é ela, sempre me dizia que tomava remédio e… – Agora eu entro no bagulho e dou um choque de realidade nele.
– Em primeiro lugar, os remédios podem falhar. Segundo, você podia muito bem perguntar se ela tomou o remédio. Terceiro, não usou camisinha porque não quis, agora não vem por a culpa somente nela pois a menina não fez o filho com o dedo. – Mais uma de suas caras surpresas.
– Desde quando você defende ela?
– Desde que você virou um machista de merda, que fala coisas sem pensar e culpa pessoas que não deve sendo que você tem a mesma parcela de culpa. Assume as suas merdas e não se faça de moleque covarde, uma coisa tenho que dizer covarde é algo que você nunca foi. – Dito isso saio da sala e bato a porta.
Acho que meu discurso de garota madura vai dá uma sacudida nos cornos dele.
Odeio pessoas que fogem de suas responsabilidades e que botam a culpa que tem em cima de uma só pessoa. Vá se foder!
Assim que cruzo o corredor, vejo João andando ao lado do Gregório.
– João. – Grito e ele me olha, e logo depois corre pra me abraçar. Tem uns quatro dias que não nos vemos.
– Irmã estava com saudades.
– Eu também pinguim de gente. – Vejo o Gregório começar a quicar.
– Anda logo João, minha mãe já está esperando.
– Mande ela esperar mais. – Retruco e ele fecha a cara, acha mesmo que tenho medo de cara feia?
– Irmã quando você vai voltar pra casa?
– Agora moro com minha mãe e meus avós, é melhor assim. – Ele se aproxima do meu ouvido.
– O pai do Gregório está morando na casa deles de novo, a madrinha voltou a namorar com ele e agora estão morando juntos de novo. – João parece até irmão de Samuel, não perde uma informação.
– Pois que eles sejam felizes. – Abro um sorriso, só assim aquela peste me deixa em paz.
– Anda João!
– Tchau irmã. – João diz e me dá um beijo na bochecha.
– Olha só, trate ele bem ou você vai se ver comigo seu porco espinho falsificado. – Grito pro otário ouvir minha ameaça.
E antes de sair de vista o João levanta o mindinho e abre o maior sorriso, e eu faço o mesmo.
Droga, amo tanto esse pinguim de criança. É ruim ficar longe dele
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Olá, querido professor.
RomanceCOPYRIGHT TODOS OS DIREITOS RESERVADOS (SE POSTAR SEM AUTORIZAÇÃO EM OUTRA PLATAFORMA SERÁ DENUNCIADO(A) POR PLÁGIO) Caleb é um Professor de Português de vinte e sete anos, sempre foi correto, centrado e nunca havia cometido nenhuma infração que pu...